Pulp Fiction: Tempos de Violência (1994) foi um filme que não apenas consolidou o neonoir no cinema norte-americano, mas também fez o nome de Quentin Tarantino como um dos mais promissores diretores da geração, exibindo uma obra que chamou a atenção pelo realismo cru e por diálogos classificados como geniais. O longa é repleto de detalhes únicos e tem seus feitos técnicos como um dos grandes destaques, sendo repleto de nuances que poucos são capazes de enxergar.
Ao longo das últimas décadas, Tarantino se mostrou um nome versátil na indústria por saber equilibrar as atuações de seus escalados com a competência de ótimas equipes técnicas, com destaque para a trilha sonora e jogos de câmera. Porém, especificamente em Pulp Fiction, um método curioso de encenação chamou a atenção na tensa — e tragicômica — cena de Mia Wallace (Uma Thurman) recebendo uma injeção de epinefrina para se recuperar de uma overdose.
Segundo relatórios, Tarantino optou por gravar a cena no sentido contrário, instruindo John Travolta, intérprete de Vincent Vega, a puxar para cima com toda fora uma seringa já acoplada cenograficamente no peito de Thurman. Para isso, o diretor contou com uma série de cortes rápidos para gerar dinâmica aos quadros, de forma a transmitir ao público a maior veracidade possível e um quê de desespero ou pressa.
O resultado? Bom, já sabemos. Após o ator marcar o peito da atriz com a região em que deve enfiar a agulha, um som estridente de pancada forte é emitido para acompanhar a cena de trás para frente, dando a impressão de que realmente Vincent empurra uma injeção no peito de Mia. A montagem, que não chega a durar dois segundos, é o suficiente para mudar totalmente o ar da cena e reviver a personagem.
Confira abaixo o clipe original:
Inicialmente, a ideia de Tarantino era se inspirar em uma cena do documentário American Boy: A Profile of Steven Prince, de Martin Scorsese, e colocar uma placa falsa no peito de Thurman, filmando a cena em seu ritmo normal. Porém, a genialidade do diretor o levou a tomar uma iniciativa mais prática, seguindo um recurso que poucos têm coragem de lidar.
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