Por que Netflix cancela séries após 2 ou 3 temporadas?

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A Netflix e outros serviços de streaming vira e mexe são alvos de críticas do público, por constantemente descerem o machado em suas produções originais após pouco tempo de estreia. A primeira, por ter um catálogo maior é a mais atacada, sob argumentos de que a empresa ignora a vontade dos seus assinantes.

Pelo contrário: graças a dados precisos dos hábitos de seus assinantes, a Netflix sabe exatamente quais obras darão mais retorno, e quais devem ir para o limbo mais cedo.

Tumisu / TV com logo da Netflix e mão segurando controle remoto / Pixabay

Crédito: Tumisu / Pixabay

DISCLAIMER: Neste artigo, serão levadas em conta apenas as obras 100% produzidas e distribuídas pela Netflix; produções de outras companhias retransmitidas pelo serviço, como Star Trek: Discovery, esta propriedade da ViacomCBS, não entram no pacote.

O mesmo se aplica a Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Justiceiro, produzidas em parceria com Disney, Marvel Television e ABC Studios, contrato este que foi estendido além do combinado (apenas uma temporada das quatro primeiras + a minissérie Os Defensores, e a última nem estava prevista).

Netflix, o público e os dados

Em agosto de 2020, a internet se revoltou outra vez com a Netflix quando o serviço anunciou que Altered Carbon, a série baseada nos livros de Richard K. Morgan, seria cancelada após apenas duas temporadas e um spin-off animado. A atitude é um tanto recorrente, com o público se referindo a um “Clube Duas Temporadas” informal, similar à trope do Clube 27.

Na prática, a Netflix costuma descer o machado em séries entre uma a três temporadas de exibição, entre todos os segmentos (drama, comédia, reality, variedades, animação) e em todos os mercados, inclusive o brasileiro, como aconteceu com O Mecanismo, Samantha!, Ninguém Tá Olhando e Super Drags, encerradas após duas, duas, uma e uma temporada respectivamente.

Por outro lado a série 3% rendeu quatro temporadas, detendo o título de produção nacional da Netflix que mais tempo ficou no ar.

Netflix / Anthony Mackie em Altered Carbon / Divulgação

Crédito: Netflix / Divulgação

O facão da Netflix não tem preferência, toda obra original, ou adquirida pela companhia após serem descartadas por outras produtoras (Arrested Development, por exemplo) podem rodar após um período muito curto, mas obras específicas atraíram mais reclamações do que outras.

Títulos como Sense8 (duas temporadas) e The Get Down (uma temporada) geraram buzz nas redes sociais por darem mais visibilidade a minorias, e os fãs não gostaram delas terem sido canceladas; o mesmo vale para Cara Gente Branca, que será encerrada após a 4ª temporada, ainda que esta tenha durado mais.

No entanto, por mais que os fãs reclamem há um motivo para a atitude impiedosa da Netflix: dados.

Hoje, um serviço de streaming possui informações precisas sobre o que o público consome em suas plataformas, como assiste, onde, em que horário, com qual frequência, se prefere fazer maratona de uma temporada inteira ou assistir um episódio por semana, e etc.

Netflix / elenco de Sense8 / Divulgação

Crédito: Netflix / Divulgação

Tudo muito preciso, diferente do Ibope que contabiliza apenas uma TV por residência, sendo uma aproximação da real audiência. Netflix, Amazon Prime Video, Apple TV+, Globoplay e cia. possuem os dados reais, algo que qualquer executivo de televisão venderia a mãe para ter acesso.

“Cortem-lhe a cabeça!”

A conta é simples: uma produção original precisa ter bons números de audiência, de modo que eles compensem o custo de produção. Se essa relação não for minimamente equilibrada ou muito favorável, não faz sentido manter o programa no ar.

Foi assim que Marco Polo se tornou a primeira série da Netflix a perder a cabeça; orçada em US$ 200 milhões, a produção não atingiu os números desejados e rodou após duas temporadas. A partir dali, a plataforma adotou essa matemática como norma e não importa o tema, ou público-alvo: não rendeu, vai pro limbo.

Em outros tempos, emissoras tinham que tatear no escuro para decidir se uma série deveria ou não ficar no ar, se baseando no Ibope e respostas da crítica e público; as primeiras temporadas de The Office e Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, por exemplo patinaram feio, e só engrenaram posteriormente.

O caso de TNG inclusive deu origem ao jargão “a série criou barba”, usado quando uma obra televisiva se encontra com público e crítica, após um início conturbado; na primeira temporada da série, o comandante da Enterprise-D William T. Riker (originalmente pensado como um novo James T. Kirk, o galã pegador) era imberbe.

ViacomCBS / William T. Riker (Jonathan Frakes) Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, com e sem barba

Crédito: ViacomCBS

Tanto a NBCUniversal quanto a ViacomCBS renovaram suas produções apostando no futuro, mas caso ambas fossem lançadas hoje como produções exclusivas da Netflix, ou de qualquer outra plataforma de streaming, elas não teriam passado da primeira temporada, com base nos números reais de audiência x custo.

Claro que a audiência individual é fundamental para determinar o futuro de uma série, mas há outros fatores. A Netflix também mensura a capacidade que uma atração tem de reter o assinante, de modo a fazê-lo consumir outras produções sem abandonar o serviço, bem como seu poder de atrair novos espectadores.

Séries como Stranger Things e The Crown continuam a ser renovadas por servirem como vitrines para a Netflix; tais produções são profundamente associadas ao serviço de streaming, assim como The Boys e The Grand Tour para a Amazon Prime Video, ou The Morning Show e For All Mankind para o Apple TV+.

O algoritmo de sugestões, que funciona com base no que o espectador consome é importante por isso, ele identifica se o usuário sai de uma série para outras, o que justifica a manutenção de obras capazes de reter os consumidores como assinantes por mais tempo.

Elenco de Stranger Things / Divulgação

Crédito: Netflix / Divulgação

Em um artigo do site Vulture, é mencionado que uma das métricas usadas pela Netflix é o número de espectadores que assistem uma temporada de um show dentro do espaço de um mês, que serve como base para decidir quais obras continuam e quais vão para a guilhotina.

Basicamente, se uma série não consegue aumentar suas marcas significativamente após duas ou três temporadas, não há mais por que a Netflix mantê-la no ar, ao considerar que os índices não irão melhorar dali por diante. E todas as suas produções originais, sem exceções estão sujeitas a corte, caso os números sejam baixos.

No fim é uma questão de custo: a Netflix e outros serviços buscam investir melhor seu dinheiro de modo que ele dê retorno, e os dados precisos coletados dos usuários permitem visualizar com precisão o que não é rentável e o que vale ser mantido. Claro que algumas obras são mais de nicho do que outras, mas o retorno precisa ser equivalente a quanto foi gasto.

Ou seja, é o público quem decide quem segue e quem dá adeus, ao assistir de fato suas obras favoritas.

Fonte: WIRED

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