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Resenha: Estabilizador / Gimbal P6A – Uma grata surpresa

O gimbal P6A é o primo pobre do DJI Osmo Pocket, e uma aposta, será que um equipamento tão mais barato pode atender razoavelmente a demanda suprida por um produto premium? Spoiler: Sim, incrivelmente sim.

Gimbal P6A (Crédito: MeioBit / Carlos Cardoso)

Breve Histórico

Hoje em dia todo celular vem com uma câmera decente, que só não filma direito OVNIs, fantasmas e políticos honestos, mas mesmo ignorando o maldito hábito de filmar na vertical, assim que a gente começa a andar, a imagem fica um lixo de tremida.

Se você tem um iPhone 18 ou um daqueles Huaweis de R$30 mil, qualquer filmagem em movimento parece feita pelo Michael J Fox, bêbado sentado na máquina de lavar durante um terremoto. A solução para isso é um estabilizador, popularmente conhecido como Gimbal. Eu tenho um Zhyum Smooth 4 que é excelente, mas sendo honesto é um trambolho.

Zhiyum Smooth 4 vs Gimbal P6A. (Crédito: MeioBit / Carlos Cardoso)

Não entenda mal; o Smooth 4 é um Gimbal excelente se for usado em uma filmagem planejada, mas não dá para levar no bolso e usar para filmagens de oportunidade. Isso foi um problema até a DJI lançar o DJI Osmo Pocket:

DJI Osmo Pocket. É caro. (Crédito: DJI)

O bicho é lindo, minúsculo, com uma câmera 4K e cheio de recursos. Infelizmente em lojas confiáveis ele sai em média a R$3000. O DJI Osmo Pocket 2 sai mais caro ainda.

Por sorte podemos contar com a China para canibalizar a si mesma; sempre que uma inovação tecnológica surge, é garantido que algum tempo depois alguém oferecerá uma alternativa péssima, que se transformará em ruim e eventualmente evoluirá para uma alternativa razoável e dentro do orçamento de pessoas normais. A questão é: O Gimbal P6A é essa alternativa?

Vendido a R$1000, 1/3  do custo do DJI Osmo Pocket, o P6A é sui generis. Um legítimo produto OEM, ele é oferecido por umas duas ou três empresas, mas é mais facilmente encontrado apenas pelo modelo, e a versão que achei não tem sequer nome do fabricante. É como se você fosse comprar um celular e na caixa viesse apenas o modelo da CPU, memória e versão do Android.

Gimbal P6A – Características

  • Dimensão: 12,9 * 3,8 * 4,1 cm
  • Peso: 134 gramas
  • Sensor: Sony IMX214 (1/3. 06 ”13 MP)
  • Bateria: 1600mAh
  • Autonomia: 140 minutos
  • Resoluções de vídeo: 4K 30fps / 2.7K 30fps / 1080p 60 fps / 1080p 30 fps / 720p 30 fps
  • Câmera lenta: 1080p ½ velocidade / 720p ¼ velocidade
  • Resolução de foto: máximo de 4000 x 3000 pixels
  • Suporta WIFI
  • Filma em timelapse
  • Cartão de memória: MicroSD max 128GB
  • Microfone
  • Rosca ¼ para tripé
  • Tela de toque colorida 1.2 polegadas
  • Conector: USB-C
  • Lente grande angular com 110 graus de abertura
  • Estabilização mecânica em 3 eixos

Unboxing e Uso

O Gimbal P6A vem em uma caixa simples, com o Gimbal, um cabo USB-C, uma correia de pulso e uma capa emborrachada. No corpo, bem pequeno, temos apenas dois botões. Um lateral para servir de liga / desliga e um na traseira, que controla o disparador.

O Gimbal P6A dentro da capa emborrachada. Pilha para escala – estou sem bananas (Crédito: MeioBit / Carlos Cardoso)

Todo o resto das configurações é feita pela tela de toque. Temos a tela principal com a imagem corrente. Deslizando para baixo, podemos escolher se queremos bips audíveis, se os vídeos serão gravados com ou sem som, se a imagem na tela será em 16:9 ou 4:3 (não afeta a imagem filmada), brilho de tela, formatação do cartão MicroSD, WIFI, e etc.

Por etc quero dizer mais configurações: Calibração do gimbal, auto-desligamento, linguagem da interface, reset de fábrica e freqüência da rede elétrica, para reduzir o flickering das lâmpadas.

O P6A é acima de tudo discreto (Crédito: MeioBit / Carlos Cardoso)

Deslizando a tela para cima, temos acesso aos vídeos e fotos, caso você queria conferir sem precisar usar o celular.

Deslizando para a direita, temos os vários modos de captura de imagem: Foto, vídeo, câmera lenta e timelapse.

Em timelapse você consegue capturar vídeos a um frame a cada 1/2/5/10/30/60 segundos, mas se você for usar essas taxas mais lentas, recomendo que o Gimbal P6A esteja ligado a um powerbank ou tomada.

Deslizando para a esquerda, temos opção para recentralizar o Gimbal, mudar a câmera de modo normal para modo selfie, e opção para escolher entre modo normal e modo “ágil”, que acompanha com mais velocidade seus movimentos, bom para filmar andando mais rápido.

Foto não-alterada, 4000×3000 feita com o Gimbal P6A. Clique para engrandalhecer (Crédito: MeioBit / Carlos Cardoso)

Nesta tela também é possível configurar os modos de operação do Gimbal, que são: Half Follow, Follow e FPV.

O Gimbal P6A em modo FPV funciona como uma câmera comum com estabilização de imagem. Se você inclina o gimbal, ele acompanha seu movimento. No modo Follow ele se foca em um ângulo e tenta se manter fixo nele. No modo Half-Follow ele libera o ângulo vertical. No vídeo demonstrativo isso fica bem mais fácil de entender.

O Software do Gilmbal P6A

Sejamos honestos: O calcanhar de Aquiles da China é software. Se o produto não for de uma empresa high-end então, você está ferrado, vai ficar preso a aplicativos feitos nas coxas, com bugs horrendos e interfaces medonhas, o Pequeno Ping deveria se envergonhar dos US$0,50/dia que ganha pra programar essas desgraças.

Quando fui procurar o software do Gimbal P6A, usei o QR Code do manual, e dei de cara com um erro de servidor no site oficial. Mau sinal.

Usando meu Google Fu, achei a app recomendada no Google Play. Estava com cotação 2.4, péssimo sinal.

NOTA: Caso interesse e saia do ar, aqui os links pra app:

Nunca estive tão enganado.

O software é redondinho, pobre porém limpinho, humilde e honesto. Sem grandes firulas, ele permite fazer literalmente tudo que você faz no Gimbal P6A. Pode transferir diretamente imagens e vídeos, configurar os vários modos de filmagem, formatar cartão MicroSD, verificar versão de firmware, nível da bateria, etc, etc e etc.

Agora o que não se vê em nenhuma outra resenha: O software do Gimbal P6A permite que você configure balanço de branco, exposição e ISO para o modo de vídeo e o modo de foto, e mais além.

No modo-foto você pode configurar a exposição, variando a velocidade do obturador de 1/2000 a 32 segundos. Yeah baby dá pra fazer longa exposição com ele.

Experiência de uso

Eu precisei comprar uns parangolés no Centro da Cidade. Peguei uma barca para fazer filmagens na Baía de Guanabara. Fiz timelapses, algumas câmeras lentas, usando o Gimbal P6A e um mini-tripé que comprei no Mercado Livre, em superfícies planas estáticas ele não é necessário, mas como a barca treme e balança, o tripezinho ajuda.

O Gimbal P6A coube perfeitamente no bolso, em comprimento ele é menor do que o celular. A capa emborrachada é uma excelente proteção, meu único incômodo foi a correia de pulso, um pouco apertada para quem tem mãos gordas ossos largos.

O peso de 134 gramas é mínimo, e se concentra no corpo do Gimbal, o que aumenta o senso de equilíbrio. Afirmo sem medo de errar que é muito mais confortável do que filmar algo com o celular.

 

A tela de 1.2 polegadas, é inútil num dia de sol no Rio de Janeiro, você não enxerga bicas sem trazer pra bem perto do rosto e fazer sombra com a mão livre, mas a lente com grande angular garante que você dificilmente vai perder o enquadramento do seu objeto de interesse.

Para testar a capacidade do Gimbal P6A em gravar continuamente, peguei um VLT e me aventurei até altas quebradas, uma estação enganosamente chamada Praia Formosa. Foram uns 25 minutos de viagem, comigo filmando sem parar.

O Gimbal quebra o vídeo em vários arquivos de 3GB, equivalentes a oito minutos de gravação 4K 30fps, em formato H264 AVC. Curiosidade: O Gimbal não tem relógio interno então todos os arquivos têm suas datas de criança como 1/1/2019. Não conte com esse dado para se organizar.

Comparando com o DJI Osmo Pocket

O Gimbal P6A perde em várias áreas, o DJI Osmo Pocket grava em 4K/60 fps, enquanto o P6A só faz 30 fps. O Osmo também faz Full HD 1920×1080 a 120 fps, e tem capacidade de fazer timelapse em movimento.

Por outro lado, ele perde em campo de visão (80 graus vs 110 graus do Gimbal P6A) e a longa exposição dele só chega a oito segundos, contra trinta do P6A. A duração de bateria é a mesma – 140 minutos – bem como o sensor, 13Megapixels.

Um grande diferencial a favor do Gimbal P6A é a inclusão de uma rosca para tripé, é inconcebível que a DJI não tenha incluído esse item básico em seu bem mais caro em seu gimbal. OK, o Osmo Pocket tem um conjunto bem grande de acessórios, mas isso deixa de ser vantagem quando o investimento inicial é de três vezes o do P6A.

Autonomia do Gimbal P6A

Eu cheguei na Estação das Barcas 09:40. Comecei a brincar com o Gimbal. Entre andar pelo Centro do Rio, passear de VLT, ir almoçar no Escada Shopping (está o paraíso da misantropia, vazio e com separação obrigatória entre as mesas) e voltar para casa, a bateria se esgotou 15:40 no meio da Linha Vermelha. Um powerbank com carga rápida e o bicho dá pra ser usado o dia inteiro, até porque ninguém filma uma hora sem parar.

Haja Espaço

Foram pouco mais de 21GB de vídeos e fotos, durante algumas horas de aventuras, filmando bem menos do que eu gostaria. 4K é punk, vai comer MUITO espaço e seu cartão de memória tem que ser decente. Eu usei um Sandisk Extreme 32GB MicroSDHC U3 V30 A1, ele suporta tranquilo os 60mbps de velocidade de gravação do stream 4K. Cuidado na compra, há muito cartão falso por aí, se a oferta parece boa demais pra ser verdade, costuma ser marmotagem mesmo.

Gimbal P6A: Conclusão

Muito, muito tempo atrás eu comprei uma câmera VHS-C. Era compacta, o que significa que só pesava 75Kg e as baterias de 25Kg duravam quase meia-hora. Juntando fitas, adaptador de fitas, carregador, baterias, cabos, etc, eu devo ter usado a câmera em viagens umas três vezes.

Quando saía para cobrir eventos usando minha fiel Sony H50 ou a Nikon L820, levava junto tripe, microfone, carregador, cabos, a tralha toda. Acredite, cansa carregar um tripé na mochila.

O Gimbal P6A me permitiu pela primeira vez passar o dia inteiro com uma câmera de qualidade, estabilizada, sem incômodo de carregar peso desnecessário. Óbvio que não se compara a um DJI Osmo Pocket II e seu incrível sensor de 64 Megapixels, mas custa ¼ do preço. A qualidade da imagem é mais que satisfatória, a estabilização mecânica é excelente e ainda tem a vantagem de não gastar a bateria do seu celular.

É algo que vai fazer de você o próximo Spielberg, James Gunn ou mesmo John Stagliano? Não, mas a relação custo/benefício é imbatível.

Cotação:

5/5 Georges Lucas

PS: Sim, o Gimbal P6A tem um modo selfie pra quem gosta de fazer vlog. Eu não testei.


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