Em 2019 foram registrados 17 mil casos a mais de câncer de pele do que em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19. Longe de ser um bom indicador, esses dados preocupam especialistas. A falta de diagnóstico significa que milhares de pacientes irão iniciar seus tratamentos com atraso.
Nos seis primeiros meses de 2021, de janeiro a julho, os registros de casos da doença voltaram a subir, mas ainda não atingiram o volume dos anos pré-pandemia.
Os números foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) neste mês, no início da campanha Dezembro Laranja (veja o vídeo de divulgação).
O Dezembro Laranja tem a intenção de alertar a população para o risco do câncer de pele, principalmente nos meses de verão, que se iniciam agora.
Através da campanha, a SBD estimula hábitos saudáveis, como o uso de protetor solar, e tenta conscientizar as pessoas sobre os sintomas e diagnósticos da doença.
Subnotificações
Especialistas avaliam que a redução do número de casos está relacionada com a pandemia da covid-19. Isso porque milhares de pessoas podem ter cancelado ou adiado seus exames por medo da contaminação pelo vírus.
Além disso, a sobrecarga no sistema de saúde nacional provocada pelo coronavírus fez muitos hospitais reorientarem suas agendas e limitarem o atendimento.
De acordo com os dados publicados, em 2020 foram 52 mil casos detectados, número quase 25% menor do que os valores totais de 2019 (69 mil).
Os piores índices foram observados em abril e maio do ano passado, logo após o decreto de calamidade pública no país, quando houve quedas superiores a 50% em comparação com os mesmos meses em 2019.
“É preciso fazer tudo para deixar o coronavírus bem longe, mas não devemos esquecer que além dele é preciso cuidar de outros aspectos de nossa saúde, como a prevenção ao câncer de pele”, publicou a SBD.
A campanha Dezembro Laranja tem foco na prevenção e conscientização sobre o câncer de pele Fonte: Shutterstock
A redução do número de diagnósticos foi maior entre pessoas com mais de 60 anos, com déficit de mais de 11 mil casos. Por estado, o Piauí, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul tiveram as maiores reduções do número de diagnósticos, todos acima de 40%.
Já estados como Amazonas, Rondônia e Sergipe apresentaram um aumento dos diagnósticos, na contramão da tendência do país.
A SBD, entretanto, alerta que os números não refletem a realidade do câncer de pele no Brasil, principalmente por conta dos problemas de atualização das bases de dados existentes. Por isso a entidade fala da existência de um quadro de subnotificação.
Câncer de pele no Brasil
Pelo menos 205 mil brasileiros receberam diagnóstico de câncer de pele nos últimos oito anos. Desde 2008, calcula-se que quase 50 mil pessoas já tenham falecido em decorrência do câncer de pele.
A SBD alerta que muitos casos têm cura, se forem detectados cedo. Existem dois principais tipos de câncer de pele. O mais frequente entre eles pode ser tratado com uma cirurgia no próprio consultório do dermatologista, se for diagnosticado no início, e tem 90% de chances de cura.
Já o melanoma, mais grave, representa apenas 3% de todos os casos de câncer de pele. Esse sim tem maiores chances de se disseminar por outros órgãos e causar maiores complicações.
Source link