As agências espaciais de todo mundo estão em alerta desde o início do ano por conta dos efeitos cada vez mais frequentes de colisões entre satélites na órbita do planeta, o que pode já ser um sinal de que o limiar da Síndrome de Kessler (uma teoria, elaborada nos anos 1970 pelo consultor da NASA Donald J. Kessler, que diz que uma colisão contínua de detritos provocaria incidentes em cascata, aumentando exponencialmente os detritos ao redor do planeta) foi ultrapassado.
Segundo dados da Agência Espacial Europeia, nos últimos 15 anos dois terços dos satélites lançados para operar em órbita geoestacionária estão a 300 quilômetros acima de onde operavam, na chamada órbita cemitério. Acima dos 400 ainda ativos estão 1,5 mil objetos de grandes proporções – de satélites desativados a fragmentos de lixo espacial.
Para dar conta desses detritos, estão sendo desenvolvidas armas antissatélites. Porém, a agência espacial russa, a Roscosmos, deu o alerta sobre um efeito colateral desse tiro ao alvo espacial: o aumento considerável de lixo que circula na órbita baixa da Terra. Para o diretor do Instituto de Astronomia da Academia Russa de Ciências, Boris Shustov, a quantidade de detritos espaciais já pode ter atingido o limiar da síndrome de Kessler.
Mais 12 mil satélites
Lixo espacial é um problema que parece não perturbar os EUA e mais China, Rússia e Índia, que têm divulgado planos de voltar à Lua e se aventurar pelo espaço profundo. No caminho para as estrelas, porém, existem cerca de 166 milhões de objetos; destes, apenas 18 mil são monitorados.
Desde os anos 1960, o número de objetos em órbita continua a crescer rapidamente, com 400 novos satélites a cada ano. E esse número não pára de crescer: só a SpaceX recebeu aprovação para lançar 12 mil satélites. Se nada for feito sobre o problema, as colisões se tornarão até 25 vezes mais prováveis, o que significa que voos espaciais seriam quase impossíveis.
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