Um novo estudo publicado na revista Nature afirmou que a quantidade de água na atmosfera de Vênus é muito baixa para sustentar vida no planeta. Os pesquisadores apontaram que nem mesmo micróbios mais resistentes encontrados na Terra poderiam sobreviver nas condições presentes nas nuvens do local.
Para isso, eles analisaram uma série de dados coletados por sondas espaciais e cruzaram com informações sobre formas de vida terrestre que poderiam suportar um ambiente desafiador. No caso, as nuvens de Vênus são compostas principalmente por ácido sulfúrico e por uma pequena fração de água.
A nova descoberta veio após quase um ano do anúncio da detecção de potenciais sinais de vida microbiana em Vênus. Em setembro do ano passado, um grupo de cientistas revelou a presença de fontes significativas de fosfina na atmosfera do planeta — gás que, na Terra, está associado à decomposição de matéria orgânica pela atuação de micróbios anaeróbicos ou à atividade industrial.
Com isso, foi levantada a hipótese de que organismos vivos poderiam existir naquele planeta. Na época, especialistas já alertavam que confirmar esse caso era algo precipitado e rendeu muitas críticas na comunidade científica. Dentre elas, a afirmação da astrônoma e astrofísica brasileira Duília de Mello, que comentou ser “imprudente” determinar, naquele momento, a existência de vida alienígena.
Atmosfera de Vênus é muito seca para existir vidaFonte: NASA/Reprodução
Condições para a vida alienígena em Vênus
A vida na Terra pode ocorrer em locais com temperaturas de até -40 °C. Já sobre a taxa de atividade de água na atmosfera, os valores são medidos em uma escala de 0 a 1 — sendo 0,585 o menor número essencial para a sobrevivência. Por conta de as nuvens venusianas serem muito secas, com taxa de 0,004, ela impede que eventuais sistemas vivos sejam hidratados e, assim, incapazes de existir e se proliferar.
O assunto foi comentado à BBC News pelo Dr. John Hallsworth, líder do trabalho conduzido no departamento de ciências biológicas da Queen’s University Belfast, no Reino Unido. “Descobrimos que não só a concentração efetiva de moléculas de água está ligeiramente abaixo do que é necessário para o microrganismo mais resistente da Terra, como também é mais de 100 vezes mais baixa. Está em uma condição impossível para que exista vida”.
“Nossas descobertas são conclusivas. Não é um modelo ou suposição”, adicionou Chris McKay, astrobiólogo da NASA envolvido na pesquisa. Para ele, missões exploratórias de agências espaciais em desenvolvimento não vão trazer mais esperanças sobre a existência de vida em Vênus.
Vênus será alvo de missões exploratórias para descobrir mais sobre sua formação e composiçãoFonte: NASA/Reprodução
Dentre alguns projetos que devem fazer visita nas proximidades do local em breve, estão as espaçonaves norte-americanas Davinci+ e Veritas, bem como a europeia-japonesa BepiColombo. Tais esforços podem fornecer outros tipos de contribuições sobre estudos planetários.
Júpiter pode ser um novo candidato no assunto
Apesar de os dados analisados confirmarem que a vida na forma como a conhecemos não existe em Vênus, o novo estudo trouxe possíveis sinais de que as nuvens de Júpiter podem abrigar seres alienígenas. Isso porque a taxa de atividade de água na atmosfera do gigante gasoso é de 0,585, valor limite de sobrevivência.
McKay comentou que há pelo menos uma camada no planeta que atende as necessidades de água e temperatura para suportar vida. Contudo, outros fatores podem impedir potencial habitabilidade, como os altos níveis de radiação no local e falta de nutrientes.
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