Em breve será dada a largada para a temporada de filmes natalinos e um que promete fazer a alegria de muitos apaixonados por videogames — e despertar memórias tristes em tantos outros — é uma produção da New Line Cinema que recebeu o nome Natal em 8 Bits. Baseado no livro 8–Bit Christmas, de Kevin Jakubowski, o longa contará a história de um sujeito que, assim como muitas crianças da época, só queriam uma coisa: ganhar um Nintendinho!
Dirigido por Michael Dowse (Stuber: A Corrida Maluca, Uma Noite Mais Que Louca) e com roteiro do próprio Jakubowski, o filme será estrelado por Neil Patrick Harris (How I Met Your Mother, Garota Exemplar, American Horror Story), que interpretará um adulto Jake Doyle. Contando para sua filha o quanto era difícil conseguir o console no final dos anos 80, esta será a motivação para a comédia explorar uma passagem marcante da indústria dos videogames.
“Eu e meus amigos fazíamos de tudo pra jogar,” diz Harris em um trecho do trailer de Natal em 8 Bits. “Eu precisava de um milagre de natal e uma coisa ficou clara: eu precisava conseguir o meu.”
O sonho de ter um NES levará o protagonista às mais diferentes loucuras, como por exemplo participar de um concurso onde terá que vender guirlandas natalinas. A julgar pelo que foi mostrado até aqui, Jake não terá vergonha de mudar um pouco a maneira como as coisas aconteceram, mas em nome da narrativa e por se tratar de recordações, acho que ninguém reclamará dos exageros.
É verdade que essa premissa de colocar pessoas a procura de presentes raros já foi utilizada anteriormente no cinema, como no clássico Uma História de Natal, de Bob Clark ou em Um Herói de Brinquedo, estrelado por Arnold Schwarzenegger. Ainda assim, confesso ter ficado interessado em assistir Natal em 8 Bits e como ele será lançado exclusivamente no HBO Max, no dia 24 de novembro, acredito que será um bom programa para fazer com o meu filho num sábado à tarde.
Além disso, mesmo sabendo não se tratar de um documentário, mas sim um filme com o único intuito de nos divertir, estou curioso para ver como ele abordará a escassez de Nintendinhos que o mercado norte-americano encarou na década de 80.
Tendo sido o responsável por reerguer uma indústria que tinha implodido devido a enxurrada de jogos de péssima qualidade para o Atari, o NES rapidamente se tornou uma febre, sendo o sonho de consumo de quase todas as crianças. Porém, mesmo os sortudos que foram presenteados com um tiveram que lidar com outro problema, que era conseguir alguns lançamentos que faziam muito sucesso, como o The Legend of Zelda II: The Adventure of Link ou o Super Mario Bros. 2.
A situação chegou a ser tema de um programa da ABC no final de 1988, onde o canal tentava explicar o fascínio que aquele aparelho causava no público e como a Nintendo não se mostrava capaz de suprir a demanda dos consumidores. Para algumas pessoas, aquela falta de estoque era proposital, como especulou o apresentador do 20/20, John Stossell, ao dizer que “tudo isso me faz imaginar… esta escassez é real? Ou a Nintendo está segurando o fornecimento [de consoles] para criar uma mística?”
Mas de acordo com Peter Main, vice-presidente da Nintendo of America naquele período, criar artificialmente a falta de videogames não era o desejo de ninguém e o que aconteceu foi uma espécie de tempestade perfeita, formada por uma demanda muita maior do que a empresa previa e a falta de chips no mercado.
Mas independentemente do motivo que levou o NES e seus jogos a serem tão difíceis de serem encontrados nas lojas, o fato é que aquele videogame revolucionou a indústria. Estima-se que no final dos anos 80 aquele console estava presente em 30% das casas norte-americanas, numa calara demonstração da força que a Nintendo havia alcançado.
Já por aqui… Talvez minha memória esteja me traindo, mas não tenho lembrança de uma escassez como esta ter atingido o nosso mercado. Não me recordo de relatos de pessoas que não conseguiam encontrar a versão brasileira do Nintendinho, o Phantom System, nas lojas e sempre achei que a maior dificuldade mesmo era ter dinheiro para comprar aquele videogame.
Outra impressão que tenho é de que o queridinho das crianças por aqui sempre foi o Master System, admiração esta que foi fruto da agressiva campanha de marketing feita pela Tec Toy. Mesmo assim, acredito que o alto preço cobrado também por ele acabava fazendo com que sempre existisse algumas unidades disponíveis nas prateleiras. De qualquer forma, felizes eram aqueles que tiveram um dos dois consoles em suas casas.
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