O sonho de James Bond

Na coluna anterior mencionei uma conversa que tive com meu amigo Fernando Ramos há cerca de quinze anos, na qual ele mencionou que futuramente nossas máquinas poderiam ser mais leves, menos complexas e com capacidade de armazenamento reduzida porque os aplicativos permaneceriam armazenados nos servidores das empresas desenvolvedoras e seriam usados mediante pagamento por tempo de uso ou aluguel mensal. E os dados e documentos assim gerados também não utilizariam espaço de armazenamento nos computadores onde foram criados pois permaneceriam armazenados na nuvem. Veja todas as colunas do B. Piropo Saí dali convencido que o Fernando era um visionário excessivamente otimista e que, para que suas previsões se materializassem, seria necessário um acesso tão rápido à Internet e uma capacidade de armazenamento em nuvem tão gigantesca que se passariam muitas décadas para que tudo aquilo pudesse efetivamente acontecer. Tantas, que eu, lidimo representante da casta da terceira idade, jamais teria a oportunidade de desfrutar daquelas maravilhas. Pois bem: em menos de duas décadas, comigo ainda vivo e aparentemente em razoável estado de conservação, estão aí aplicativos como o Google Docs e Microsoft Office 365, (o primeiro menos poderoso porém gratuito) que podem ser utilizados como um serviço (SaaS, de “ Software as a Service ”) rodando nos servidores da Google e Microsoft. E um bando de empresas fornecendo serviços de armazenamento em nuvem, como as mesmas Google, com seu Google Drive, e Microsoft, com seu OneDrive, além de Amazon, Dropbox, SAP e mais umas tantas. Ou seja, aquilo que no final do século passado me pareceu um sonho de um visionário otimista, se materializou em menos de duas décadas. saiba mais Tecnologias duras de matar Internet: o que temem os especialistas? A Justiça existe para garantir direitos, mas suspendeu os do consumidor Pois bem, o que me levou a mencionar as previsões do Fernando na coluna passada foi um comunicado da SAP, líder mundial de aplicações de software empresarial que atende desde corporações de grande porte até pequenas e médias empresas com suas soluções modulares de SaaS e armazenamento em nuvem, que ainda este ano investirá dezenove milhões de reais em mais um datacenter, instalado em São Paulo, que deverá iniciar suas operações no primeiro trimestre do próximo ano. Pois não é que agora a mesma SAP me surpreende anunciando mais uma vez alguma coisa que eu sabia que um dia haveria de acontecer, mas esperava que não acontecesse “no meu tempo”? Trata-se do emprego da tecnologia avançada nos serviços de inteligência policial visando o combate ao crime e terrorismo. Para este fim a empresa abriu um escritório em South Yorkshire, Inglaterra, dedicado à melhoria da segurança pública dos países do Reino Unido. O escritório trabalhará em conjunto com o CENTRIC ( Center of Excellence on Terrorism, Resilience, Intelligence and Investigation of Organized Crime ), um dos centros de pesquisa da Sheffield Hallam University (SHU), a terceira maior universidade do Reino Unido com quase quarenta mil estudantes, dos quais dez porcento provenientes do exterior para cursar os cerca de 750 cursos oferecidos com aulas ministradas por um corpo docente de mais de quatro mil professores. Figura 1: SAP e Sheffield Hallam University O trabalho conjunto da SAP e do CENTRIC tem como objetivo demonstrar de forma interativa como a tecnologia pode aprimorar os esforços da polícia para combater o crime, melhorar a segurança nas estradas e aumentar os níveis de confiança da população local. Ali, os funcionários das instituições do governo podem usar tecnologias avançadas para aprimorar as abordagens de policiamento. O projeto faz parte da iniciativa “SAP Urban Matters” que, apesar da sigla meio estranha que produz, foi idealizado para melhorar a vida dos cidadãos em todo o mundo. Uma de suas tarefas é ajudar instituições policiais não somente a efetuar uma análise preditiva em tempo real como também aplicar recursos de “ Business Intelligence ” no combate à criminalidade. Com isto melhora-se a eficiência das instituições policiais e se agrega mais valor ao capital investido. Além disso, a SAP auxilia essas instituições a simplificar os principais procedimentos, como a gestão da investigação, o rastreamento de provas, a análise de inteligência e a administração dos recursos operacionais. Segundo o Professor Babak Akhgar, diretor do CENTRIC, “ As forças policiais do Reino Unido continuam entre os líderes da inovação nesse setor. Trabalhando juntos, SAP e CENTRIC terão a oportunidade de compartilhar algumas das mais novas estratégias de policiamento do Reino Unido para aplicação da Lei em todo o mundo “. Como eu disse, era previsível que um dia esta união entre tecnologia e inteligência policial haveria de acontecer. O que eu não imaginava é que ocorresse tão cedo. Sei não, mas acho que se saísse de seu covil de espião aposentado e tomasse conhecimento deste “casamento” da tecnologia avançada da informação com os serviços de combate ao crime e ao terrorismo, o Sr. Bond, James Bond, encararia o fato como a materialização de um sonho. E ficaria encantado. B. Piropo

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