Patente da Microsoft prevê criar chatbot até de quem já morreu

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Você se lembra do episódio “Be Right Back”, o primeiro da segunda temporada de Black Mirror? Nele, a personagem vivida por Hayley Atwell contrata um serviço que cria uma inteligência artificial baseada em gostos, personalidade e forma de conversar do marido falecido (Domhnall Gleeson), enviando o resultado inicialmente como um contato virtual e depois como uma espécie de androide — o que gera inicialmente felicidade para a protagonista, que logo começa a perceber o quanto a situação é complexa.

O departamento de licenciamento de tecnologias da Microsoft recebeu a permissão de registro de uma patente com uma funcionalidade que lembra bastante essa premissa: criar um chatbot totalmente virtual capaz de simular a personalidade de alguém de verdade.

“Criando um bot de bate-papo conversacional de uma pessoa específica” é a propriedade intelectual registrada pela empresa em 2017, aprovada apenas em dezembro de 2020. Quem descobriu o cadastro foi o site Protocol.

Como funciona?

A tecnologia exigiria a permissão para dados sociais de um usuário, como imagens, dados de voz, postagens em redes sociais e até cartas escritas — algo essencial para identificar padrões de forma e estilo. O sistema é então alimentado com essas informações, como em qualquer aprendizado de máquina, ficando cada vez melhor na medida em que novas informações são fornecidas. Um terminal de texto ou até voz também é citado na patente, mas tudo também poderia acontecer pela nuvem. O caso específico de criação de chatbot de uma pessoa falecida é citado como uma das possibilidades de uso do sistema.

Aparelho em forma de terminal pode ser usado na simulação.Aparelho em forma de terminal pode ser usado na simulação.Fonte:  USPTO 

Como último passo, a patente indica usos práticos, como aplicação em serviços de atendimento, mensageiros instantâneos, portais e redes sociais. Ou seja, o objetivo pode envolver a “ressurreição” de personalidades de pessoas já mortas, mas a ideia mais simples – e que esbarra em menos questões éticas – é mesmo a de criar um bate-papo com uma personalidade menos robótica e mais próxima da humana.

Vale lembrar que nem todo registro resulta em um produto comercial, com vários sendo apenas protegidos legalmente pela empresa ou usado com propósito unicamente científico. Além disso, esse pode ser apenas um teste de tecnologia para outras aplicações em inteligência artificial que podem levar vários anos até serem colocadas em prática.

A patente completa pode ser lida no site do U.S. Patent and Trademark Office (em inglês).

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