O HDMI é o atual padrão para transmissão de vídeo entre dispositivos, ainda que o DisplayPort continue disponível, o USB-C 3.2 suporte o formato graças ao suporte a Thunderbolt 4, e o VGA ainda sobrevive em dispositivos não tão legados, voltados para funções específicas. Mesmo dentro do formato há uma certa confusão, com as várias gerações incluindo mais suporte a formatos de áudio e vídeo novos.
No entanto, a conivência do órgão que cuida do padrão, está permitindo a proliferação de produtos HDMI 2.1 “fake”, que usam o 2.0 com o nome do formato atual, sem dar suporte a nenhum dos recursos mais recentes.
O HDMI 2.1, o formato mais recente em uso, veio para adicionar recursos como VRR (taxa de atualização variável), HDR dinâmico e ALLM (modo de baixa latência automático), pensando principalmente nos atuais consoles de mesa, o PS5 e o Xbox Series X, para entregar 4K a 120 Hz.
A resolução máxima suportada pelo formato, segundo a documentação, é de 10K, ou 10.240 x 4.320 pixels em proporção 21:9. Existem poucos displays que chegam a esta resolução hoje em dia, e a maioria dos fabricantes têm se concentrado nos recursos para telas 4K, no caso, a taxa máxima de atualização de 120 Hz e a taxa variável, recursos muito úteis para games.
A HDMI Licensing Administration é o órgão que regula a implementação dos padrões do protocolo de transmissão, e idealmente fabricantes de displays, consoles, laptops, placas de vídeo, cabos e etc. deveriam seguir as especificações à risca, para garantir o real entendimento de “padrão”. O usuário deve ver o nome HDMI 2.1 na caixa e saber de cara, o que o periférico ou cabo pode e não pode fazer.
A lista abaixo mostra todos os recursos suportados pelo HDMI, desde a versão 1.0 até a 2.1, a mais recente.
Os recursos em laranja na coluna do 2.0-2.0b, são os que foram incluídos na versão 2.1, e para a grande maioria do público, todos os dispositivos, periféricos e cabos que usem este nome devem suportar tudo o que está relacionado na lista, certo?
Errado.
O site britânico TFTCentral recentemente notou uma pegadinha em um produto recente da chinesa Xiaomi, um monitor de 24,5 polegadas com taxa de atualização de 240 Hz, cujas peças de marketing apontam para a presença de duas portas HDMI 2.1. O detalhe dele anotar um asterisco ao lado da especificação chamou a atenção, levando à leitura das letrinhas miúdas.
Lá, a Xiaomi explica o por quê do dito alerta (traduzido do chinês):
“Devido à subdivisão dos padrões de certificação HDMI, o padrão HDMI 2.1 é dividido em TMDS (a largura de banda é equivalente aos protocolos HDMI 2.0) e o original FRL. A interface HDMI 2.1 deste produto suporta o protocolo TMDS, a resolução máxima suportada é 1920 x 1080 e a taxa de atualização máxima é 240 Hz.”
Na prática, o monitor em questão suporta apenas HDMI 2.0, e não traz nenhuma das funcionalidades incluídas no 2.1, embora use o nome. O TFTCentral entrou em contato com a HDMI Licensing Administration, para que esta explicasse por que uma fabricante está vendendo gato por lebre, e recebeu uma resposta inesperada, para dizer o mínimo.
Segundo o órgão, o padrão HDMI 2.0 foi descontinuado em 2017 e não é mais licenciado como tal. Consequentemente, seus recursos foram todos incorporados ao 2.1 na forma de um subgrupo, o que explica a Xiaomi ter usado a denominação “protocolo TMDS” na descrição de seu monitor, ainda que ela não esteja tão clara.
Para a HDMI Licensing Administration, desde que os fabricantes divulguem que seus produtos não tenham suporte aos recursos exclusivos do verdadeiro padrão, eles são autorizados a divulgar que estes usam interfaces HDMI 2.1, mesmo sendo apenas o 2.0 no final, e que as notas explicativas sejam jogadas para o rodapé das webpages, anúncios, caixas e manuais.
Basicamente, o HDMI agora tem sua própria confusão ao estilo do USB.
Do lado dos usuários, será preciso que estes fiquem atentos e possam identificar produtos que suportem HDMI 2.1 entre os dois diferentes subgrupos, sendo o TMDS o 2.0 renomeado, e o FRL o que traz todos os mais recentes recursos, como VRR e etc.
O problema é que tanto a atitude da Xiaomi, ao vender um monitor com HDMI 2.1 “fake”, quanto a resposta do órgão responsável pelo padrão dizendo que isso não tem nada de mais, abriram um perigoso precedente, para que mais companhias optem pela interface antiga para poupar custos, e atochem o mercado com produtos 2.0 usando a nomenclatura atual, deixando as notas explicativas bem escondidas, ainda que sejam obrigados a divulgá-las.
Ao consumidor, cabe redobrar a atenção na hora de comprar uma nova TV ou monitor no futuro, ou chutar o balde e migrar para o DisplayPort, se possível.
Fonte: TFTCentral, ExtremeTech
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