A quantidade de informações enviadas à Terra pelo observatório espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) é imensa. Mesmo usando inteligência artificial para analisar as centenas de milhares de imagens coletadas anualmente, cada uma delas com milhares de estrelas com potencial para ser o centro de sistemas planetários, a margem de erros é grande. Por isso a NASA criou o programa Patrulha do Planeta, para caçadores voluntários de exoplanetas.
“Estamos todos nadando em um mar de dados”, disse o astrofísico do Diretório de Missões Científicas da NASA Marc Kuchner.
O problema se justifica: usando quatro câmeras, o TESS captura imagens completas de um pedaço do céu a cada 10 minutos, concentrando-se em um setor a cada mês. Seu principal meio de identificar sistemas planetários é com o chamado método do trânsito, avaliando a variação do brilho de uma estrela caso um planeta passe em frente a ela em sua órbita.
O problema é que a passagem de planetas não é a única razão para o brilho de uma estrela mudar, já que o tempo também é responsável. Outras possibilidades são ela fazer parte de um sistema binário, no qual duas estrelas orbitam uma à outra, eclipsando-se ocasionalmente. Até mesmo o TESS, na hora de captar a imagem, pode ter um mau funcionamento momentâneo.
IA equivocada
O método de varredura baseado em IA já deixou passar sistemas inteiros ou classificou o que viu erroneamente, nos falsos positivos. É aí que entram os voluntários chamados de cientistas cidadãos, pois falsos positivos podem enganar mais facilmente um algoritmo que um ser humano.
“Métodos automatizados de processamento de dados enviados pelo TESS às vezes falham em entender e interpretar corretamente objetos que se parecem com exoplanetas, mas não são, gerando falsos positivos”, disse o astrofísico Veselin Kostov, pesquisador da NASA e do SETI Institute, líder do projeto Patrulha do Planeta.
O exoplaneta Kepler 1649c foi considerado pela IA um falso positivo, até que pesquisadores resolveram revisitar os dados enviados pelo telescópio espacial Kepler.Fonte: NASA/Ames Research Center/Daniel Rutter
Caçadores de planetas
Esse não é o único programa de voluntários para analisar imagens enviadas do Espaço. O Goddard Space Flight Center da NASA mantém o Planet Hunters TESS, administrado pela Universidade de Oxford. E ele já deu frutos. No ano passado, o estudante do ensino médio Wolf Cukier, integrando o Planet Hunters TESS durante as férias de verão na NASA, descobriu um exoplaneta em um sistema binário ao examinar as variações no brilho das estrelas capturadas pelo TESS.
No novo programa, os voluntários ajudarão a equipe de Kostov a filtrar as imagens de planetas em potencial. Para isso, será disponibilizado um questionário com as mesmas perguntas que os pesquisadores fazem ao avaliar os dados enviados pelo observatório espacial; por exemplo, se a imagem contém inúmeras fontes brilhantes ou se a luz captada é difusa ou se assemelha à que é emitida por uma estrela.
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