Na semana passada eu estive em Seul, capital da Coreia do Sul a convite da Samsung pra bater papo com alguns executivos sobre alguns produtos. No final dos quatro dias que estive por lá pude passar um tiquim de tarde com um Galaxy S10 Plus 5G, que traz conexão 5G (duh!) e eu senti que ultrapassamos o nível do necessário em conexão móvel – ERA RÁPIDO DEMAIS!
É novidade e que passou dos 800 Mbps
O Galaxy S10 Plus 5G é um dos únicos smartphones no mundo que pode conversar com redes 5G – tem o Snap de 5G do Moto Z3, mas ele é um acessório extra, não um smartphone pronto da caixa que fala 5G. O uso foi em um local bem aberto, que é o Palácio Gyeongbokgung e que era onde a família real coreana morou e tabalhou por séculos.
Hoje é um enorme (e lindo) lugar com história e pouco obstáculo pra rede 5G enviar informações, fotos e GIFs pros espertofones compatíveis e que estão por lá. A fornecedora dos dados era a KT Telecom, maior operadora daquele país e que já conta com mais de 34 mil antenas prontas pro 5G desde abril deste ano. Elas cobrem 85 cidades coreanas e isso inclui até mesmo locais fechados como shoppings, escolas e estações de metrô.
O tal palácio fica no meio da parte norte da cidade, que é a cidade antiga e no dia de teste não estava tão tumultuado assim. Na entrada a velocidade de conexão, enquanto utilizava apps comuns, não assustava e nem chamava atenção. Meu uso no Brasil mesmo é de um 4G de operadora italiana e que chega fácil em algo entre 90 e 100 Mbps – estou em São Paulo, na zona leste da cidade.
Pro meu uso tudo já é meio que instantâneo. Então resolvi abrir um testador de conexões, começando com o site fast.com, que é da Netflix e que é bastante simples e direto: dá a velocidade de download com prioridade e é a única informação na tela, mas você pode chamar mais informações e calcular o ping, upload e até saber onde está o servidor utilizado pro teste.
Primeiro teste: 5G chamou atenção, mas não surpreendeu muito
No primeiro eu medi na entrada do palácio, que foi onde recebi o Galaxy S10 Plus 5G. A medição bateu em mais ou menos 500 Mbps, com latência girando em 4 ms. Chama atenção? Sim, mas não é algo que o 4G já não ofereça em locais com ótima conexão, como é o caso da Coreia do Sul.
O que me deixou boquiaberto foi o ping (latência) tão baixo, principalmente perto do que consigo aqui no Brasil, que gira em torno de 20 ms. Latência baixa é imprescindível pra colocar o 5G em carros conectados e permitir streaming de games tipo o Google Stadia, além de ser uma forma que permite mais usuários, já que a conexão fica “menos tempo” em cada um pra entregar os mesmos dados.
Em uma conta rápida, se aqui no Brasil eu baixo 15 MB com latência de 20 ms, significa que na Coreia o mesmo download pode ser feito por cinco pessoas ao mesmo tempo – se todas conseguirem 4 ms de ping.
Continuei testando e a velocidade caiu quando fui pra parte interna, ficando em até 20 Mbps – gente, meu 4G daqui do Brasil fica melhor que isso. Achei estranho, mas acontecer por ser uma rede nova, sei lá.
Os testes continuaram oscilando entre ótimo e lento, o que me fez mudar a ferramenta de teste.
Segundo teste: JESUS MEU DEUS DO SKY
Sempre escutei que o fast.com mede abaixo do que realmente pode acontecer com a sua rede, então baixei o SpeedTest pela Play Store, que sempre é bem falado. Na primeira abertura eu vi o ponteiro mantendo a mesma latência, só que indo pra mais do que 800 Mbps. Sim, beirando 1 Gbps em um smartphone – isso é muito além do que o necessário pra jogar o Stadia em 4K, por exemplo, que pede 35 Mbps.
A velocidade ficou constante em vários locais e o ping também. Num restaurante que ficava no sexagésimo andar de um prédio o 5G sumiu e ficou apenas em 4G – que é o 4G da Coreia, muito melhor do que o daqui.
Resultado: não, o 5G não é pro smarthpone
Como já disse antes: se o próprio Google Stadia pede 35 Mbps pra jogar em 4K, com 60 fps e som em 5.1 canais, ter algo acima disso é muito além do necessário pra ver vídeos de gatos no Instagram ou no Twitter do seu celular. Sabe quanto extra é 800 Mbps nisso? É quase 23 mais – ou seja, você pode ter 22 Google Stadia ligados em 4K com 60 fps em apenas uma conexão.
Com tanta velocidade e latência tão baixa o 5G que testei só confirma o real objetivo deste tipo de conexão: internet das coisas e banda larga sem fio. Com tempo de resposta tão rápido, é seguro confiar este tipo de conexão pra ativar a conversa entre carros em uma estrada de veículos autônomos, ou então colocar uma banda larga residencial que não exige que cabos furem as paredes externas.
Carros que conversam entre si por meio do 5G evitam 100% dos acidentes que podem acontecer, já que elimina o humano que pode estar bêbado ou com sono. Até mesmo os drones podem tirar proveito disso ao deixarem de lado o controle físico por perto, pra funcionar com um controle ainda mais remoto – quem sabe alguém que controla em Seul o drone que voa em outra cidade da Coreia do Sul.
É este cenário, de prioridade alta, que recebe a maior vantagem do 5G. Outro ponto interessante que notei na Coreia é que as antenas pra este tipo de conexão são pequenas, ocupam uma parte do topo dos prédios e não um terreno inteiro, como é aqui. Fica mais fácil espalhar o sinal, que pode ser de até 2,7 Gbps. Velocidade de sobra pra alimentar computadores, TVs inteligentes, smartphones, tablets e toda uma casa conectada de uma família.
Sinceramente? Fiquei com inveja de tanta velocidade de conexão, mesmo sabendo que até pra filme em 4K eu não preciso de tudo isso.
André Fogaça viajou para Coreia do Sul a convite da Samsung.
Source link