O último voo do lendário Chuck Yeager

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De um garoto que completou apenas o ensino médio a um dos pilotos mais famosos da história, Chuck Yeager foi uma pessoa que conseguiu marcar o seu nome na história da humanidade. Mas depois de uma longa vida, em 7 de dezembro de 2020 chegou a hora do lendário General de Brigada da Força Aérea dos Estados Unidos fazer seu voo de despedida e da nossa parte, resta contar como foi a sua fantástica história.

Chuck Yeager

Chuck Yeager ao lado do Bell X-1 #1 Glamorous Glennis (Crédito: Divulgação/Força Aérea dos EUA)

Nascido em 13 de fevereiro de 1923 na pequena cidade de Myra, West Virginia, Charles “Chuck” Elwood Yeager teve uma infância normal, exceto por uma tragédia ocorrida quando tinha quatro anos. Naquela ocasião, ele e o irmão — Roy, então com seis anos — brincavam na sala de casa com uma espingarda calibre 12 do pai, quando o mais velho encontrou alguns cartuchos, carregou a arma e acidentalmente acertou e matou a pequena irmã Doris Ann, que tinha apenas dois anos.

Segundo Yeager, o acidente fez com que ele se tornasse um fatalista, passando a adotar o lema de que “se você não pode fazer nada sobre algo, esqueça isso.” Essa postura viria a lhe ajudar alguns anos mais tarde, quando em 1941 ele entrou para as forças armadas e ingressou como soldado na Força Aérea. Lá ele serviu inicialmente como mecânico de aeronaves, já que devido a sua idade e histórico escolar, não poderia ser piloto.

Porém, a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial fez com que os padrões de recrutamento fossem alterado e devido a sua ótima visão — o que inclusive certa vez lhe permitiu acertar um veado que estava a 550m de distância — em setembro do ano seguinte ele iniciou o curso de treinamento de pilotos. Após sua graduação, Yeager foi promovido a oficial de voo, o que na época era o equivalente a um subtenente.

Enviado para a Inglaterra em novembro de 1943, lá ele recebeu o avião que lhe permitiria a maioria das suas glórias, um P-51 Mustang que batizou como Glamorous Glen, em homenagem a sua namorada e futura esposa, Glennis Faye Dickhouse. Mas faltava a Chuck Yeager entrar em combate e quando isso aconteceu, ele demonstrou muita habilidade e liderança, conseguindo abater um inimigo.

O P-51 Mustang de Yeager (Crédito: Divulgação/Força Aérea dos EUA)

Porém, quando participava da oitava missão, em 5 de março de 1944, o Mustang do americano foi alvejado pelos alemães enquanto sobrevoava a França e após conseguir pousar com relativa segurança, ele precisou de três semanas e da ajuda da resistência local para conseguir fugir para a Espanha, para de lá enfim voltar para a Inglaterra. No entanto, aquele período escondido serviu para que a guerrilha rural formada basicamente por jovens aproveitasse o conhecimento do piloto, que os contou como criar bombas e passou ensinamentos que havia recebido de seu pai.

Como havia uma regra de que pilotos que conseguissem fugir não poderiam mais voar sobre território inimigo, a carreira de Yeager estaria comprometida, mas graças ao aval do General Dwight D. Eisenhower, ele conseguiu voltar ao combate. Chuck então pôde destruir um bombardeiro Junkers Ju 88 que sobrevoava o Canal da Mancha, mas a sua maior façanha durante a Segunda Guerra aconteceu em 12 de outubro de 1944, quando em apenas um dia ele conseguiu derrubar cinco aviões inimigos. Ao todo, Chuck Yeager teve 13 abates, entre eles aquela que é considerada uma das primeiras vitórias contra um avião a jato, um Messerschmitt Me 262 que se preparava para pousar.

O Messerschmitt Me 262 (Crédito: Divulgação/Força Aérea dos EUA)

O pós-guerra e a barreira do som

Terminada a guerra, o agora capitão optou por continuar na Força Aérea, mas como um piloto de teste no que hoje é conhecida como a Base Aérea Edwards, Califórnia. Lá ele foi escolhido para um projeto que muitos consideravam impossível de ser concluído, que era a criação de um avião que fosse capaz de quebrar a barreira do som. A aeronave era o Bell X-1, um monstro empurrado por um motor de foguete e que pelo menos na teoria, poderia voar acima da marca de 1,100 km/h.

Após alguns avanços, ficou decidido que a tentativa de ultrapassar a velocidade do som aconteceria em 14 de outubro de 1947. O problema é que dois antes, Yeager caiu enquanto andava a cavalo e com duas costelas quebradas, tudo indicava que ele seria substituído. Para evitar que isso acontecesse, ele foi a um médico por conta própria, pediu que o profissional fizesse um curativo e exceto pelo sua esposa e por Jack Ridley, que também era piloto, ninguém ficou sabendo do ocorrido.

Pois foi este amigo que teve um papel fundamental (e inusitado) para que Chuck Yeager conseguisse voar. Isso porque, no dia em que compareceu para realizar o teste, o piloto estava sentindo tanta dor, que nem conseguia fechar o cockpit. Coube então a Ridley improvisar um dispositivo com um cabo de vassoura e uma alavanca para facilitar a vida

Mesmo contra todas as adversidades, o objetivo foi alcançado quando o alaranjado X-1 Glamorous Glennis foi solto de um B-29 sobre o deserto de Mojave a 13.700m de altitude e pouco tempo após acionado o motor, o avião chegou a Mach 1.05, o que significa 1.252,3 km/h. Na ocasião, Yeager disse a Ridley — que estava a bordo do avião que o transportou — que o velocímetro estava com defeito, obtendo a resposta de que se isso tinha acontecido, eles poderiam consertar, mas que no fundo ele deveria estar vendo coisas.

Aquilo na verdade era um código, já que as transmissões poderiam ser rastreadas por inimigos. A histórica cena foi recriada no filme Os Eleitos: Onde o Futuro Começa, de Philip Kaufman, com Sam Shepard tendo representado o piloto na tela.

Embora tenha se aposentado em 1975, Yeager nunca abandonou os aviões e quando o voo em que quebrou a barreira do som completou seu 50º aniversário, ele teve a oportunidade de fazer o mesmo com um F-15. A marca pode parecer pouca se consideramos a velocidade máxima alcançada de um avião como este, mas é preciso entender que em 1997 o sujeito já estava com 74 anos e ao ser questionado por um seguidor no Twitter sobre qual era a sensação de realizar tal feito, ele brincou: “Isso nunca substituirá o sexo.

A contribuição de Chuck Yeager para os games

Mas além ter sua história contada nos cinemas e de ter integrado a comissão que investigou a explosão do ônibus espacial Challenger, algo que também ajudou a transformar Yeager em um ícone da cultura pop foi a sua participação na criação de três jogos, todos lançados pela Electronic Arts. Servindo como consultor técnico para tais projetos, os jogos inclusive traziam o nome do piloto nos títulos, que foram Chuck Yeager’s Advanced Flight Trainer (1987), Chuck Yeager’s Advanced Flight Trainer 2.0 (1990) e Chuck Yeager’s Air Combat (1991).

Hoje esses simuladores podem parecer bastante ultrapassados, mas na época em que foram lançados, eles contavam com gráficos de ponta e uma ótima simulação de física. Destaque para o último deles, que além de nos permitir criar missões, tentava reproduzir diversas situações que realmente aconteceram na Segunda Guerra, na Guerra da Coreia e na Guerra do Vietnã, o que o transformou num verdadeiro sucesso, tanto de crítica quando pelo público.

Mas apesar de ter vivido uma vida que merece ser celebrada, não pense que Chuck Yeager não foi atormentado por fantasmas. Ao publicar suas memórias em 1986, ele lembrou as atrocidades que foram cometidas na guerra pelos dois lados. Ele também falou sobre uma missão em que tinha ordens para “metralhar qualquer coisa que se movesse,” quando afirmou: “eu certamente não me orgulho daquele missão de metralhar civis em particular. Mas ela está lá, nos registros e na minha memória.

Pois que agora você consiga descansar em paz, General Yeager.



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