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Open banking é seguro? O que isso muda em minha vida?


Em 2021, o Brasil implementará mais uma novidade, o open banking, já presente em diversos países. A pergunta que mais ouço sobre o assunto é: “Paulo, o que o open banking muda em minha vida?”.

Indo direto ao ponto: o open banking é muito seguro e oferece ainda mais liberdade e autonomia para quem usa serviços financeiros. Portanto, você ganha, e muito, com isso.

De biquíni na praia

Para falar um pouco mais sobre esse assunto, gosto de pensar no open banking com uma analogia simples: seu banco está de biquíni ou sunga na praia, então não dá para esconder muita coisa.

Com certeza essa visão pode assustar algumas pessoas — principalmente os bancos. Com o open banking, as letras miúdas, os asteriscos e os contratos complexos que ninguém entende ficam bem mais evidentes.

A novidade faz parte de uma ampla agenda de reformas promovida pelo Banco Central e parte de uma premissa supersimples e, de certa forma, bastante óbvia:

Os dados financeiros pertencem ao cliente e é ele quem deve decidir como devem ser usados

O banco é pago (e muito bem pago, diga-se de passagem) para tomar conta do dinheiro das pessoas e, consequentemente, de suas informações. Se o cliente deseja compartilhar o todo ou parte de seus dados, a instituição não pode criar empecilhos.

Um exemplo para ajudar a entender na prática:

Você quer fazer empréstimo e, bem informado que é, quer cotar em diversas fintechs e bancos antes de decidir qual vai contratar. A primeira coisa solicitada é o extrato bancário, pois a empresa quer saber como tem sido sua vida financeira. Por mais desconfortável que isso seja, ninguém dá crédito sem checar informações.

Para quem é bom pagador e tem um bom histórico, deveria ser supersimples, bastando compartilhar o documento.

Aí você tenta obter o extrato e descobre que seu banco libera apenas 90 dias de histórico no internet banking ou no aplicativo. E começa a luta: e-mail pra cá, ligação pra lá, e você perde os cabelos por causa da burocracia para obter, pasme, seus dados.

Então você pensa: “Ora, a informação que está no extrato é minha. Eu paguei o banco e ainda pago para que tome conta disso, não deveria ser tão complexo acessar esse tipo de informação”. E é justamente nesse contexto que o open banking vem como uma ferramenta superpoderosa para dar a liberdade e a autonomia de compartilhar suas informações quando você quiser e para quem quiser.

Isso vale para extrato bancário, contratos de empréstimo ou financiamento, informações de crédito ou outro serviço.

Você é o cliente e paga o “salário do banco”, portanto deveria decidir o que fazer com seus dados

Quando eu paro para pensar sobre isso, fico sempre com algumas reflexões:

  • Quanto eu pago mensalmente para empresas como Spotify e Netflix?
  • Quanto eu pago para meu banco de mensalidade e tarifas?
  • Apesar de eu pagar mais para meu banco, a qualidade do serviço é melhor ou pior?
  • Eu sou bem tratado quando preciso de ajuda?
  • Como eu me sinto quando realmente preciso dos serviços de meu banco?

Se as respostas incomodarem, darão uma boa ideia de como a competição e o open banking podem transformar sua vida para melhor. É possível também entender por que alguns bancos estão contra o open banking e inventam diversas desculpas alegando que não vai funcionar.

Acessar, excluir, compartilhar, extrair ou vender seus dados de determinado banco deveria ser tão simples quanto compartilhar esta coluna.

***

Paulo David, colunista quinzenal do TecMundo, é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores, além de ser sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, adquirida pelo PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa, e atuou na equipe de Pinheiro Neto Advogados e da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor anjo em fintechs no Brasil e na Europa.


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