Boa parte da nossa elite cultural ou financeira (grupos quase mutuamente exclusivos) reclama do Brasil tendo como ponto de comparação países do dito primeiro mundo. "Nossa Internet é uma vergonha comparada à da Coreia", "nossa TV não é uma BBC", "start-ups americanas não enfrentam cartório", dizem por aí, em uma lenga-lenga que não parece ter fim.
Se por um lado essa comparação é bom sinal, ao mostrar uma autoestima que nos coloca em pé de igualdade com países de históricos (e riquezas) bem diferentes dos nossos, por outro é prejudicial à autoestima nacional a ponto de paralisar iniciativas que poderiam transformar o cenário. É cômodo criticar o Brasil, infinitamente mais fácil acreditar que ele não tem jeito, do que tentar mudá-lo nas eleições.
Quando comparado a países similares, justamente aqueles contra os quais ninguém gosta de se medir, até que não estamos tão mal assim. Mais higiênicos do que a Índia, mais democráticos do que a Rússia, menos desiguais do que a China e melhores do que a Indonésia em praticamente todos os indicadores, o Brasil só poderá se destacar quando seu povo se der conta de seu verdadeiro tamanho, deixando de lado o complexo de vira-lata que idolatra a vida na gringa para exercer uma verdadeira cidadania.
Leia mais (04/28/2014 – 03h30)