Recrutando um exército em Watch Dogs: Legion

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Enquanto jogava o Grand Theft Auto V pela primeira vez, algo que permanecia na minha cabeça era: “como a Rockstar faria para superar o conceito de múltiplos protagonistas num futuro jogo?” Eis que sete anos depois, aquele conceito foi levado a um novo patamar, não pelo estúdio responsável por uma das séries mais bem-sucedidas de todos os tempos, mas pela Ubisoft com o seu Watch Dogs: Legion.

Watch Dogs: Legion

Crédito: Divulgação / Ubisoft

♪ Uma guerra sempre avança a tecnologia ♫

Dando continuidade à história do grupo DedSec, que tem como objetivo livrar os cidadãos das amarras impostas por regimes autoritários que utilizam a tecnologia para espionar a vida das pessoas, desta vez seremos levados a uma Londres num futuro próximo, onde um ataque terrorista faz com que a cidade virasse um caos. Sem a presença de uma governo efetivo, os oportunista aproveitam o vácuo deixado para explorar a situação e aí que nós entramos.

Porém, sem termos um personagem principal para controlar, em Watch Dogs: Legion a estrela passa a ser a causa e não o indivíduo, e para isso a desenvolvedora implementou um sistema onde qualquer pessoa que encontrarmos no jogo poderá ser controlada. Na teoria a proposta parecia ser boa de mais para ser verdade, mas a façanha realmente foi alcançada e tamanha liberdade mostrou-se o ponto alto do título.

♪ Suas crianças derrubando reis ♫

Quem jogou algum capitulo anterior da série está acostumado com a ideia de podermos rastrear as informações dos NPCs (personagens não-controláveis, na abreviação em inglês) que vemos andado pelas ruas e em Watch Dogs: Legion esse recurso será mais importante do que nunca. Com cada morador de Londres contando com características específicas e sendo um personagem controlável em potencial, boa parte da aventura será gasta avaliando quem recrutaremos para a nossa equipe.

E ter um grupo variado será muito importante, pois assim teremos acesso facilitado a áreas restritas ou conseguiremos eliminar diversos obstáculos que se apresentarão durante as missões. Imagine por exemplo ter que invadir um hospital para roubar algum documento. Se você tentar fazer isso com a maioria dos personagens, será muito fácil ser identificado, então, porque não encarar a tarefa utilizando um profissional ligado à área de saúde? Por estar devidamente uniformizada, será mais difícil tal pessoa ser detectada e aquele prédio que antes parecia inacessível agora poderá ser explorado mais tranquilamente.

Pois este raciocínio  vale para construções, delegacias, regiões controladas pela gangue conhecida como Clã Kelley… Normalmente essas personas poderão ser encontrados em locais específicos, como lutadores nos arredores de ringues; espiões nas proximidades de prédios do governo; médicos nas calçadas de hospitais; ou ainda espalhados por certas regiões da cidade. Quer controlar um advogado ou um CEO de uma grande empresa? Então faça uma visita ao coração financeiro da Cidade de Londres. Quer um hacker com o corpo coberto de tatuagens ou um artista? Então vá para a região de Camden.

Essa caça a novos integrantes para o nosso grupo é algo altamente viciante e com o tempo começamos a desenvolver um olhar mais clínicos para os defeitos e qualidades de cada personagem, sempre pensado em como eles poderão nos ser úteis. O problema é que a princípio muitos desses personagens não estarão interessados em fazer parte do DedSec, o que nos leva a um detalhe que adiciona uma bela camada de profundidade ao jogo.

Watch Dogs: Legion

Crédito: Divulgação / Ubisoft

♪ É o bem contra o mal
E você de que lado está? ♫

Enquanto parte da população londrina é simpática à causa pela qual lutamos e portanto não apresenta resistência a ser recrutada, outros não veem a nossa ideologia com bons olhos. São pessoas que acreditam em notícias infundadas, como o DedSec estar vacinando crianças a força ou roubando identidades da população. Isso no entanto não quer dizer que eles não poderão mudar de ideia e para isso precisaremos desbloquear a habilidade “Perfil Detalhado”.

Será com ela que poderemos vasculhar mais a fundo a história das pessoas, o que rapidamente nos mostrará que mesmo aqueles que se vendem como bastiões da moralidade possuem algumas manchas em suas vidas. Como exemplo posso citar Bruce Robinson, funcionário do conglomerado militar Albion e que no seu tempo livre modera o fórum Caubóis Modernos. Além de ser um frequentador assíduo de sites de sexo ao vivo, ele vinha sendo perseguido pelo Clã Kelley e é aí que encontramos uma brecha para recrutá-lo.

Após colocar o segurança contra a parede, consegui convencê-lo de que suas habilidades poderiam ser úteis para o meu grupo e me dispus a enfrentar o sindicato do crime para limpar sua barra. A tarefa não foi fácil, exigindo a invasão de vários locais e a morte de alguns membros da gangue, mas graças a presença de Robinson (e mais precisamente, do seu uniforme), depois pude realizar outras missões de maneira mais tranquila.

Quer outro exemplo? Então conheça a história de Dan Gardner, um agente do tão temido grupo criminoso. Após descobrir que este canadense de 30 anos tinha um mandato de prisão expedido contra ele e que inclusive andou pesquisando na internet sobre países sem acordos de extradição com o Reino Unido, lhe fiz uma proposta que não poderia recusar: eu invadiria uma delegacia e após ter acesso aos computadores do lugar, apagaria qualquer registro sobre os crimes que cometeu. Em contrapartida eu poderia contar com a sua ajuda para andar com certa liberdade nos territórios controlados pelos Kelley.

O que dizer então de Norbert Clark? Superintendente de polícia, o homem que testemunhou o assassinato dos pais e burlou a lei ao fazer um streaming ilegal da Copa do Mundo de Críquete ainda tinha outro motivo para se envergonhar. Após ficar devendo para um agiota, ele acabou sendo sequestrado e por achar que seria muito bom ter acesso a um policial, resolvi lhe ajudar. Depois o sujeito ainda disse que fez tudo de caso pensado, que assim conseguiria ver a organização criminosa por dentro, mas será que ele estava falando a verdade? Não importa, meu objetivo havia sido alcançado.

Mas além desses, há ainda algumas pessoas que, devido às nossas atitudes — basicamente ferir elas ou algum dos seus parentes —, criarão uma resistência tão forte ao DedSec que não poderão ser recrutadas. A partir deste momento tais personagens passarão a atuar como antagonista, inclusive tentando nos capturar. Desta forma o jogo nos incentiva a tomar cuidado com aquilo que fazemos, pois atacar qualquer um pode fazer com que percamos ótimos possíveis futuros agentes.

Por fim, há ainda alguns recrutas com habilidades especiais que a inteligência artificial que nos auxilia marcará no mapa, assim como outros muito bons “soldados” que serão disponibilizados após causarmos uma revolta nos bairros. Em ambos os casos, é sempre bom ficar de olho nestes personagens, já que eles poderão ser espiões, especialistas em drones, assassinos profissionais… Enfim, adesões que poderão representar grande ajuda.

♪ Somos os filhos da revolução… ♫

Tudo o que descrevi aqui presenciei enquanto jogava, situações que não fazem parte do enredo principal e que certamente passarão despercebidas por quase todos que jogarem o Watch Dogs: Legion. Pois acredito que sejam essas histórias pessoais que tornam o jogo tão interessante e divertido, nos fazendo criar empatia por aqueles que recrutamos e tal sentimento se torna ainda mais forte caso optemos por jogar com morte definitiva.

É muito legal não saber muito bem o que esperar ao tentar convencer alguém a fazer parte da nossa equipe, sendo que as vezes isso exige o cumprimento de uma missão simples, já em outras serão necessárias várias em sequência para alcançarmos o objetivo. Eu não afirmarei que o jogo está livre de tarefas repetitivas, mas também não posso dizer que tive que encarar duas missões parecidas até aqui. Sim, no geral estaremos quase sempre estudando maneiras de invadir um local para hackear um servidor ou eliminar um inimigo, mas a maneira como a Ubisoft implementou as missões consegue dar uma cara de variedade à elas e em momento algum me senti incomodado por estar experimentando tarefas requentadas.

Quantos aos personagens que encontramos pelo jogo, é verdade que muitos deles possuem tanto aparências quanto características parecidas, mas novamente, acho louvável o esforço da equipe responsável pelo jogo para fazer com que tudo pareça o mais natural possível. Todos os moradores de Londres possuem um bom nível de inteligência artificial, cumprindo suas atividades diariamente e como disse anteriormente, mudando de opinião sobre nós de acordo com o que fizermos.

É fantástico estar andando pela rua e ao verificar os dados de algum pedestre, perceber que ele se tornou favorável ao DedSec por termos salvado um tio ou ajudado seu irmão. O mesmo vale para o outro lado desta moeda, com pessoas ficando revoltadas por termos feito mal a alguém que ela amava, reação esta que acaba nos fazendo pensar na maneira como estamos nos comportando.

Contudo, não descarto a possibilidade de que com o tempo e milhões de jogadores explorando o sistema do game, seja descoberto um padrão de comportamento para essas pessoas virtuais. Porém, não foi o que aconteceu comigo e tirando algum problema de movimentação ou reação aqui ou ali, na maior parte do tempo consegui me sentir totalmente imerso na simulação implementada pelo pessoal da Ubisoft Toronto.

Watch Dogs: Legion

♪ E o futuro não é mais como era antigamente ♫

Pois assim como aconteceu lá em 2013, hoje volto a me perguntar quem ousará levar esta ideia de vários protagonistas adiante. Talvez eu esteja sendo inocente aqui, mas acho que com o Watch Dogs: Legion chegamos a um limite. Penso assim pois no caso desta franquia fazia todo o sentido nos permitir controlar qualquer personagem, fazer com que a história não girasse em torno de apenas um revolucionário, mas de uma ideia capaz de mobilizar toda uma população, o que nos deu acesso a um sistema impressionante e que funciona muito melhor do que eu poderia esperar.

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