Resenha: Falcão e o Soldado Invernal (com spoilers)

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Falcão e o Soldado Invernal é a mais recente série original da Disney+ ambientada no MCU, e estrelada por dois dos mais populares heróis aliados do Capitão América, tendo que lidar com sua ausência e as consequências ao mundo depois do “blip”. Confira o que achamos dos primeiros três capítulos da série, de um total de seis, a seguir.

Falcão e o Soldado Invernal (Crédito: Divulgação/Disney+)

Falcão e o Soldado Invernal (Crédito: Divulgação/Disney+)

Novo mundo, velhos problemas

Assim como WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal aborda o luto, mas ao invés do Visão, quem bateu as botas foi Steve Rogers (ninguém viu, mas é evidente). O mundo lamenta a perda do Capitão América, assim como Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes (Sebastian Stan), que lutaram ao seu lado até o fim.

Os dois não se aguentam desde os primeiros encontros, mas são o mais próximo de “amigo” que um tem no outro, mas eles não são os únicos que sentem que o Capitão fará falta. O governo não está contente em ter perdido o seu garoto-propaganda (mesmo Rogers nunca tendo atuado assim, a não ser no comecinho de O Primeiro Vingador), e o fato de Sam ter aberto mão do escudo abre caminho para que um novo herói fiel ao sistema seja apresentado.

Ao mesmo tempo, os protagonistas terão que lidar com uma rede terrorista que conseguiu colocar as mãos em uma versão aperfeiçoada do soro do supersoldado, recriada tendo como base um dos capítulos mais controversos da história da Marvel.

Vamos dar uma olhada nos vários personagens da série.

Sam e Bucky

A dupla de dois super-tiras (só que não) estão cada um à sua maneira velando Steve Rogers, enquanto ambos têm sua carga particular de problemas, com o Falcão principalmente tendo que se ajustar à vida após ser “blipado” de volta.

Sua irmã, Sarah, se segurou como pôde por 5 anos, no que é revelado que os Vingadores não tinham salário ou seguro de vida. Basicamente o grupo vivia de doações e investimentos de Tony Stark, que nunca se incomodou em oferecer contratos formais. No máximo, Sam tinha seus contratos militares, mas mesmo isso não garante um simples empréstimo no banco.

Sam ainda se vira fazendo missões como o Falcão em apoio aos militares, sendo ele próprio um Paraquedista de Resgate, com seu traje voador e seu drone Asa Vermelha, já que não dava para justificar um falcão de verdade com que o herói conversa telepaticamente, como nas HQs.

Sam e Bucky não se suportam, mas não se largam (Crédito: Reprodução/Disney+)

Sam e Bucky não se suportam, mas não se largam (Crédito: Reprodução/Disney+)

Sam acaba entregando o escudo do Capitão a um museu, por não se achar digno de usá-lo, o que irrita James Buchanan “Bucky” Barnes, ex-Soldado Invernal (ele odeia o nome, mas talvez prefira Lobo Branco), atualmente em condicional e em processo de perdão por seus crimes, sob supervisão de uma psicóloga. Depois de pular de guerra em guerra por quase 90 anos, Bucky não sabe o que fazer da vida, além de tirar Sam do sério.

O primeiro capítulo abre com uma excelente cena de ação, com Sam chutando a bunda de Batroc, o mesmo vilão que Steve usou para limpar o chão em Capitão América 2: O Soldado Invernal. Bucky por sua vez, ouve da psicóloga um interessante pergunta, ao dizer que ele não fez nada além de lutar por quase um século, e fica sem ação:

“Agora que você parou de lutar, o que você quer fazer?”

Sam e James acabam se unindo a contragosto, porque um não consegue tolerar o outro, graças a terroristas descontentes com os rumos do mundo graças ao “blip”, que trouxe os bilhões apagados por Thanos de volta. Isso e o lance do escudo.

A trama segue um ritmo bem mais filme de espionagem, num repeteco de Soldado Invernal, o que é uma boa escolha, dada a trama focada exclusivamente em personagens e antagonistas mais urbanos, envolvidos em ações de espionagem e terrorismo. Não surpreende, portanto, que vários deles tenham saído de histórias do Capitão América publicadas nos anos 1980, e de uma mesma cabeça.

John Walker

John Walker no MCU e nos quadrinhos (Crédito: Reprodução/Disney+/Marvel comics)

John Walker no MCU e nos quadrinhos (Crédito: Reprodução/Disney+/Marvel comics)

Claro que o escudo não ia ficar no museu por muito tempo, e o governo dos EUA decide que era hora do país ter novamente um Capitão América. O escolhido é John F. Walker (Wyatt Russell), um soldado com histórico militar invejável, embora demonstre na série as mesmas características de temperamento do original nas HQs, um militarista radical sempre na borda do ultranacionalismo.

Walker é usado como Rogers foi no início de sua carreira (até a música Star-Spangled Man with a Plan foi remixada para a apresentação no Good Morning America, programa matinal da ABC, porque Disney), como peça publicitária para vender bonés, camisetas, bonecos e tudo o mais que puder ser capitalizado, ao invés de títulos de guerra, mas dá na mesma.

O personagem foi criado nos anos 1980 pelo roteirista Mark Gruenwald (1953-1996) como um reflexo da Era Reagan, um substituto de Steve Rogers após este desistir de seu o Capitão América, ao se recusar agir como um supersoldado com ações controladas por uma comissão do governo. A fase de Walker como Capitão durou pouco, mas ele fez um tremendo estrago ao se mostrar muito mais violento, tendo inclusive matado oponentes.

No MCU, Walker já mostrou sinais de que é bem mais radical do que Rogers, e talvez acabe trilhando o mesmo caminho. Seu parceiro, Lemar Hoskins, vulgo Battlestar (Estrela Negra no Brasil, e esse foi o nome que a Abril adotou nas HQs; a Disney só o manteve) serviu com Walker no exército, mas nenhum dos dois é um supersoldado.

Lemar chegou a vestir o traje de Bucky e usar o nome, mas a Marvel rapidinho mudou de ideia, ao lembrar que “Black Buck” é um termo para lá de racista. Nas histórias, o personagem apontou este exato motivo para adotar a identidade de Battlestar.

Lemar Hoskins como Bucky. Não durou (Crédito: Reprodução/Marvel Comics)

Lemar Hoskins como Bucky. Não durou (Crédito: Reprodução/Marvel Comics)

Walker só perdeu o posto de Capitão América quando Steve Rogers, que na época usava um traje negro e a alcunha de “Capitão”, descobriu que a comissão era manipulada pelo Caveira Vermelha, que armou para que a imagem do herói fosse destruída, mexendo os pauzinhos para colocar um maluco para assumir o manto de seu maior inimigo.

Walker ficou com o traje negro e passou a se chamar Agente Americano, tendo entrado para os Vingadores, embora continuasse bem radical, mas menos maluco. Hoskins por sua vez praticamente sumiu, aparecendo de vez em quando em algumas histórias.

Nas HQs ele usa um traje parecido com o visto na série, mas sem o escudo triangular, uma cópia do original do Capitão América.

Lemar Hoskis na série e nas HQs (Crédito: Reprodução/Disney+/Marvel Comics)

Lemar Hoskis na série e nas HQs (Crédito: Reprodução/Disney+/Marvel Comics)

Nos quadrinhos, tanto Walker quanto Hoskins eram ex-soldados que se submeteram a um procedimento de aumento de força similar ao do soro do supersoldado, mas com resultados muito superiores. Ambos possuem força, agilidade e reflexos sobrehumanos, e são em média 10 vezes mais forte que Steve Rogers.

O responsável por lhes dar superforça foi o empresário Curtiss Jackson, conhecido como Mercador do Poder. Ele foi mencionado na série, é o suposto líder de Madripoor e um dos principais antagonistas, mas até agora, ninguém sabe, ninguém viu. Portanto, há chances de que o personagem seja bem diferente do original.

O plot principal gira em torno de um experimento bancado pelo Mercador, em que o soro do supersoldado foi replicado e aperfeiçoado, mas os Apátridas roubaram as doses. O conflitoentre ambos acaba envolvendo os militares, que é onde Walker e Hoskins entram, adicionando mais gasolina no fogo.

Sharon Carter

Sharon virou a bambambam em Madripoor, ou seja: não brinque com ela (Crédito: Reprodução/Disney+)

Sharon virou a bambambam em Madripoor, ou seja: não brinque com ela (Crédito: Reprodução/Disney+)

Na última vez em que Sharon Carter (Emily VanCamp) foi vista, a ex-Agente 13 da S.H.I.E.L.D. e sobrinha-neta favorita da Peggy tinha virado a inimiga pública número 1 da América, ao ajudar a Gangue do Capitão a fugir das autoridades. Desde então ela sumiu, desapareceu, escafedeu-se dos filmes.

Como ela não podia ser vista em público, Sharon acabou por se esconder no maior reduto de vilões, malfeitores e gente questionável da Terra: a nação insular de Madripoor, onde acabou se tornando uma negociante de arte no mercado negro.

Embora Sharon aproveite a boa vida, o lugar em si é um inferno, frequentado por gente com ficha 120% suja. Ela acaba ajudando Sam e Bucky na busca pelos responsáveis por recriar o soro do supersoldado, em troca de uma ficha limpa, embora ela não acredite muito na oferta.

Sharon acabou por se tornar uma personagem bem diferente do que a vista nos filmes, alguém que teve que se sujar para continuar viva, o que é compreensível. Ela deu indícios de saber mais sobre o Mercador do Poder do que demonstra, logo, espere surpresas.

Barão Zemo

Zemo nas HQs e do MCU (Imagem: Reprodução/Marvel Comics/Disney+) / falcão e o soldado invernal

Zemo nas HQs e do MCU (Imagem: Reprodução/Marvel Comics/Disney+)

Em Capitão América: Guerra Civil, Helmut Zemo (Daniel Brühl, de 7 Dias em Entebbe) não era mais do que um terrorista obcecado com a Hidra, a S.H.I.E.L.D. e o Soldado Invernal, mas na série seu papel foi expandido, ao revelar que ele e sua família faziam parte da aristocracia sokoviana.

Zemo, assim como nas HQs, é de fato um barão, mas o original era literalmente um refugo nazista e um dos maiores inimigos dos Vingadores. Seu pai, o Barão Heinrich Zemo, foi responsável pelo acidente que prendeu o Capitão América no gelo e explodiu o braço de Bucky, posteriormente capturado pelos soviéticos.

Em Falcão e o Soldado Invernal, Helmut conhece muito bem o submundo do crime e ainda deseja livrar o mundo de qualquer coisa que remeta a superhumanos, o que o leva a ajudar Sam e Bucky, mas é certo que isso não vai durar.

Os Apátridas

Karl e Karli Morgenthau, duas versões do Apátrida (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney+) / falcão e o soldado invernal

Karl e Karli Morgenthau, duas versões do Apátrida (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney+)

Nos quadrinhos, Apátrida era a identidade de Karl Morgenthau, um terrorista que liderava uma organização chamada Ultimato, que defendia o fim das fronteiras entre países e a unificação dos povos, através da força. Ele e seu grupo entraram várias vezes em conflito com o Capitão América, sendo outra criação de Mark Gruenwald.

Na série, o grupo mudou de nome (talvez por “certas” localizações de filmes) para Apátrida e Karl mudou de gênero, o que na prática é um upgrade, já que ele sempre foi um bucha.

Karli (Erin Kellyman, vista na bomba Han Solo: Uma História Star Wars) é a líder dos Apátridas, cujos membros da célula principal conseguiram se tornar supersoldados, e depois disso roubaram as doses restantes. Ela comanda um grupo de pessoas que não estão contentes com os governos dando mais atenção àqueles que voltaram à vida depois do “blip” (como é chamado o evento em que os sumidos voltaram), do que àqueles que ficaram se ferrando por 5 anos.

Os Apátridas não odeiam os que reviveram, mas não aceitam que os que ficaram sejam desprezados pelas autoridades e pelo Conselho de Repatriamento Global, uma organização criada para reabilitar os “blipados”, ajudando com moradia e na recuperação de seus estados civis, já que estavam todos legalmente mortos por meia década.

O grupo está na mira tanto do Mercador do Poder quanto do Capitão Walker, mas embora eles acreditem estarem fazendo o que acham certo, distribuindo mantimentos para os necessitados, isso não muda o fato de que os Apátridas são terroristas, o que Karli deixou bem claro no terceiro episódio.

Isaiah Bradley

Acredite, pegaram MUITO leve com Bradley na série (Crédito: Reprodução/Disney+) / falcão e o soldado invernal

Acredite, pegaram MUITO leve com Bradley na série (Crédito: Reprodução/Disney+)

O personagem vivido por Carl Lumbly na série (visto recentemente como o marciano M’yrnn em Supergirl) é pivô de uma parte do passado que Sam não fazia ideia que existia, mas que faz sentido do ponto de vista do governo dos EUA: ele foi cobaia em um experimento que buscava recriar o soro do supersoldado e produzir mais indivíduos como Steve Rogers.

Na série, Bradley atuou na Guerra da Coreia e arrancou o braço mecânico do Soldado Invernal só com as mãos, mas fora isso, foi mantido preso por 30 anos e experimentado, provavelmente por ser o único em que o procedimento deu certo.

Se você achou essa parte pesada, nas HQs é bem pior: o programa recrutou 300 negros como cobaias, Bradley entre eles, e incialmente apenas 5 sobreviveram, mas como o soro era imperfeito, ele deixou todos estéreis, além de causar outros efeitos negativos. O esquadrão de supersoldados negros foi dizimado na guerra, com Isaiah sendo o único sobrevivente.

Em seu último ato no conflito, ele rouba um traje sobressalente do Capitão América e invade um campo de prisioneiros. Depois de resgatado, Bradley foi preso, levado à Corte Marcial pelo furto do uniforme e condenado à prisão perpétua. Ele ficou 17 anos confinado na solitária até ser solto e perdoado em 1960, mas o estrago já tinha sido feito.

Como consequência do soro mal feito e do confinamento, as funções cognitivas básicas de Bradley se deterioraram, deixando-o com a mentalidade de uma criança de 5 anos de idade, tendo inclusive desaprendido a falar. A versão MCU ao menos manteve a lucidez, embora seja um homem traumatizado e quebrado.

Isaiah Bradley nas HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics)

Isaiah Bradley nas HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics)

O mais assustador é descobrir que a história de Bradley foi inspirada em fatos reais. Entre 1932 e 1972, o Departamento de Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos EUA infectou deliberadamente centenas de afro-americanos com sífilis, como forma de estudar os efeitos da doença em humanos, além de mentir para os pacientes ao dizer que seriam tratados (não foram).

O episódio, conhecido como Experimento de Tuskegee, foi uma demonstração brutal de falta de ética na medicina, e um dos estudos em biomedicina mais infames da história dos EUA. Um pedido de desculpas formal do governo a todos os afetados só veio em 1997, pelo então presidente Bill Clinton. A série passa rapidamente pelo tema, mas é provável que a existência de Isaiah cause impacto em Sam daqui por diante.

Para saber mais, recomendo MUITO que leiam a minissérie em 7 edições Verdade: Vermelho, Branco e Negro, de Robert Morales e Kyle J. Baker. Infelizmente a história está fora de catálogo a anos, mas você pode ler a versão digital em inglês graças à Amazon, seja no Kindle ou no Comixology.

Conclusão

Falcão e o Soldado Invernal tenta pintar um quadro sobre os rumos que o MCU, especificamente os Estados Unidos, irão tomar a partir de agora. Sam e Bucky estão tentando se ajustar à nova realidade, mas nem todo mundo quer que as coisas progridam.

Por outro lado, a narrativa tende a apresentar possibilidades e não explorá-las. A série levanta bolas interessantes de tempos em tempos, como a história de Isaiah Bradley, tateando temas espinhosos para os americanos, mas logo em seguida vira para o lado e diz “OK, sigamos em frente”. Claro que HQs são uma coisa e TV é outra, não dá para abordar tudo de uma vez.

No mais, o ponto acertado em Falcão e o Soldado Invernal foi aproximar o fio condutor de Capitão América 2: O Soldado Invernal, com uma história mais mundana (para os padrões do MCU) e focada em problemas comuns de gente não tão super, com cenas de ação muito bem feitas.

Para quem curtiu 24 Horas, a série tem o ritmo certo para agradar.

Onde assistir:

Falcão e o Soldado Invernal está disponível no Disney+.

Nota:

Crédito: Reprodução/Marvel Comics

Crédito: Reprodução/Marvel Comics

4/5 Asas Vermelhas.

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