Embora muitos não gostem disso, nós vivemos a era dos remakes e remasterizações. Após perceberem que as pessoas estão dispostas a pagar (e às vezes pagar caro) pelo relançamento de jogos antigos, as empresas têm aproveitado seus catálogos para aumentar o faturamento e uma que pretende expandir sua atuação nesta área é a Square Enix.
Através de uma parceria com a Forever Entertainment, a ideia é que o estúdio polonês desenvolva remakes para diversos jogos de uma mesma propriedade intelectual que pertence à editora japonesa. Segundo o acordo firmado entre elas, a desenvolvedora ficará com 50% das vendas que forem feitas em cada plataforma, com a promessa de que os jogos manterão suas jogabilidade originais, mas contarão com gráficos adaptados para os dias atuais.
Caso não conheça a companhia que ficará responsável por resgatar esses clássicos, saiba que ela foi fundada em 2010 na cidade de Cracóvia, tendo se dedicado por muitos anos à criação e distribuição de títulos sem muita expressão, como Violett Remastered, Mirage of Dragon, Frederic: Evil Strikes Back e The Dweller.
A situação começou a mudar lá pelos lados da Polônia quando a Forever Entertainment lançou em 2020 o excelente Panzer Dragoon: Remake. Com versões para PC e consoles, o jogo conseguiu resgatar o esplendor do jogo lançado originalmente para Sega Saturn, conseguindo agradar tanto os fãs antigos quanto a nova geração. Isso deve ter convencido a Square Enix de que valia a pena deixar pelo menos uma das suas franquias nas mãos dos poloneses, mas aí chegamos a uma pergunta importante: no que será que eles estão trabalhando?
Sabendo que a editora japonesa possui tantas propriedades intelectuais, torna-se quase impossível adivinharmos o que poderá surgir dessa parceria, mas isso não nos impede de sonhar um pouco. Imagine, por exemplo, termos acesso a remasterizações ou remakes de um Valkyrie Profile, Front Mission, Fear Effect ou Ogre Battle? Tenho certeza que muitos ficariam empolgadíssimos com tais retornos, mas por se tratar de uma oportunidade tão boa e tendo gostado tanto do que a Forever nos entregou com Panzer Dragoon, eu só consigo pensar numa coisa: Legacy of Kain!
Nascida no PlayStation em 1996 com o nome Blood Omen: Legacy of Kain, a franquia surgiu de uma parceria entre a Silicon Knights e a Crystal Dynamics, fruto do desejo de Denis Dyack de criar um jogo que conseguisse entregar uma experiência cinematográfica e que fosse capaz de agradar um público mais velho. Nele o protagonista seria um vampiro, com a jogabilidade em duas dimensões contando com elementos típicos dos RPGs.
Entregando uma campanha que poderia durar dezenas de horas e um enredo bastante complexo para a época, o jogo caiu nas graças do público e foi muito bem avaliado pela crítica. Nascia ali o potencial para uma série e quando em 1999 a Eidos Interactive publicou o Legacy of Kain: Soul Reaver, um público muito mais amplo acabou se rendendo ao fantástico universo de Nosgoth.
Ao contrário do seu antecessor, o título que contava com versões para PlayStation e PC (o Dreamcast só o receberia um ano depois) saltou para as três dimensões e o resultado não poderia ter sido melhor. Oferecendo uma jogabilidade espetacular, gráficos de ponta e sem contar com telas de carregamento, ele parecia muito à frente de tudo o que tínhamos na época, não sendo surpresa ter conseguido se tornar um sucesso muito maior que o primeiro jogo.
Com sua história se passando 1500 anos após os eventos mostrados em Blood Omen, em Legacy of Kain: Soul Reaver acompanhamos uma história de inveja e vingança, onde o vampiro Kain matava um dos seus principais soldados após descobrir que ele havia desenvolvido asas. Nos colocando no controle do seguidor traído, Raziel, o jogo ainda brilhava por contar com um sistema de troca de dimensões para assim podermos solucionar os quebra-cabeças que se apresentavam.
Depois deste, a série ainda viu o lançamento de outros três jogos: Soul Reaver 2, Blood Omen 2 e Legacy of Kain: Defiance, todos muito bons e dignos de serem conhecidos mesmo hoje em dia. Já em 2015 a Square Enix deu início ao período de testes do Nosgoth, um jogo multiplayer ambientado no universo da franquia, mas que nunca conseguiu cair no gosto dos jogadores. Na verdade, o título foi tão criticado que nunca chegou a ter um lançamento oficial, com o projeto tendo sido encerrado em maio do ano seguinte.
Portanto, se considerarmos apenas os capítulos principais, há bastante material ali para manter o pessoal da Forever Entertainment ocupado por vários meses e como já foi dito que os jogos em que estão trabalhando serão lançados individualmente, não tenha esperança de que tais remakes/remasterizações serão disponibilizados através de uma coletânea.
Outro ponto que poderá desanimar algumas pessoas é o preço que deverá ser cobrado por esses relançamentos. Ao contrário do que aconteceu com o Panzer Dragoon: Remake, eu não esperaria que os títulos em que eles estão trabalhando agora sejam vendidos por um valor tão baixo (cerca de R$ 50 no PC), afinal estamos falando da Square Enix, empresa que não costuma ser muito generosa.
Por fim, também não deveremos receber uma reformulação tão grande quanto a vista no Final Fantasy VII Remake. Mas mesmo com todas essas ressalvas, eu não consigo descrever o quanto ficaria feliz ao saber que a Square Enix finalmente resolveu dar uma nova chance à uma das suas franquias mais fantásticas.
Fonte: Gematsu
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