Demorou, mas o Moto G8 finalmente chegou ao mercado brasileiro. O celular-base da principal linha da Motorola trouxe mais câmeras em comparação à geração anterior, mas em contrapartida perdeu na qualidade de tela, que é apenas HD+. Ainda assim, ele traz algumas adições curiosas.
O celular que carrega o nome da família de smartphones de maior sucesso da Motorola fez bonito? Eu o testei por suas semanas e conto o que achei a seguir.
Design
A construção do Moto G8 é bem sólida, com linhas curvas e uma traseira reta, sem curvas ou barrigas. O “calombo” das câmeras deu adeus, com os sensores ficando acomodados no canto superior esquerdo, em um design de pílula com exceção do Ultrawide, separado das demais.
O corpo, feito em plástico glossy é bem chamativo, mesmo na cor branca; a outra opção em azul mostra que a Motorola está ao máximo evitando cores batidas, como o preto. O logotipo da Motorola, no centro superior da traseira é também o leitor de impressões digitais.
Claro, por estarmos falando de plástico, a traseira não é imune a riscos, mas a Motorola tem sido generosa e envia uma capinha de silicone, gesto que ela tem repetido com frequência e que é muito bem-vindo.
O slot para os cartões SIM e cartão de memória seguem o padrão híbrido: você pode usar dois números de celular simultaneamente, ou apenas um e expandir a memória interna; os dois cenários ao mesmo tempo, não.
Tela e som
A primeira bola fora do Moto G8 está na tela: seu antecessor direto, o Moto G7 trazia um display de 6,2 polegadas com resolução de 2.270 x 1.080 pixels, mas aqui, sabe-se lá por que a Motorola decidiu fazer um downgrade.
O novo celular traz uma tela LCD IPS maior, com 6,4″ mas com menor resolução, de apenas 1.560 x 720 pixels. Isso derrubou a densidade de pixels por polegada de 405 para meros 269 ppi.
A definição de cores é boa, o que se espera de um LCD, mas o ajuste do brilho automático é um tanto lerdo. A menor resolução não atrapalha no dia a dia, mas não faz sentido essa economia, sendo que o Moto G8 deveria em tese se distanciar do Moto G8 Play.
O notch, em forma de furo no canto inferior direito é discreto, e mesmo que fique no caminho na reprodução de vídeos e jogos, ainda é melhor do que a “franja” dos iPhones ou o design em forma de gota, que a Motorola adotou no Moto G7. Claro, a experiência de tela do Motorola One Hyper é bem melhor, mas são categorias muito diferentes.
O alto-falante, localizado na parte inferior é único, com bom volume e com tendência a distorções, mas nada que não fosse esperado, por não ser estéreo. Para uma melhor performance, use fones de ouvido.
Software
O Android 10 chega com as customizações típicas da Motorola, como o Moto Ações, que traz uma série de gestos conhecidos dos consumidores, como as sacudidas para ativar a câmera (agora é possível configurar qual ativar, se a traseira ou a selfie), e as notificações do Moto Tela.
A interface segue o design quase puro já característico, assim, quem vem de outros celulares Moto G se sentirá em casa.
A grande novidade é o Moto Gametime, uma função que reconhece quando um jogo está rodando e desativa notificações, bloqueia chamadas e oferece um painel com atalhos personalizáveis. Seria um gimmick interessante, se não fosse um detalhe…
Hardware, desempenho e autonomia
Processador octa-core Snapdragon 665, com clock de até 2 GHz, 4 GB de RAM e 64 GB de espaço interno. Esse kit em tese daria conta de apps em multitarefa e jogos razoavelmente consumidores de recursos, mas a performance geral do Moto G8 é… estranha.
O conjunto é o mesmo presente no Moto G8 Plus, e ele deveria dar conta de situações de uso normais para consumidores intermediários, mas o aparelho teve problemas para migrar entre apps, apresentou lentidão em jogos como Azur Lane e Pokémon GO, enquanto Asphalt 9: Legends deu “crash” e foi encerrado duas vezes. Quando funcionou, rodou unicamente com os gráficos no modo padrão.
Curiosamente, os mesmos problemas verificados aqui já foram notados no Moto G8 Plus, o que me leva a crer que a Motorola otimizou o kit processador/RAM com cuspe e barbante. O bizarro é a empresa notar tais bugs no modelo mais caro, que saiu bem antes, e não corrigi-los no Moto G8.
A bateria de 4.000 mAh, por sua vez mandou bem. Em meus testes, eu o tirei da tomada às 8:00 e rodei 2 hoas de Netflix, 2 horas de Deezer, 1 hora de jogos (Pokémon GO, Asphalt 9: Legends e Azur Lane, 20 minutos cada) e navegação durante o dia, com 4G ou Wi-Fi e o brilho no máximo.
Às 18:00, a bateria estava em 38%, um nível de consumo esperado. O carregador de 10 W, que acompanha o kit permitiu que o Moto G8 fosse de 0 a 75% em 1 hora e 20 minutos.
Câmeras
De cima para baixo, temos uma Ultrawide com 8 megapixels e abertura f/2,2, uma Wide com 16 MP e f/1,7, uma macro com 2 MP e f/2,0 e o foco laser, para auxiliar na captura de fotos à noite e em situações de baixa luminosidade.
A dupla Wide/Ultrawide é bem satisfatória, não são sensores maravilhosos mas também não oferecem uma qualidade de fotos e vídeos abaixo da média. Sendo direto, ambas câmeras são… corretas.
Em condições ideais, como ao ar livre em dias com bastante Sol, ou em ambientes bem iluminados, as fotos têm uma boa qualidade e pouca perda de detalhes, com um leve esmaecimento nas bordas. Para quem deseja não gastar muito mas gosta de tirar fotos, elas não fazem feio.
A Ultrawide, com sua lente Grande Angular de 118º possui uma melhor saturação das cores, embora a definição seja levemente inferior às fotos feitas com a Wide. Por fim, fotos noturnas e em ambientes internos com pouca luz apresentam maior ruído e menos detalhes, como de praxe.
No fim, a Wide e a Ultrawide não surpreendem mas também não decepcionam, ficando na média.
A decepção fica por conta da câmera macro. Ela é capaz de fotografar elementos a 2 cm de distância, mas com apenas 2 megapixels de resolução a qualidade vai para a cucuia, por mais que você se esforce.
A meu ver, colocar um sensor tão fraco para macros mata totalmente o sentido de ter uma câmera dedicada a esse tipo de fotografia.
A câmera selfie tem 8 megapixels e abertura f/2,0, é básica e atende bem na maioria dos casos. Como de costume, em situações com bastante luz (ambientes externos, por exemplo, os detalhes frontais e de fundo ficam mais acentuados.
No mais, continua valendo a máxima que quanto mais luz, melhor.
No fim das contas, o conjunto de câmeras é o que se espera de um aparelho intermediário, com exceção da macro, que é dispensável.
Conclusão
O Moto G8 tenta se manter vivo entre os outros aparelhos da linha Moto G, mas parece um tanto deslocado. Ele deveria oferecer mais do que o Moto G8 Play, que é o modelo de entrada, mas a decisão de derrubar a tela de Full HD+ para HD+ o aproximou demais do modelo mais simples.
As câmeras Wide e Ultrawide são parecidas com as presentes no G8 Play, e a macro é fraca demais, graças a sua baixa resolução, para ser um elemento diferencial. A bateria, por outro lado tem uma boa autonomia, enquanto a performance é um tanto estranha, talvez por falta de otimização.
De resto, o Moto G8 possui um design sólido e som satisfatório.
Dessa forma, o preço sugerido de R$ 1.299 é um pouco puxado para o Moto G8, um aparelho que regrediu na tela e tropeça na performance. Entre R$ 800 e R$ 1 mil ele se torna mais palatável. Se chegar a menos de R$ 800, aí temos um bom negócio.
Do contrário, é melhor dar uma olhada em modelos similares, sejam da Motorola ou de outros fabricantes.
Motorola Moto G8 — Ficha Técnica
- Processador: SoC Qualcomm Snapdragon 665, octa-core Kryo 260 com 4 núcleos Gold de 2 GHz e 4 Silver de 1,8 GHz;
- GPU: Adreno 610;
- Memória RAM: 4 GB;
- Armazenamento interno: 64 GB;
- Armazenamento externo: Suporta cartões microSD de até 512 GB;
- Tela: LCD IPS de 6,4 polegadas, proporção 19,5:9 e resolução de 1.560 x 720 pixels (269 ppi), com notch em forma de furo;
- Câmera traseira: Conjunto triplo, com:
- Wide de 1/2,8″ com 16 megapixels, abertura f/1,7 e autofoco com detecção de fase;
- Ultrawide (118°) de 8 megapixels e abertura f/2,2;
- Macro de 2 megapixels e abertura f/2,2;
- Flash LED e captura vídeos em 1080p a 30 fps;
- Câmera selfie: 8 megapixels, abertura f/2,0, captura vídeos em 1080p a 30 fps;
- Sensores: proximidade, acelerômetro, bússola e leitor de impressões digitais;
- Conectividade: 4G/LTE Dual-SIM (bandeja híbrida), Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac, Bluetooth 5.0, AD2P, BLE, aptX, A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO;
- Bateria: 4.000 mAh;
- Portas: USB 2.0 Type-C e P2 para fone de ouvido;
- Sistema operacional: Android 10;
- Dimensões: 161 x 75,8 x 8,9 mm;
- Cores: Azul Capri e Branco Prisma.
Pontos fortes:
- Bom acabamento;
- Câmeras Wide e Ultrawide são satisfatórias;
- Boa autonomia de bateria.
Pontos fracos:
- Tela apenas HD+;
- A câmera macro é bem fraquinha;
- Desempenho um tanto inconstante.
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