O lançamento que ocorrerá no próximo sábado (21) a partir da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia (EUA), é um marco para a ciência e, por tabela, para o estudo das mudanças climáticas e de seus efeitos no planeta. A bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, subirá ao espaço o satélite Sentinel-6 Michael Freilich, da parceria da NASA com a Agência Espacial Europeia (ESA).
Esse é o primeiro de dois satélites idênticos que vão monitorar, entre outras coisas, o nível dos oceanos pelas próximas 2 décadas na missão Sentinel-6 / Jason-CS (Continuity of Service), que, por sua vez, integra o Copernicus, o programa da União Europeia de observação da Terra.
Até 2040, tanto o Sentinel-6 Michael Freilich como o Sentinel-6B (a ser lançado em 2025) vão medir com precisão a altura da superfície de mais de 90% dos oceanos do mundo, coletando dados para oceanografia operacional, meteorologia marinha e estudos climáticos.
“Nosso objetivo fundamental com o Sentinel-6 é medir os oceanos, mas quanto mais valor pudermos agregar, melhor. Será um bônus coletarmos dados da atmosfera”, disse o cientista de projetos Josh Willis, do Laboratório de Propulsão a Jato (JLP) da NASA.
Retrato fiel da atmosfera
Willis se refere ao Sistema Global de Navegação por Satélite — Rádio Ocultação (GNSS-RO), instrumento que transmite informações precisas sobre a temperatura e a umidade globais. Os novos dados vão melhorar os modelos usados para determinar o quanto a atmosfera terrestre está mudando e refinar sistemas climáticos preditivos, além de ajudar a rastrear a formação de furacões, determinar seu caminho e prever sua intensidade.
“Vamos poder determinar com precisão a temperatura, a pressão e a umidade através das camadas da atmosfera, o que nos dá uma visão incrível da dinâmica do clima terrestre. Ele será um dos termômetros atmosféricos mais precisos no espaço”, disse o cientista de instrumentos do JPL Chi Ao.
Legado
Nomeado em homenagem ao meteorologista Michael Freilich, ex-diretor da divisão de Ciências da Terra da NASA e um defensor incansável do avanço das medições de satélite do oceano, o Sentinel-6 está comissionado para uma missão de 5 anos e meio, tempo em que vai coletar os mais precisos dados registrados até hoje sobre o nível global do mar e sua resposta às mudanças do clima.
“Somente podemos rastrear o aumento do nível do mar por causa desse registro contínuo de observações. Ele é essencial para compreendermos os fatores que contribuem para que isso aconteça”, disse a diretora da divisão de Ciências da Terra da NASA, Karen St. Germain.
O lançamento do satélite ocorre em um momento em que soam alarmes em todos os estudos hoje sendo feitos sobre as mudanças por que passa o clima da Terra e suas consequências, por isso o Sentinel-6 estudará simultaneamente os oceanos e a atmosfera.
A água do mar absorve mais de 90% do calor retido pela atmosfera graças ao aumento dos gases de efeito estufa. Isso tem uma consequência: a água do mar se expande, e esse crescimento é responsável por mais de 30% do avanço do nível do mar, atualmente, somando-se ao derretimento de geleiras e calotas, em um fenômeno que tem se acelerado nos últimos 20 anos.
Se você quiser assistir ao lançamento do Sentinel-6 Michael Freilich, saiba que a NASA vai começar as transmissões a partir das 13h45 (horário de Brasília) na NASA TV e na ESA TV. Se o tempo ajudar, o Falcon 9 subirá às 14h17.
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