Livros e mapas em papel serão os únicos recursos disponíveis se houver uma tempestade solar de proporções épicas provocada pela ejeção da massa coronal do Sol. Se em 1859 uma ocorrência do tipo destruiu a rede telegráfica dos Estados Unidos e da Europa, hoje ela aniquilaria toda a infraestrutura eletrônica do planeta, como satélites, internet, rádio e outras redes de comunicação. Para os pesquisadores do Instituto Skolkovo de Ciência e Tecnologia, é preciso se preparar para o evento.
“Compreender as características extremas das erupções solares intensas e de eventos climáticos espaciais aumentados pode nos ajudar a entender melhor a dinâmica do Sol, bem como os mecanismos físicos por trás desses eventos”, disse Jenny Marcela Rodríguez Gómez, geofísica espacial e principal autora do estudo publicado agora no Astrophysical Journal.
A pesquisa reuniu dados que mostraram que as tempestades geomagnéticas mais fortes e intensas são causadas por ejeções rápidas de massa coronal, chamadas de flare. Elas interagem entre si no espaço interplanetário, intensificando a aceleração de partículas, que seria mais fraca se fosse uma nuvem isolada de plasma.
Em 2003, o Sol ejetou o flare X 17.2, o 2º maior já observado (à esquerda). A imagem à direita foi captada entre dois flares, quando o satélite SOHO da NASA e da ESA foi atingido pela tempestade solar que se seguiu.Fonte: ESA/NASA/SOHO/EIT
Conhecimento e previsão
Além de receber o prejuízo de trilhões de dólares, reconstruir a infraestrutura eletrônica pode levar 1 década. “Nossa sociedade tecnológica precisa levar isso a sério, estudar eventos climáticos espaciais extremos e compreender as sutilezas das interações entre o Sol e a Terra”, disse a climatologista espacial Tatiana Podladchikova.
A cada 11 anos, o Sol completa um ciclo de atividades; de acordo com as previsões, o que se inicia agora não deverá ser marcado por eventos catastróficos. “Isso não significa que elas não possam acontecer. Historicamente, eventos climáticos espaciais extremos aconteceram em ciclos moderados”, disse a astrofísica Astrid Veronig, diretora do Observatório Kanzelhöhe da Universidade de Graz, também coautora do estudo.
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