Monitor, placa de processamento, circuitos, chips… Tudo isso compõe o hardware, a parte física dos computadores e dispositivos eletrônicos. Normalmente, os produtos que adquirimos vêm prontos de fábrica. Mas, ao entender como o equipamento funciona, é possível comprar e construir máquinas fantásticas em casa – controladores de luminosidade, impressoras 3D e até mesmo robôs. O TechTudo conversou sobre hardware livre com participantes do Fórum Internacional Software Livre ( FISL ), que ocorre em Porto Alegre de 8 a 11 de
julho. FISL 16: criador do primeiro notebook open source detalha seu projeto Arduino é uma plataforma de hardware livre (Foto: Divulgação/FISL 16) O compartilhamento livre das informações de montagem de equipamentos eletrônicos é o núcleo do movimento hardware livre. Assim como no software livre, seus ativistas não gostam de depender das soluções de grandes empresas e preferem pôr a mão na massa, montando seus próprios computadores, placas, robôs e o que mais der na telha. E, unindo-se em comunidade, onde cada um troca experiências e contribui no projeto um do outro, eles conseguem. Participantes de atividade de hardware livre no FISL 16 (Foto: Divulgação/ FISL 16) Um deles, Sean Cross, é o inventor do Novena, o primeiro laptop em hardware livre do mundo. Cross explica que antigamente a informação sobre o hardware era obtida com os próprios fabricantes. “Nos anos 80 era tudo aberto. As pessoas tinham acesso às esquemáticas. Durante os anos 90, o hardware foi ficando mais proprietário”, explica. “Nos computadores de hoje há ‘backdoors’ que você não pode desabilitar”. Sean Cross é o inventor do Novena, o primeiro laptop em hardware livre do mundo (Foto: Giordano Tronco/TechTudo) Como consequência, é extremamente difícil de construir computadores com hardware livre: o Novena foi o primeiro, não tem grande capacidade de processamento – equivale a uma máquina de dez anos atrás – e, no final das contas, sai mais caro do que comprar um notebook regular. “Hardware é um conjunto de informações que tornam algo físico. Quem detém a informação normalmente é uma empresa”, explica Eloir Rochenback, coordenador do GT Robótica Livre da Associação Software Livre, entidade organizadora do FISL. “Não queremos que só aquele grupo detenha a informação, porque acreditamos que ele não desenvolveu tudo aquilo sozinho. A construção desse conhecimento também passou por universidades, por exemplo”. Microcontroladores são “alma” de robôs e impressoras 3D A inviabilidade de se montar um PC ou notebook com tecnologia livre não impede que sejam desenvolvidas outras iniciativas. Dependendo da sua criatividade, às vezes tudo o que você precisa é de uma placa de programação ou de um microcontrolador, com a qual é possível construir sistemas automatizados – robôs. Felipe Sanches da Metamáquina, empresa produtora de impressoras 3D (Foto: Giordano Tronco/TechTudo) “O Arduino é um microcontrolador que você pode montar, ou então comprar pré-pronto”, explica Felipe Sanches, da Metamáquina, empresa produtora de impressoras 3D (outro exemplo de hardware livre). “Tem também o Raspberry Pi , um computador miniaturizado. Todos são tecnologias livres”. A impressora 3D da Metamáquina funciona com um microcontrolador baseado no Arduino, chamado RAMBo. O grande barato das tecnologias desenvolvidas com Arduino e outros controladores do tipo é que elas são, digamos assim, “editáveis”. “A maioria das vezes somos obrigados a adaptar-nos à realidade. Eu, por exemplo, posso querer uma estação meteorológica, mas o mercado não me apresenta nenhuma solução que faça a medição do vento”, exemplifica Rochemback. “Posso deixar a ideia de lado ou contratar uma empresa para desenvolver uma nova solução. Ou, ainda, eu mesmo posso fazer em casa uma estação com Arduino. O hardware livre permite que eu vá além do que já existe.” Ser capaz de inventar as soluções para os seus próprios problemas é uma maravilha, porém custa dinheiro. “Hardware livre tem os mesmos princípios do software livre, mas a diferença é que é mais fácil fazer cópias de um software do que um hardware. Se é hardware livre, tem que ver como custeá-lo”, aponta Rochemback. “Por exemplo, se você imprimir uma impressora 3D, tem no mínimo o custo do plástico”, complementa. Eloir Rochenback é o coordenador do GT Robótica Livre da Associação Software Livre, entidade organizadora do FISL (Foto: Giordano Tronco/TechTudo) Pode não ser de graça, mas que é divertido, é. Se você quer despertar seu lado cientista e montar robôs em casa, alguns sites legais para conferir são Robotizando.com.br , com vários tutoriais para iniciantes, Lab de Garagem , onde você pode entrar em contato com outras pessoas da comunidade de hardware livre, e Rogercom , com mais dicas de robótica. Robô-carro do FISL 16 (Foto: Divulgação/FISL 16) Tem vírus no Linux? Descubra essa e outras curiosidades no Fórum do TechTudo. saiba mais FISL 16: Cafeteira com software livre tuíta quando seu café está pronto FISL 16: Maddog fala sobre a capacitação de jovens na área de TI Tecnologia de biometria facial pode ser futuro das senhas e eliminar fraudes