Uma estrela desaparecer é um fenômeno muito estranho, muito raro e até pouco tempo atrás, algo que só foi observado uma vez. Agora aconteceu de novo: a estrela PHL 293B que se encontrava na galáxia anã Kinman, a 75 milhões de anos-luz da Terra, simplesmente… sumiu.
Estrelas como a PHL 293B costumam figurar entre os corpos celestes mais massivos já observados, e soma-se o fato de que os astrônomos já sabiam que ela provavelmente já se encontrava no seu ciclo final de vida, com variações no seu espectro e brilho. O objeto em questão era especialmente brilhante, cerca de 2,5 milhões de vezes mais do que o Sol.
A estrela foi estudada entre 2001 e 2011, e seu comportamento anormal indicava que ela logo viraria uma supernova, que poderia ser vista pelos pesquisadores. Só que um belo dia, ao apontar o super telescópio VLT do Chile (aquele projeto do qual o Brasil foi chutado pela ESO em 2018, porque não pagou) para a galáxia anã de Kinman, os astrônomos não conseguiram localizar a assinatura de PHL 293B.
Ela havia simplesmente desaparecido, sem deixar rastros.
Embora este seja um fenômeno muito raro, ele já foi testemunhado anteriormente em 2017. A estrela N6946-BH1, localizada na galáxia NGC 6946, a uns 20 milhões de anos-luz da Terra, outra candidata a supernova que misteriosamente apagou, sem deixar nenhum tipo de vestígio visível.
Normalmente, o subproduto de uma supernova falha é uma explosão parcial e bem fraquinha, deixando uma estrela destruída parcialmente para trás, como aconteceu com a SN 2008ha. Quando o processo é bem sucedido, o resultado pode ser ou uma estrela de nêutrons, ou um buraco negro, ou mesmo nenhum dos dois, no caso da estrela ser aniquilada por completo. Em todo caso, a explosão de uma supernova emite mais luz do que toda uma galáxia, ainda que por pouco tempo.
Só que tanto no caso da PHL 293B quanto da N6946-BH1, não houve explosão e ambas estrelas sumiram. Tirando explicações baseadas em ficção científica, como uma Esfera de Dyson, os cientistas começaram a trabalhar com a hipótese de um “pulo” de etapas: o processo de explosão não conseguiu se manter e os restos da estrela entraram em colapso, formando um buraco negro sem passar pela supernova.
Tal processo explicaria por que há discrepância nos números entre estrelas massivas e supernovas, pois com esse modelo, cerca de 30% dos corpos celestes viram buracos negros direto. Em caso positivo, seria um indício de que tal processo é mais comum do que se imaginava.
Outra possibilidade é de que assim como Betelgeuse, seu brilho esteja agora tão fraco que acabou oculto por nuvens de poeira cósmica, enquanto a mais decepcionante, ainda não descartada é o fato da distância estar atrapalhando as leituras. Os cientistas não são capazes de observar as estrelas da galáxia individualmente, apenas identificar suas assinaturas particulares. Assim, pode ser que os dados conseguidos estejam incorretos e PHL 293B ainda esteja lá no seu cantinho do universo.
De qualquer forma, tudo vai depender de próximas observações no futuro, para determinar se a estrela de fato sumiu ou não.
Referências bibliográficas
ALLAN, Andrew P. et al. The possible disappearance of a massive star in the low metallicity galaxy PHL 293B. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Volume 496, Edição 2, 8 páginas, agosto de 2020.
Com informações: Oxford Academy, CNN.
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