Réquiem à LG Mobile: relembre 10 celulares pioneiros da companhia

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A LG Mobile enfim caiu do telhado. Nesta segunda-feira (5) a gigante LG anunciou que irá encerrar sua divisão de celulares, após anos de prejuízos e por encontrar um comprador interessado em adquirir as fábricas. A previsão é de que todas as atividades sejam encerradas no dia 31 de julho de 2021.

No Brasil, o anúncio já rendeu notificações do Procon-SP e Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), sem contar os atritos com funcionários e sindicato, sobre a situação da fábrica de celulares da LG em Taubaté.

LG G8X ThinQ (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

LG G8X ThinQ (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Do ponto de vista financeiro (o único que interessa à matriz sul-coreana), a LG Mobile era uma hemorragia descontrolada, pois vinha dando prejuízo de forma ininterrupta desde 2015, acumulando um montante negativo de US$ 3,44 bilhões entre janeiro daquele ano e setembro de 2020. A LG tentou se livrar do peso morto, colocando a divisão e suas fábricas à venda, mas ninguém se interessou por uma cesta de maçãs bichada.

A fim de se focar em outros setores, como tecnologias de 5G e 6G, B2B, IoT, veículos elétricos e outros setores tradicionais, como eletroeletrônicos e linha branca, e tendo esgotado todas as demais opções, a LG optou pela última alternativa, fechar a divisão e sair do mercado por completo. Embora muita gente hoje aponte que a LG Mobile não era relevante a muitos anos, isso nem sempre foi verdade.

Sendo puramente objetivo, a divisão móvel da LG foi uma das mais inovadoras do setor, mesmo nos primórdios da telefonia celular, muito antes da dobradinha iPhone/Android dominar o mercado. Quando a norma eram os aparelhos analógicos, os sul-coreanos já apresentavam soluções de design elegantes e funcionalidades diversas, quando não avançadas, ao menos curiosas.

Vamos lembrar 10 cases memoráveis da LG Mobile, com aparelhos que introduziram novidades no mercado:

1. LG Prada (2006)

LG Prada (Crédito: Divulgação/LG)

LG Prada (Crédito: Divulgação/LG)

Até meados dos anos 2000, BlackBerry era sinônimo de smartphone, um produto ainda de nicho voltado para usuários corporativos. No entanto, os aparelhos da finada RIM contavam com teclado QWERTY e telas comuns.

O primeiro LG Prada, desenvolvido em uma parceria entre a LG e a grife italiana, que assinou o design, foi o primeiro celular equipado com uma tela touchscreen capacitiva. Ele foi anunciado em 12 de dezembro de 2006, menos de um mês antes de Steve Jobs revelar o iPhone original, em 9 de janeiro de 2007, o que rendeu até acusações de plágio.

Ainda que bonito e funcional, e rodando um SO baseado em Flash chamado “Prada UI”, o LG Prada tinha algumas falhas crassas, como um player de música que não funcionava em segundo plano.

2. LG Renoir (2008)

LG Renoir (Crédito: Divulgação/LG)

LG Renoir (Crédito: Divulgação/LG)

É Renoir, não Benoit (balls).

Foi o primeiro celular equipado com uma câmera de 8 megapixels, mas nada muito além disso. O Samsung Pixon, lançado pouco tempo depois, trouxe um conjunto de mesma resolução e melhor performance fotográfica, e tudo o mais no Renoir parecia ter sido feito às pressas, como se alguém tivesse conseguido informações confidenciais sobre os planos da concorrente.

Ainda assim, ele era superior ao antecessor LG Vinity, trazendo suporte a GPS e Wi-Fi, além de suporte a Dolby Audio pra mobile.

3. LG BL40 New Chocolate (2009)

LG BL40 New Chocolate (Crédito: Divulgação/LG)

LG BL40 New Chocolate (Crédito: Divulgação/LG)

O LG BL40 foi um dos vários celulares que a LG lançou sob a marca Chocolate, com foco no design para atrair os usuários. Oficialmente ele se chamava “New Chocolate”, mas quando alguém fala LG Chocolate, é dele que todos se lembram.

Lançado em 2009, ele foi o primeiro celular com uma tela de 4 polegadas com proporção de 21:9, e mesmo com resolução de 800 x 345 pixels, era de boa qualidade. Como complementos, era pequeno e discreto, possuía boa qualidade sonora e era capaz de reproduzir vídeos em codec Xvid, uma raridade.

Por outro lado, sua interface era mais complicada do que devia ser, a qualidade das chamadas de voz era sofrível, e sua câmera principal era bem fraquinha, mesmo tendo 5 MP, autofoco e abertura f/2,8, com lentes Tessar da Schneider Kreuznach.

4. LG Optimus 2X (2011)

LG Optimus 2X (Crédito: Divulgação/LG)

LG Optimus 2X (Crédito: Divulgação/LG)

Quando a LG começou a produzir celulares Android, ela cobriu todas as pontas, desde os mais de entrada aos topo de linha, de modo a bater de frente principalmente com a Samsung, sua eterna rival.

O Optimus 2X, introduzido em 2011, chegava enfiando os dois pés na porta, sendo o primeiro celular equipado com processador dual-core e capaz de filmar e reproduzir vídeos em 1080p. Ele vinha com uma porta HDMI própria para ser usado como reprodutor de vídeo em telas maiores, e foi considerado “o celular mais poderoso do mundo” em sua época.

Ainda assim, a LG não conseguiu fazê-lo se destacar frente ao iPhone 4S e aos aparelhos premium da Samsung naquele ano, o Galaxy S2 e o Galaxy Note original.

5. LG Optimus 3D (2011)

LG Optimus 3D (Crédito: Divulgação/LG)

LG Optimus 3D (Crédito: Divulgação/LG)

A LG embarcou na onda do 3D sem óculos no início dos anos 2010, puxada principalmente pelo Nintendo 3DS. Além de TVs com recurso, ela introduziu em 2011 o Optimus 3D, o primeiro celular com tela tridimensional e um conjunto duplo de câmeras, capazes de compor vídeos com o efeito.

Infelizmente, as câmeras tinham problemas para filmar no modo 2D normal, e a bateria era drenada vorazmente, tornando-o difícil de usar por um dia inteiro sem recarregá-lo.

6. LG G Flex (2013)

LG G Flex (Crédito: Divulgação/LG/AT&T)

LG G Flex (Crédito: Divulgação/LG/AT&T)

Quando o mercado mobile começou a dar sinais de mesmice, a LG começou a estudar alternativas para se destacar. Com o LG G2, ela optou por mover os botões físicos para a traseira do celular, um decisão que permaneceu por anos, mas na mesma época, ela trouxe ao mercado o curioso LG G Flex.

Ele foi o primeiro smartphone a usar um display P-OLED flexível, embarcado em um corpo ligeiramente curvo, o que a LG dizia ser para acompanhar a curvatura do corpo, ao enfiar o celular no bolso da calça. A traseira, feita de um material capaz de regenerar pequenos danos, também era interessante.

Como pontos negativos, a tela do G Flex tendia a apresentar bolhas devido às distorções no corpo do celular, além do fato de sair da caixa terrivelmente defasado, rodando Android 4.2.2 Jelly Bean, quando o 4.4 KitKat já estava disponível.

7. LG V10 (2015)

LG V10 (Crédito: Divulgação/LG)

Em 2015, a LG Mobile entrou no vermelho e de lá nunca mais saiu, passando a dar prejuízo constante para a matriz sul-coreana. Desse ponto em diante, os responsáveis pela divisão entenderam que não teriam mais condições de competir com Apple e Samsung de igual para igual, logo, a solução seria comer pelas beiradas, pensando fora da caixa.

O V10 foi uma dessas ideias, ao apresentar uma inédita tela secundária para notificações, além de trazer duas câmeras selfie. Ele oferecia 64 GB de armazenamento padrão, algo que não era comum na época, salvo raras exceções.

Infelizmente o V10 vendeu menos do que o ideal, além de apresentar problemas com reprodução de cores na tela, além de uma performance fraca de bateria.

8. LG G5 (2016)

LG G5 (Crédito: Divulgação/LG)

A proposta era interessante, mas executada de uma maneira menos que ideal. O LG G5 possuía uma bateria removível, que permitia sua acoplagem junto com acessórios, os “LG Friends”, como um player de áudio Hi-Fi e um dongle com controles de câmera, sendo este o primeiro celular modular.

A ideia não só era meio atrapalhada, visto que no mesmo ano a Motorola introduziu o Moto Z, com um conceito bem mais interessante e acessórios dos mais variados, como ter lançado o G5 capado em vários mercados, Brasil incluso, também não ajudou nas vendas.

9. LG G8X ThinQ (2019)

LG G8X ThinQ em ação (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

O LG G6 foi o primeiro com tela 2K de proporção 18:9 e com suporte a Dolby Atmos e HDR10, enquanto que o LG G8 ThinQ introduziu os gestos no ar para controle (outra vez, chegou capado ao Brasil e outros mercados), mas talvez os mais interessantes da última leva tenham sido os de tela dupla, sendo o G8X ThinQ o que trouxe mais inovações.

Ao invés de fazer como Samsung, Motorola e Xiaomi, que estavam investindo em telas dobráveis, a LG preferiu adotar a fórmula do Nintendo DS e 3DS, oferecendo uma segunda tela acessória, que se conectava pela porta USB-C. Isso permitia várias formas de uso, como um teclado que ocupa uma das telas para digitar, ou controles de jogos completos em um dos displays. Além disso, ele trazia um curioso modo ASMR, para captação de áudios para aqueles vídeos relaxantes do YouTube.

Como de praxe, o preço um tanto puxado e o fato de ser um trambolho quando usado com a Dual Screen não ajudaram nas vendas.

10. LG Wing (2020)

LG Wing (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

O Wing foi o canto do cisne da LG Mobile em termos de “pensamento lateral”, embora ele não tenha sido 100% original: seu design com tela giratória deriva do LG VX4900, um aparelho exclusivo para a Verizon que aparece no primeiro Homem de Ferro. No LG Wing, o teclado físico deu lugar a uma segunda tela por baixo da principal.

Algumas decisões atrapalhadas, como não permitir troca de apps entre telas, algo que foi corrigido após atualizações (O G8X ThinQ e outros aparelhos de duas telas da LG suportavam o recurso ao saírem da caixa) prejudicaram sua imagem, e de qualquer forma, o barco já estava indo a pique mesmo.

Menção honrosa (?): Campanhas de marketing

Girls' Generation promovendo o LG KP500, ou "Cooky", como era chamado na Coreia do Sul (Crédito: Divulgação/LG)

Girls’ Generation promovendo o LG KP500, ou “Cooky”, como era chamado na Coreia do Sul (Crédito: Divulgação/LG)

A LG Mobile sempre investiu pesado em marketing, e diferente da Samsung, desde o início foi bem menos ortodoxa, ao apostar em celebridades sul-coreanas para promover seus produtos.

Vale mencionar que a gigante sul-coreana assegurou um contrato muito lucrativo com a SM Entertainment, garantindo o grupo Girls’ Generation como suas garotas-propaganda por vários anos, promovendo principalmente TVs e celulares, como o New Chocolate abaixo.

Se hoje há campanhas de empresas com artistas como BTS, Twice, BLACKPINK e outros por todos os lados, dentro e fora do mercado mobile, é porque a LG saiu na frente.

De qualquer forma, a saída da LG do mercado de celulares, embora não surpreenda ninguém, é um desenvolvimento em que o mercado como um todo perde, por ser outra empresa saindo do cenário e reduzindo a competição, que força a inovação, algo que todos reclamam estar em falta nos últimos anos, com celulares cada vez mais potentes e nada além disso, sendo todos muito parecidos entre si.

Nisso, a LG Mobile tinha mérito não apenas por sair na frente em muitos aspectos, mas por se permitir a dar forma a ideias inusitadas e bizarras, apenas pela inovação em si.

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