O curioso caso da Bomba Disney

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Na Segunda Guerra Mundial uma das posições mais perigosas era a de tripulante de submarino. Não durante a primeira fase, chamada pelos alemães de “tempos felizes”, mas depois, quando invenções como o radar naval, aviação de patrulha e táticas de comboio mataram mais de 28000 marinheiros nazistas, que tinham uma expectativa de vida de 60 dias.

Ao mesmo tempo uma das posições mais seguras era tripulante de submarino dentro de uma base. O Almirante Dönitz era nazista com a idéia de segurança, e Hitler não ficava atrás. As bases eram construídas para resistir a tudo que os aliados podiam lançar. Entre 1943 e 1945 os aliados lançaram mais de 500 bombas de alto poder explosivo na base de submarinos alemães de Keroman, na França.

Seu teto era feito de concreto reforçado com mais de 7 metros de espessura. 90% da cidade foi destruída pelas bombas grandes e as mais de 60 mil bombas incendiárias lançadas, mas mesmo danificada a base continuou funcionando. E existe até hoje.

Concreto aliás era um problema pros aliados, era um material barato, fácil de produzir, Albert Speer, o Arquiteto de Hitler ADORAVA concreto, e todo o território controlado pelos nazistas eram repleto de estruturas gigantescas de concreto, uma das mais famosas ficou conhecida como A Cúpula.

Construída no norte da França, perto de pas-de-Calais, era a parte visível de uma estrutura subterrânea que deveria ser o primeiro silo de mísseis do mundo. Com 5 metros de espessura, 71 metros de diâmetro e pesando 55 mil toneladas a Cúpula protegeria uma fábrica / linha de montagem final / unidades de lançamento de foguetes V-2, que lançados às dúzias todos os dias obliterariam Londres forçando a Inglaterra para fora da Guerra.

Os aliados tinham uma única defesa contra esses bunkers: Evitar que eles fossem construídos. Assim que as obras eram identificadas por aviões de reconhecimento, os locais eram marcados como alvo, recebendo ataques constantes.

Quando as estruturas já estavam mais avançadas, era o caso dos ingleses usarem bombas como a Tall Boy, de 5.4 toneladas e a Grand Slam, um monstro de DEZ toneladas.

A Grand Slam usava uma estratégia especial: Lançada de grande altitude, suas aletas na traseira faziam com que a bomba girasse, e por efeito giroscópico ela ficava muito mas estável, atravessando a atmosfera sendo menos afetada pela pressão crescente, com isso ela conseguia atingir velocidades supersônicas, o que aumentava sua capacidade de penetração. (ui!)

O problema: Elas eram muito caras. Só foram construídas 99 Gand Slams, e dessas apenas 42 foram usadas. O ataque de grande altitude era impreciso, algumas vezes várias bombas eram lançadas sem atingir o alvo. Outras vezes, acertavam.

Era preciso uma bomba mais precisa, mas para isso deveria ser lançada de menor altitude, algo ruim se você está pilotando um avião lento que não pode fazer manobras evasivas. A alternativa seria fazer uma bomba menor, mas que fosse capaz de penetrar no concreto antes de detonar, assim a energia da explosão iria para todos os lados, e não seria desperdiçada como em uma explosão superficial.

Muita gente bateu cabeça tentando resolver isso até que em 1943 a solução quase literalmente caiu no colo do Capitão Edward Terrell, da Marinha Real. Ele assistiu um filme de propaganda produzido pela Disney, chamado Victory Through Air Power. É ótimo, conta toda a história da aviação, com direito até a Santos Dumont.

Foi o minuto 57 do vídeo que entregou a idéia de bandeja: uma bomba criada para destruir bases de submarinos nazistas, usando uma bomba acelerada por um foguete. Claro, nada disso existia, mas faria os alemães que assistissem ao filme gastar tempo e dinheiro tentando investigar as capacidades reais do dispositivo.

O Capitão Terrell começou a fazer as contas, e viu que o conceito era viável. Apresentando a idéia para seus superiores na Marinha, ele foi aprovado, mas daí era preciso uma pilha de assinaturas de diversos departamentos do Ministério da Defesa, e a Bomba Disney (como ficou sendo chamada) se perdeu no meio da burocracia. Ela só chegou até Winston Churchill em Janeiro de 1944,

Curiosamente nenhum avião inglês tinha capacidade de levar a Bomba Disney, isso ficou a cargo dos B-17 da Força Aérea dos Estados Unidos, e o projeto virou uma iniciativa conjunta. Os americanos jogavam e os ingleses produziam a bomba de 5m de comprimento e duas toneladas de peso.

O primeiro ataque só foi acontecer em 1945, quando 16 bombas Disney foram jogadas em uma base e submarinos nos Países Baixos. O teto de concreto de 3 metros foi penetrado, mas o horário foi mal-planejado e a base foi atacada enquanto os submarinos estavam no mar atacando comboios.

Entre outros ataques foi feita uma incursão contra a fábrica de submarinos Valentin, em Bremen. Mais de 60 bombas Disney foram lançadas, mas somente uma atingiu o alvo.

Os danos nos arredores foram consideráveis, e com o resto do ataque com bombas convencionais a fábrica foi colocada fora de combate, até o fim da guerra.

Depois da rendição do Eixo os ingleses continuaram a testar e aprimorar a bomba Disney, ela conseguia o mesmo efeito de bombas 3 vezes mais pesadas, mas os foguetes não eram muito confiáveis, a mira não era precisa e no final a melhoria nos aviões foi suficiente para torná-la obsoleta.

Uma bomba normal caía a uma velocidade terminal de 1200Km/h. Com os motores a foguete a Disney chegava a 1600Km/h, mas novos materiais, sistemas de mira precisos e aviões voando bem mais alto tornaram o motor a foguete desnecessário.

Hoje as bombas são extremamente aerodinâmicas, com ogivas de urânio empobrecido ou tungstênio, capaz de penetrar em metros e metros de concreto. Um único avião é mais eficiente que esquadrilhas inteiras da Segunda Guerra, e pela primeira vez as bombas estão ganhando em sua eterna guerra contra o concreto, tudo graças a uma idéia explosiva de uma empresa que só foi criar algo tão mortal quando fez os pobres pais do mundo inteiro ouvirem Let It Go dezenas de vezes por dia.

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