Nibiru: Tudo sobre o misterioso planeta que não existe

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OK, já que o título entregou, não há motivo pra esconder a verdade: Não existe Nibiru, nem o planeta ancestral nem o planeta que estaria em rota de colisão com a Terra, mas como essas histórias são curiosas mesmo sendo falsas, então vamos conhecer toda a mintologia que envolve Nibiru.

Nota: Para facilitar a vida dos teóricos da conspiração os parágrafos ganharão uma separação extra para você recortar e postar só a parte que interessa nos grupos de whatsApp

O que é o planeta Nibiru?

Nibiru é uma variação da teoria dos deuses astronautas, originalmente criada pelo ex-garçom e autor best-seller Erich Von Däniken. Segundo a lenda, Nibiru é um planeta em uma órbita extremamente elíptica, o que o traz até o Sistema Solar Interior uma vez a cada 3600 anos.

A história toda surgiu em 1976, no livro O 12º Planeta, escrito por um economista e arqueólogo autodidata chamado Zecharia Sitchin. Nibiru muito tempo atrás em uma de suas passagens pelo sistema solar interior uma das luas dele colidiram com Tiamat, outro planeta que existia entre Marte e Júpiter, partindo Tiamat ao meio.

Não esse Tiamat

Em uma segunda passagem Nibiru, o planeta azarado, colidiu com os fragmentos de Tiamat. Um deles se fragmentou mais ainda, se tornando o cinturão de asteróides. O outro fragmento, depois de se chocar com Nibiru e outra de suas luas, mudou de órbita e se tornou o planeta Terra.

Com o tempo vida inteligente surgiu em Nibiru, uma raça conhecida como Anunnaki. Eles se tornaram avançados, com um programa espacial melhor do que o nosso (da Terra, não do Brasil, esse até Melmac tem um programa espacial melhor).

Um belo dia, 450 mil anos atrás uma expedição Anunnaki chegou à Terra, atrás de ouro e outros minerais e metais preciosos. Mas como por algum motivo eles não tinham desenvolvido robôs, o trabalho teve que ser feito manualmente, e os Anunnakis destacados pras unidades de mineração logo se cansaram do trabalho duro.

Provavelmente liderados por algum Anunnaki petista, os trabalhadores se revoltaram, com greves e motins. Diante de um problema sério, a Administração da Operação apareceu com uma idéia para resolver a situação, uma idéia muito prática proposta por um sujeito chamado Enki: Usar engenharia genética para aprimorar alguns humanóides terrestres, ainda Homo erectus, criando uma nova raça de escravos, o Homo sapiens.

Divindades mesopotâmicas, circa 2130 BC

Isso seria feito com a ajuda de DNA alienígena.

Instalada na Suméria, a nova civilização de Homo sapiens foi colocada para trabalhar para seus mestres alienígenas, que obviamente foram reconhecidos como deuses, e toda uma mitologia foi criada para explicar como os humanos haviam surgido, de onde vieram os deuses, etc.

Além da própria existência os deuses ensinaram muito mais aos humanos, montando até as hierarquias de poder.

Sitchin escreveu treze livros sobre Nibiru e seus habitantes, com base em traduções de textos sumérios, babilônios e acadianos feitas por ele mesmo, mas Nibiru não parou por aí. A história foi jogada pro 11 em 1995 graças a uma doida chamada Nancy Lieder.

Nancy Lieder, um exemplo de sanidade.

Essa senhora diz ter um implante alienígena no cérebro, com o qual se comunica com seres do sistema Zeta Reticuli, ela ficou conhecida em 1997 quando “denunciou” que o cometa Hale–Bopp não existia, era só uma estrela distante, a história do cometa era uma distração pra que as pessoas não soubessem da chegada de Nibiru, ou Planeta-X, um corpo celeste do tamanho da Terra que passaria muito perto de nós, causando terríveis cataclismas, inversão dos polos, etc. Isso tudo no dia 27 de maio. De 2003.

Spoiler: Nada aconteceu.

A justificativa (sempre tem uma) foi que era brinks, uma data falsa para enganar a grande mídia, mas que a colisão real ainda viria. Quanto ao cometa, depois que o Hale-Bopp se tornou visível para o mundo inteiro e um dos cometas mais bonitos do Século, Nancy Lieder removeu as referências a ele de seu website. Garota esperta.

Não, eu não sei que diabos é o Planeta 7X.

Por um tempo rolou uma briga, Lieder dizia que seu Planeta X era Nibiru, já Sitchin negava, o planeta “dele” não tinha nada a ver com o da doida.

Ambos os planetas (entre outros) nunca saíram do imaginário popular, os livros de Sitchin eram escritos de forma simples e de fácil entendimento, fazia com que os leitores se sentissem parte do grupo de iluminados que desvendava a conspiração que ocultou Nibiru por tantos séculos.

Com a história do Calendário Maia e o fim do mundo em 2012, que -spoiler alert- também não aconteceu, Nibiru ganhou mais popularidade, sendo associado com o cataclisma apocalíptico (não) previsto no tal calendário.

Em 2017 um “numerologista cristão” chamado David Meade previu que Nibiru era iminente. Usando passagens bíblicas, códigos numerológicos e provavelmente muito cigarro de artista, ele associou o planeta às pirâmides de Gizé e a um eclipse, prevendo que em 5 de Outubro de 2017 aconteceria um eclipse solar e a Melhor Coréia, China e Rússia lançariam um ataque nuclear contra os Estados Unidos.

Não pergunte.

A isso seriam seguidos terremotos de magnitude 9.8 em todo o mundo, tsunamis, e que Barack Obama seria reeleito para um terceiro mandato, mesmo isso sendo inconstitucional.

Eu não pesquisei todos os detalhes, mas é seguro dizer que a maioria dessas previsões provavelmente não se realizaram.

Não só Nibiru, planeta X ou outros “planetas” semelhantes de teorias parecidas, todos os casos mesmo sem qualquer conexão entre si, seguem o mesmo modus operandi dessas seitas apocalípticas. O Profeta nunca erra. Mesmo prevendo repetidas datas pro fim do mundo, quando nada acontece ocorreu uma falha nos cálculos, mas uma nova previsão empurra o desastre para mais adiante.

A psicologia por trás dessas seitas é bem conhecida; as pessoas querem se sentir parte de algo, mas não querem todo o compromisso e envolvimento de fazer parte do Templo do Povo dos Discípulos de Cristo, por exemplo.

Ao ingressar em um grupo como os “Fãs” de Nibiru, o sujeito passa a deter conhecimento importante, coisas que o “Homem” não quer que você saiba. Quando no final do dia ele conta aos amigos como a verdade está lá fora, e os governos mentem, ele ganha os pontos sociais que tanto quer.

Hoje Nibiru continua na moda, a Internet é ótima pra espalhar essas conspirações, quase tão boa quanto postes, mas vamos ao que interesse e ao pelo que você paga a Internet pra ler o MeioBit:

Nibiru – Como não Funciona

A resposta curta é: Não funciona.

Zecharia Sitchin aprendeu idiomas antigos sozinho, mas isso não foi acompanhando de uma formação clássica sobre aquelas culturas, ele comete erros como alguém que sabe razoavelmente português, mas não conhece a cultura local achar que Minas Gerais é um Estado tomado por ferrovias.

Os sumérios só conheciam cinco planetas, e em todas as milhares de inscrições encontradas eles são representados com os mesmos símbolos. Sitchin achou UMA inscrição com uma estrela com 12 outras estrelas em volta, e decidiu que aquela sim era a representação do Sistema Solar.

Inscrição suméria mostrando o Sol e os sete planetas conhecidos (a Lua contava)

Ele também troca o nome de deuses sem o menor pudor, para que se encaixem na sua versão. Deuses e planetas com nomes estabelecidos em milhares de textos? Ele muda.

As interpretações também são curiosas. Sitchin enxerga astronautas em trajes espaciais, foguetes com motores dignos dos Anos 60, o que não faz o menor sentido, seria o equivalente aos EUA invadirem o Iraque usando canoas e cavalos. Nenhuma raça capaz de viagens e colonização interplanetária usaria equipamento digno de Yuri Gagarin.

A história de que a Raça Humana começou na Mesopotâmia não cola também. Os fósseis mais antigos do Homo sapiens foram encontrados na África, e são datados de uns 300 mil anos atrás. Só 55 mil anos atrás eles começaram a aparecer no Crescente Fértil.

A afirmação de que todos os idiomas derivam do sumério também é totalmente e errada, e não digo isso nem por assinar o excelente NativLang, o sumério é uma língua isolada, que não se encaixa em nenhuma família linguística. Não há nada “derivado” do sumério.

Na parte astronômica, bem, nada funciona.

Graças à Santíssima Trindade, Einstein, Kepler e Newton, o Espaço, assim como travesti, não é bagunça. Não dá para colocar planetas em órbitas arbitrária a velocidades arbitrárias. Está tudo interligado.

Um planeta com um periélio na altura da órbita da Terra e um período de 3600 anos o colocaria com um afélio 12 vezes mais distante que a órbita de Plutão. Esse planeta enfrentaria um clima pior que Westeros, passando uma fração de sua órbita dentro da Zona dos Cachinhos Dourados, a região aonde a temperatura é suficiente para haver água em estado líquido. O resto, seriam milhares de anos sob um frio inimaginável, pior que coração de ex.

Mais anda: Um planeta com esse tipo de órbita seria inerentemente instável, pode perguntar a qualquer astrólogo.

Durante toda a antiguidade só conhecíamos cinco planetas: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Toda a “ciência” da astrologia foi baseada neles, e tudo parecia perfeitamente normal.

Urano só foi descoberto em 1781, por William Herschel, mesmo tendo sido observado ocasionalmente na antiguidade, nenhum astrólogo desconfiou que ele fosse um planeta.

Já Netuno teve uma descoberta mais fascinante, comprovando a diferença entre Astronomia, uma Ciência, e Astrologia, uma crendice: Em 1821 Alexis Bouvard publicou uma série de tábuas astronômicas (é esse o nome) detalhando o movimento de Urano, mas quando outros astrônomos foram observar, a posição real do planeta não batia com as previsões.

Como Bouvard não confiava no Excel e fez tudo na mão, os cálculos estavam certos. Novas observações e cálculos mostraram que algo estava afetando a órbita de Urano. Mais cálculos determinaram a massa e a posição que o planeta misterioso teria que possuir para afetar Urano do jeito demonstrado pelas observações.

Agora era o caso de observar essa posição do céu até identificar o tal planeta, e em 1865 Netuno foi achado, por um astrônomo alemão, Johann Galle e um francês, Urbain Le Verrier. Sim, foi uma boa briga entre os dois.

Em 1930 foi a vez de Plutão; perturbações na órbita de Netuno que não podiam ser explicadas por Urano apontavam para mais um planeta. Cálculos apontaram para a região a observar, e em 1930 Clyde Tombaugh encontrava Plutão, que sempre será um planeta, GFY Neil DeGrasse Tyson!

Essas técnicas hoje apontam para a possível existência de um nono planeta, com massa entre 5 e 10x a da Terra. Esse planeta orbitaria entre 400 e 800 Unidades Astronômicas. Uma UA é a distância entre a Terra e o Sol. Plutão orbita entre 29.7 UA e 49.3 AU. Ou seja esse planeta, que muito provavelmente não existe fica longe bagarai.

Já Nibiru, bem… do mesmo jeito que a perturbação na órbita de um planeta pode ser usada para identificar outro, o oposto também ocorre. Você pode prever o efeito de um planeta hipotético. E nenhum desses efeitos aparece nos planetas do Sistema Solar.

Algumas variações da versão catastrófica dizem que Nibiru está vindo “direto para a Terra”, o que é um alívio, pois no espaço seguir direto para algo significa que você não vai atingir nada, com tudo se movendo você tem que apontar para o lugar aonde o alvo estará no futuro.

Infelizmente textos explicando que Nibiru não existe são uma perda de tempo. As pessoas continuarão compartilhando essas bobagens. Nibiru nem está sozinho, junto dele temos o Planeta X, Hercolubus, Nemesis, o Planeta 9 e todo cometa mais popular. Todos COM CERTEZA irão colidir com a Terra causando catástrofes. Não importa que os textos sejam os mesmos, apenas as datas mudem.

O YouTube está cheio, lotado de vídeos promovendo essas sandices, e muito poucos, com poucas visitas explicando o porquê são sandices. A maioria das pessoas vai dizer que é uma crença inofensiva, que não faz mal a ninguém, como terraplanismo e astrologia, até descobrirmos que há empresas que selecionam candidatos com base em signos, e terraplanismo é porta de entrada para grupos anti-vacina.

NGC 2174, nebulosa Cabeça de Macaco, a 6400 anos-luz da Terra.

Desconhecimento científico nunca anda sozinho, mas sempre há uma esperança. O Universo não é só mais fantástico do que imaginamos, Ele é mais fantástico do que podemos imaginar, basta largarmos as bobagens da pseudociência e abrir a mente para as descobertas reais da Ciência.

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