Todo mundo sabe o que é um planeta, mas o termo “planemo” (acrônimo para planetary-mass object, ou objeto de massa planetária) começou a ser falado com a descoberta de um do tamanho da Terra, sem orbitar nenhuma estrela.
Não se sabe a que distância está o OGLE-2016-BLG-1928 nem mesmo seu tamanho (ele pode ter de 0,3 a duas vezes a massa da Terra). “O universo pode estar repleto desses planetas, e nós nem saberíamos disso, principalmente porque eles são escuros, sem uma estrela a iluminá-los, e difíceis de localizar”, disse o astrônomo Scott Gaudi, da Ohio State University, que faz parte de uma equipe de astrônomos caçadores de planemos, distribuídos em duas organizações: a Korean Microlensing Telescope Network (KMTN) e o Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE).
São conhecidos hoje apenas 21 planetas errantes (sendo que os últimos quatro ainda aguardam confirmação, incluindo o OGLE-2016-BLG-1928, cuja descoberta foi publicada no repositório de artigos arXiv). Os astrônomos em busca desses peregrinos espaciais usam a distorção da luz no espaço-tempo – um efeito chamado de microlente gravitacional, que produz a ilusão de aumentar ou aproximar objetos distantes, como uma teleobjetiva.
Luz curva
Se o planeta errante não está próximo de uma estrela o suficiente para empanar seu brilho, mesmo assim uma pode ser usada para descobri-lo. Ao atravessar a trajetória da luz de uma estrela distante, o planema faz com que a luz se dobre ao seu redor, por conta da curvatura do espaço-tempo. Quanto maior o planeta for, mais a luz se curvará.
“O sinal de microlente de um planeta errante dura muito pouco: de algumas horas a poucos dias. Depois, desaparece para sempre. Isso os torna difíceis de observar da Terra, mesmo com telescópios infravermelhos”, disse o astrofísico da Louisiana State University Matthew Penny, coautor um estudo publicado em fins de agosto no arXiv sobre outro planema encontrado.
Trilhões de errantes
O planema descoberto tem baixa massa e é relativamente pequeno e, por isso, não curva muita luz e o faz por pouco tempo: foi encontrado em um evento de microlentes que durou apenas 41,5 minutos – tempo insuficiente para coletar mais dados. Segundo os autores, “esta é a microlente de curto prazo mais extrema descoberta até hoje”.
Podem haver bilhões, ou mesmo trilhões, de planetas errantes flutuando livremente pela Via Láctea. Alguns astrônomos os chamam de “planetas rebeldes” por não terem se sujeitado, na formação de sistemas planetários, à gravidade de uma estrela e, por isso, acabaram sendo lançados ao espaço para se virarem sozinhos.
Mesmo assim, a hipótese de o planemo ter uma estrela para chamar de sua não foi eliminada. Os astrônomos excluíram a presença de qualquer estrela a uma distância de 8 UAs do OGLE-2016-BLG-1928 (1 unidade astronômica corresponde à distância entre a Terra e o Sol), mas existem órbitas bem maiores do que isso – a de Netuno é de 30 UAs.
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