Você deve ter ouvido falar do lançamento recente da LightSail 2, uma nave diminuta dotada de velas que pegou uma carona com o foguete Falcon Heavy, da SpaceX, para entrar em órbita e iniciar uma porção de testes. Desenvolvido por iniciativa da Planetary Society através de uma campanha de crowdfunding e parcerias com instituições de ensino e times de cientistas, a LightSail 2 é composta por um satélite do tipo cubesat um pouco menor que um pão de forma e um conjunto de velas que, abertas, têm o tamanho de um ringue de luta.
Viajando com a luz
Conforme explicou Bill Nye, CEO da Planetary Society, ao pessoal do site Wired – você pode conferir o vídeo no final desta matéria –, atualmente, uma das maiores dificuldades com relação às viagens espaciais é a questão do combustível necessário para se colocar um foguete em órbita e permitir que ele siga em seu trajeto pelo cosmos. A tecnologia das velas solares vem sendo desenvolvida para superar essa dificuldade, uma vez que, em vez de serem movidas por propelentes, elas funcionam a partir dos fótons emitidos pelo Sol.
O satélite que compõe a LightSail 2 – batizado de PROX-1 – foi desenvolvido por estudantes do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos EUA, e mede 30 centímetros de altura por 10 cm de largura e outros 10 cm de profundidade. Já as velas são produzidas a partir de um material super-resistente muito mais fino do que um fio de cabelo humano e com grande resistência térmica chamado Mylar que, quando aberto, possui uma superfície de 32 metros quadrados.
É no satélite que se encontram todos os instrumentos e sensores necessários para a realização de levantamentos e medições no espaço, bem como um par de câmeras e os diminutos motores para a abertura das velas – que, até se serem destacadas, ficam dobradinhas feito um origami no interior do PROX-1. Elas têm espessura de 20 mícrons, são as responsáveis por permitir o deslocamento da LightSail 2, e o princípio é que as partículas de luz emitidas pelo Sol atinjam as velas e façam a pequena nave se mover, da mesma forma que o vento empurra os veleiros aqui na Terra.
No caso da LightSail 2, ela também é equipada com uma roda de reação e, cada vez que uma nova órbita é realizada, ela gira cerca de 90 graus – e essa manobra, além de alterar seu momento angular, produz torque, e a nave pode atingir velocidades de 100 km/s. Ademais, existe a possibilidade de se empregar lasers poderosos que poderiam ser disparados aqui da Terra para dar uma forcinha extra a esse tipo de nave, mas ainda existem várias questões que precisam ser solucionadas antes de se testar essa alternativa.
Aplicações
Apesar de funcionarem sem o uso de propelentes e terem o potencial de poder chegar a outros sistemas planetários e até de um dia serem enviadas em missões para explorar a galáxia, naves com tecnologia semelhante à da LightSail provavelmente jamais serão capazes de transportar humanos, visto que, além de sermos pesados, exigimos um complexo suporte para poder sobreviver no espaço.
Por outro lado, as navezinhas são, hoje, a única tecnologia disponível para a realização de viagens espaciais de longa distância e podem ser de grande utilidade em missões exploratórias, bem como para a realização do monitoramento de tempestades solares – que são eventos que oferecem o risco de causar o caos aqui na Terra. Além disso, esses satélites poderiam ser colocados para vasculhar o Sistema Solar busca de rochas espaciais cujas órbitas as coloquem em rota de colisão conosco ou regiões pouco exploradas ainda, como é o caso do Cinturão de Kuiper, onde existe uma alta concentração de corpos celestes gelados. Assista à entrevista com Bill Nye a seguir:
*Você pode ativar as legendas automáticas e tradução para o português no menu do vídeo.
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