Com o agravamento global da escassez de semicondutores, muitas montadoras de veículos estão sendo obrigadas a se reinventar e adotar soluções criativas para se manterem ativas no mercado. A afirmação é da agência Reuters, que publicou nesta sexta-feira (26) algumas dessas “sacadas”, como comprar os chips diretamente dos fabricantes, reconfigurar os carros e até mesmo produzi-los com peças faltando.
Sem esses componentes essenciais, milhões de veículos deixam de ser produzidos, o que tem levado algumas indústrias automobilísticas, como as alemãs Daimler e Volkswagen, a repensar suas próprias estratégias de produção. O gerente de compras da primeira, Markus Schäfer, disse que, em vez de comprar a tecnologia industrial de fornecedores como a Bosch e a Continental, a Mercedes-Benz estabeleceu uma linha direta com os produtores de “wafers” de Taiwan.
Para Ondrej Burkacky, sócio sênior da consultoria americana McKinsey, entrevistado pela Reuters, é uma “falácia” essa história de achar que existem apenas dois fornecedores, pois, na verdade, “ambos tinham os chips feitos na mesma fundição”. O chefe da Volkswagen, Herbert Diess, também reconhece “parcerias estratégicas feitas pela empresa, diretamente com fabricantes asiáticos.
Tentativa e erro
Fonte: BMW/YouTube/ReproduçãoFonte: BMW
Enquanto os compradores se desdobram para encontrar caminhos alternativos, no “chão da fábrica” alguns desenvolvedores fazem a sua parte para ajudar as chefias. A diretora financeira da unidade de caminhões Traton da Volkswagen, Annette Danielski, disse que a empresa está “abrindo espaço nas placas-mães dos sistemas de controle”, para “usar menos semicondutores e obter a mesma funcionalidade”.
A BMW inventou uma nova modalidade de estocar veículos, chamada “tapa buracos”, que consiste em fabricar o carro quase inteiro e deixar uma parte faltando. Aquele elemento será colocado assim que a empresa conseguir o componente faltante.
Como estas estratégicas são feitas na base da tentativa e erro, ainda não é possível saber qual delas está funcionando, ou não. Para o consultor Burkacky, “a conta será apresentada em meados ou no final de 2022, quando você poderá ver quem saiu bem da crise e quem não se saiu tão bem”.
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