O Galaxy S20 Ultra é o celular topo de linha da atual família de celulares premium da Samsung. Tudo nele é avantajado: tela de 6,9 polegadas, câmera principal de 108 megapixels e zoom de até 100x, câmera selfie de 40 megapixels, bateria de 5.000 mAh, 12 ou 16 GB de RAM e 128 ou 512 GB de espaço interno.
Tal conjunto permite ao aparelho entregar uma experiência de uso sem igual em celulares Android, e por isso, seu preço não é nada modesto.
Afinal, todos esses números se justificam? Eu testei o Galaxy S20 Ultra por duas semanas e conto o que achei dele nos próximos parágrafos.
Design
O Galaxy S20 Ultra impressiona desde os primeiros momentos. Não apenas por seu tamanho avantajado, mesmo para alguém com mãos grandes e dedos longos como eu, mas também pelo acabamento em geral. O corpo de alumínio fica acomodado entre as camadas frontal e traseira do vidro Gorilla Glass 6 da Corning, em um conjunto compacto e robusto.
A tela de 6,9 polegadas ocupa quase toda a frente, e as bordas curvas laterais foram bastante suavizadas. O notch em forma de furo é discreto e não incomoda, e talvez o elemento que mais incomode a princípio seja o “dominó”, o calombo das câmeras traseiras. Embora menos espesso que a abandonada protuberância da linha Morotola Moto G, ele ainda chama a atenção.
A porta P2 deu adeus no Galaxy Note 10 e não aparece aqui também; o kit vem com um fone de ouvido AKG com conector USB-C, logo, caso o usuário queira usar um fone com fio antigo, ele terá que comprar um adaptador. Claro que uma opção mais elegante é usar fones de ouvido wireless, embora eles sejam bem mais caros.
No conjunto da obra, o Galaxy S20 Ultra é um celular muito bonito e atraente, ainda que grandalhão e pesado (220 g).
Tela e som
A Samsung pode ser a fornecedora de telas do iPhone, mas ela guarda a prata da casa para si. O display Dynamic AMOLED do Galaxy S20 Ultra possui um brilho poderoso, uma reprodução de cores fieis, nível de preto e ângulo de visão excelentes, e um leitor de digitais ultrassônico sob a tela bastante rápido e preciso.
Em suma, tudo o que já foi visto no Galaxy Note 10. Então, qual é a diferença?
A Samsung introduziu um recurso que surgiu lá atrás com o Razer Phone, que é um modo de taxa de atualização mais alto. Aqui, o usuário pode optar por usar o padrão de 60 Hz ou aumentar para 120 Hz, criando um efeito de suavidade tão fluído que parece irreal.
Infelizmente, o modo avançado de frame rate sacrifica a resolução máxima da tela, que fica limitada ao Full HD+ (2.400 x 1.080 pixels); para usar o máximo WQHD+ (3.200 x 1.440 pixels), só com a tela em 60 Hz.
O segundo revés do modo de 120 Hz diz respeito ao consumo energético, e falarei dele mais para a frente.
Já o som possui um bom ajuste de graves e pouca distorção nos agudos, com um resultado agradável mesmo sem fones ou caixas Bluetooth acessórias. Claro que para uma performance mais adequada, periféricos de som sempre serão a melhor pedida.
Software
O Android 10 roda aqui na interface One UI 2.1, que possui um bom equilíbrio entre forma e função: não há firulas desnecessárias, animações pesadas ou bloatwares excessivos.
Com o passar dos anos, a Samsung foi aprendendo que menos é mais e tratou de polir o que dava certo.
As notificações são discretas, dependendo do que você está fazendo; ao rodar jogos, é possível ativar um modo sem distrações que oculta tudo, assim, você não será atrapalhado durante uma partida de Fortnite ou outros títulos. Outro recurso interessante é o de acesso rápido, que permite manter até 3 apps na RAM rodando constantemente.
A interface faz uso da grande tela com folga, mas pensa também em usuários com mãos menores, com tudo ao alcance dos dedos, dispensando ginásticas e alongamentos. A Bixby, a assistente virtual da Samsung finalmente aprendeu o português brasileiro, mas chegou fora do timing: com a linha Galaxy S20, o botão dedicado deu adeus.
Tirando isso, quem está acostumado com Siri, Google Assistente, Cortana e Alexa não terá dificuldades aqui, a Bixby entende tudo e fornece comandos diversos.
O recurso mais subutilizado, na minha opinião é a Tela Edge, a aba na lateral direita que permite fixar atalhos. Com as bordas suavizadas, ficou um pouco mais difícil aciona-la, ainda mais se usando o aparelho com a capinha de silicone que acompanha o kit. Ainda assim, é uma opção para quem precisa.
Hardware, desempenho e bateria
Processador octa-core Exynos 990, 12 ou 16 GB de RAM e 128 ou 512 GB de espaço interno, expansível via microSD. Este conjunto permite ao Galaxy S20 Ultra entregar uma performance monstruosa, sem engasgos em multitarefa ou lentidão em jogos, por mais pesados que eles sejam.
Eu realmente tentei cansar o bichinho, abrindo uma série de apps, pulando entre eles, saltando de um jogo para outro e nada. Tudo abre bem, tudo roda rápido e macio.
A bateria, com 5.000 mAh é a maior já equipada em um Galaxy S, e ela dá conta do recado… no modo de tela em 60 Hz. Com ele selecionado e na resolução máxima, eu o tirei da tomada às 8:00, rodei duas horas de streaming de música, duas horas de Netflix, uma hora de Asphalt 9: Legends, uma hora de Azur Lane, navegação e redes sociais no decorrer do dia, com brilho no máximo e alternando entre 4G e Wi-Fi.
Ao fim do dia a bateria estava na marca de 42%, o que aponta que com uso moderado, é possível usar o Galaxy S20 Ultra por dois dias sem dependeer de uma tomada ou carregadores externos. Sóp que ao mudar para o modo de 120 Hz, as coisas mudam drasticamente.
Em meus testes a bateria chegou a 8% no mesmo período de tempo (tirando da tomada às 8:00 e checando o consumo ao fim do dia), sem jogos e apenas com navegação, redes sociais, 4 horas de tela ligada e uma hora de Netflix, também com brilho no máximo, 4G e Wi-Fi.
O que acontece aqui é algo simples: o modo de tela com alta taxa de atualização é legal para jogos, mas inviável para uso constante. Por outro lado, a bateria avantajada foi projetada para dar conta de redes 5G, que a linha Galaxy S20 suporta por padrão no exterior e que consome mais energia. Como estamos limitados ao 4G no Brasil, sua autonomia excede as expectativas. Melhor para nós.
O carregador rápido de 25 W é potente e levou apenas uma hora para ir de 0 a 65%; há suporte a carregamento wireless de 15 W e ultrarrápido de 45 W, mas ambos carregadores precisam ser adquiridos à parte.
Câmeras
Temos aqui quatro sensores: a Wide de 108 MP e f/1,8 (adeus abertura de diafragma variável) trabalha com a técnica Nona Pixel, que combina 9 pixels em um e cria imagens com resolução padrão de 12 MP.
Claro que você pode ajustar para a resolução máxima, mas chegaremos lá.
O sensor principal é acompanhado de uma Telefoto de 48 MP, que promete um “Space Zoom de 100x” mas não se engane, isso é marketing. O que você precisa saber é que o zoom óptico vai até 4x, o que já é um bom número. Deste ponto até 10x o zoom é híbrido, e além disso, apenas digital.
As fotos com alcance padrão (1x) apresentam uma coloração levemente saturada mas sem exageros, sem ruído e com ótima definição. Ao acionar o zoom, é possível usar a aproximação puramente óptica de 2x e 4x, ou a híbrida até 10x. As demais (30x, 50x e 100x) são digitais, e aí…
Não dá para fazer mágica, fotos com zoom híbrido de até 10x mantêm uma boa qualidade de imagem, mas passou disso, é o velho “estica e puxa e viva a Festa da Xuxa” do zoom digital. Para encerrar, graças à abertura de apenas f/3,5, os resultados com pouca luz ou à noite são menos que ideais.
A câmera Ultrawide, com 12 MP, f/2,2 e campo de visão de 120 graus se limita a não inventar a roda, e entrega boas capturas, enquanto que o modo Noturno da câmera Wide trabalha bem, embora tenha a tendência a estourar luzes. No mais, é possível pegar alguns detalhes mesmo à distância.
Falemos agora dos 108 MP da câmera Wide. Uma vez ativado, o recurso permite tirar fotos de 12.000 x 9.000 pixels, e embora o número de detalhes capturados seja fascinante, há algumas coisas que precisam ser levadas em conta. Primeiro, o sensor corta um dobrado e tem dificuldade com cenas em movimento, logo, o recurso é mais indicado para cenas estáticas.
Segundo, é uma questão de espaço disponível no celular: as fotos são muito pesadas, como era de se esperar.
A título de comparação, a foto acima foi tirada com a resolução padrão de 12 megapixels, resultando em um arquivo de 4,5 MB; já a mesma cena capturada com 108 MP, que você pode conferir neste link, pesa assombrosos 34,5 MB. E sendo sincero, a maioria das pessoas não vai ver um ganho justificável para sacrificar o espaço interno.
Fechando o conjunto, há o sensor de profundidade de 0,3 megapixels e f/1,0, para efeitos de Foco Dinâmico (o nome que a Samsung usa para o Modo Retrato), que permite ajustes no desfoque do fundo após a captura. Aqui não há muito o que dizer, apenas que tal qual o sensor Ultrawide, a fabricante se manteve no que deu certo e não quis inventar, funciona bem e é isso.
O conjunto principal grava vídeos em 8K sem limite de tempo, mas este é um recurso ainda em Beta: limitado a apenas 24 fps e resultando em vídeos para lá de pesados (em torno de 600 MB por minuto), o usuário será mais feliz com o 4K a 60 fps, ou brincando com o slow motion em 720p a 960 fps.
E temos a câmera selfie, com 40 MP e f/2,2 que usa o recurso Quad Pixel, combinando 4 pixels em um para uma imagem de 10 MP. Ela usa um modo de embelezamento ativado por padrão mas bem discreto, e graças a isso, à grande resolução e à abertura decente, as fotos são de boa qualidade. Ela também filma em 4K a 60 fps, o que é um gimmick interessante.
Para mais fotos, confira o álbum no Flickr.
Conclusão
Em todos esses anos nessa indústria vital, esta é a primeira vez em que eu não tenho como apontar defeitos cabais em um celular. O Galaxy S20 Ultra atinge a excelência em todos os aspectos, do design à tela, das câmeras à autonomia, do software à performance.
Claro que há algumas forçadas de barra: você dificilmente tirará fotos de 108 megapixels ou com zoom de 100x, mas tais detalhes não ofuscam o brilho do aparelho. O design é impecável, as câmeras são poderosas, a performance não tem igual, a tela é um absurdo e a bateria dá conta de tudo isso, exceto se você usar o modo de 120 Hz.
Claro que tanto poder cobra seu preço, e aqui ele é bem alto: o modelo com 12 GB de RAM e 128 GB de espaço interno tem valor sugerido de R$ 7.999, enquanto que a versão com 16 GB de RAM e 512 GB de armazenamento sai por salgadíssimos R$ 8.499, colocando-o pau a pau com o iPhone 11 Pro e 11 Pro Max, seus principais concorrentes. Mesmo quando o preço baixar (na chegada da linha Galaxy Note 20) o atual top da Samsung continuará na faixa premium, ainda que se torne mais em conta do que seus rivais.
É fato que o Galaxy S20 Ultra permanecerá por um bom tempo como um celular que apenas os mais abastados poderão bancar, mas quem procura o primor em design e performance, tem dinheiro para pagar por isso e não tem dó de gasta-lo, não vai se decepcionar com este aparelho.
Samsung Galaxy S20 Ultra — Ficha Técnica
- Processador: SoC Samsung Exynos 990, octa-core de 7 nanômetros com 2 núcleos Mongoose M5 de 2,73 GHz, 2 Cortex-A76 de 2,5 Ghz e 4 Cortex-A55 de 2 GHz;
- GPU: Mali-G77 MP11;
- Memória RAM: 12 ou 16 GB;
- Armazenamento interno: 128 ou 512 GB;
- Armazenamento externo: expansível via microSD de até 1 TB;
- Tela: Dynamic AMOLED de 6,9 polegadas, proporção 20:9, resolução de 3.200 x 1.440 pixels (509 ppi), taxa de atualização de 120 Hz e notch Infinity-O;
- Câmeras traseiras:
- Wide de 108 MP (f/1,8), autofoco com detecção de fase, estabilizador óptico de imagens;
- Ultrawide de 12 MP (f/2,2), campo de visão de 120º, autofoco com detecção de fase, estabilizador óptico de imagens;
- Telefoto de 48 MP (f/3,5), zoom óptico até 4x, híbrido até 10x e digital até 100x;
- Sensor de profundidade DepthVision de 0,3 MP (f/1,0);
- Flash LED, HDR10+, vídeos em 8K a 24 fps, 4K a 60 fps e 720p a 960 fps;
- Câmera selfie: Wide de 40 MP (f/2,2), autofoco com detecção de fase, HDR10+, vídeos em 4K a 60 fps;
- Sensores: Proximidade, acelerômetro, giroscópio, bússola, barômetro e leitor de impressões digitais ultrassônico sob a tela;
- Conectividade: 4G/LTE, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac/ax (Wi-Fi 6), Wi-Fi Direct, Bluetooth 5.0, AD2P, BLE, NFC, MST, ANT+, A-GPS, GLONASS, GALILEO, BDS;
- Bateria: 5.000 mAh, com suporte a carregamento rápido de 25 W (carregador padrão), ultrarrápido de 45 W e wireless rápido Qi/PMA de 15 W;
- Porta: USB-C 3.1;
- Sistema operacional: Android 10 com interface Samsung One UI 2.1;
- Dimensões: 166,9 x 76 x 8,8 mm;
- Peso: 220 g;
- Cor: Cosmic Black.
Pontos fortes:
- Excelente design e acabamento;
- A tela é um desbunde;
- Câmeras poderosas, com zoom de qualidade (até 10x);
- Desempenho sem paralelo em celulares Android.
Pontos fracos:
- O preço, claro;
- O modo de tela em 120 Hz drena a bateria com vontade.
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