Precisamos falar sobre a redução do uso de automóveis

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O Dia Mundial Sem Carro (22) faz de setembro o mês da mobilidade, mas infelizmente, talvez você não tenha notado.

É por isso que grandes causas demandam datas especiais para que se olhe para elas com mais atenção pelo menos uma vez ao ano. Assunto urgente a ser debatido em todo o mundo, a reflexão sobre o uso de veículos de passeio para as locomoções diárias nas grandes cidades ainda é escassa, mas trata-se de uma realidade inconveniente: precisamos falar sobre a redução do uso individual de carros.

Seja pelo aspecto ambiental, de saúde pública ou do trânsito, o fato é que a modalidade é de alto impacto para a coletividade. Na maior metrópole do país, que abriga 25% da frota nacional de veículos, são quase 10 milhões de carros circulando – São Paulo tem praticamente um carro para cada dois habitantes.

Isso faz com que os paulistanos percam quase três horas por dia no trânsito, que 88% dos pedestres se sintam inseguros e que 44% dos cidadãos enfrentem ou tenham tido problemas de saúde relacionados à poluição, segundo estudo do Ibope Inteligência, encomendado em 2018 pela Rede Nossa São Paulo.

Mas estamos falando de um aspecto cultural enraizado em nossa sociedade, já que carros são vistos como um objeto de desejo, status

A facilidade de financiamento e a má qualidade no transporte público, fora os receios com a segurança, também favorecem a adesão ao modal do carro particular. É fundamental, por isso, o incentivo do poder público para expansão de alternativas como a ciclomobilidade.

A União dos Ciclistas do Brasil (UCB) lançou recentemente, já durante a pandemia, um documento com sugestões para adaptação das vias e estruturas de mobilidade. Destacam-se pontos nevrálgicos como o fato de o transporte público ter se tornado “vetor” de transmissão do novo coronavírus, e que as bicicletas acabam se tornando a alternativa mais viável para a parcela da população que não pode se locomover por carro (próprio ou de aplicativo).

Pouco valorizado

O transporte por bicicleta não polui o ar, evita contato físico direto e promove saúde e bem-estar. Além dos benefícios ambientais, a bike é um veículo acessível e de baixo custo.

Em entrevista à Agência Brasil, Ana Carboni, diretora-presidente da UCB, destacou que as bicicletas ainda são pouco valorizadas como meio de transporte no país, tanto entre as pessoas quanto no planejamento das cidades e das estruturas de mobilidade, apesar de já serem numerosas. “A frota de bicicleta é maior do que a de automóveis. Contudo, o Brasil continua priorizando os veículos individuais motorizados”, afirmou.

80% da infraestrutura viária nas cidades é dedicada ao carro e à moto, que transporta menos de 30% da população. Existe um desequilíbrio muito grande

Em relação às pessoas, cada um pode fazer a sua parte priorizando os modais alternativos de locomoção dentro de suas possibilidades: andar a pé, de patinete, bicicleta ou mesmo o transporte coletivo. Dar carona para familiares e vizinhos (tomando as precauções da pandemia, logicamente) também é uma boa iniciativa para reduzir o número de carros e motos circulando nas cidades.

Mais ciclofaixas

As bicicletas também se tornaram opção de entregadores de aplicativos na logística de delivery, incentivados pelo isolamento social. Para otimizar as políticas de incentivo, a construção de ciclofaixas é a iniciativa mais ágil e de baixo custo para as prefeituras e órgãos de trânsito.

O documento da UCB sugere a sinalização com as cores amarelo e vermelho, para remeter ao sinal de alerta e trazer mais contraste com o pavimento. São sugeridas também barreiras móveis para reforçar a demarcação e evitar acidentes causados por motoristas.

Outra alternativa é a ampliação de vias e espaços para os pedestres, como foi feito em Brasília durante a pandemia, em alguns dias da semana. Os defensores dos modais alternativos indicam que a adoção desses recursos seja feita de maneira mais duradoura, para incentivar a chamada mobilidade ativa.

Menos carros circulando significam mais qualidade de vida para as cidades

Seja a pé, de bicicleta, ônibus, metrô ou de carona, o fato é que menos carros circulando significam mais qualidade de vida para as cidades, com menos poluição, menos trânsito e todos seus efeitos na população. Que o exemplo do Dia Mundial Sem Carro possa conscientizar cada vez mais pessoas e incentivar políticas públicas. 

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Beto Marcelino, colunista quinzenal do TecMundo, é engenheiro agrônomo, sócio-fundador e diretor de relações governamentais do iCities, empresa que organiza o Smart City Expo Curitiba, maior evento do Brasil sobre cidades inteligentes com a chancela da FIRA Barcelona.

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