Algumas pessoas defendem a ideia de que esportes e política não devem se misturar, que as grandes competições não são os lugares corretos para os atletas se posicionarem. Mas para Colin Kaepernick, as partidas de futebol americano que disputava pareciam a maneira ideal para ele ser ouvido.
Tudo começou na pré-temporada de 2016, quando o então quarterback do San Francisco 49ers, da NFL, decidiu se ajoelhar enquanto o hino norte-americano era tocado. Indignado com a maneira como os policiais tratam os negros no país, com a injustiça racial e com a opressão sistêmica, Colin decidiu que estava na hora de chamar a atenção para o problema e pensou: “existe momento melhor de se fazer isso do que aproveitando um dos principais símbolos dos Estados Unidos?”
Pois a repercussão foi imediata. De um lado tivemos diversos jogadores repetindo a atitude de Colin Kaepernick, com a população negra se sentindo representando depois de muito tempo. Do outro, uma legião de cidadãos, atletas e políticos revoltados com a iniciativa, com aqueles que se ajoelhavam passando a ser tratados como antipatriotas, verdadeiros hereges.
Mas ao mesmo tempo em que o jogador viu a sua popularidade aumentar, com a sua camisa se tornando uma das mais vendidas e sua foto indo parar na capa da revista Time, o contra-ataque veio na mesma medida. Um dos que mais se ergueram contra Kaepernick e os atletas que seguiam protestando foi o presidente Donald Trump, que chegou a pedir a demissão dos que não se levantassem durante o hino. Porém, no caso daquele que iniciou os atos, o pior ainda estava por vir.
TIME’s new cover: The perilous fight. How national anthem protests led by Colin Kaepernick are fueling a debate https://t.co/FsZoblqj0b pic.twitter.com/pCVB3wM2kp
— TIME (@TIME) September 22, 2016
Com o término daquela temporada, depois de seis anos defendendo os 49ers e de levar sua equipe à disputa do Super Bowl XLVII (2012), Kaepernick acabou sendo dispensado da equipe. A alegação do técnico que estava chegando, Kyle Shanahan, foi de que o quarterback não se encaixava no que ele pretendia para a equipe, mas estranhamente, desde então Colin nunca conseguiu assinar um contrato com outra equipe da NFL.
Entendendo as motivações de Kaepernick
No entanto, este cenário pode estar perto de mudar. Com as recentes ondas de protestos iniciadas nos Estados Unidos desde a morte de George Floyd, o comissário Roger Goodell declarou que os times da liga deveriam contratar Colin Kaepernick e algo que deverá ajudar a aumentar a popularidade do atleta é uma série que será produzida pela Netflix.
Dirigida por Ava DuVernay (Olhos que Condenam, A 13ª Emenda, Selma: Uma Luta Pela Igualdade), a série documental chamada Colin in Black & White abordará a juventude do quarterback, tentando explicar as experiências que o levou a se tornar um ativista.
“Com o seu ato de protesto, Colin Kaepernick iniciou uma conversa nacional sobre raça e justiça, com consequências de longo-alcance para o futebol, para a cultura e para ele mesmo, pessoalmente,” afirmou DuVernay. “A história de Colin tem muito a dizer sobre identidade, esportes e o espírito duradouro de protesto e resiliência. Eu não poderias estar mais feliz por contar esta história com a equipe da Netflix.”
Já o roteiro ficará a cargo de Michael Starrbury (Olhos que Condenam, O Destino de Mister e Pete) e embora ele focará no período em que Kaepernick esteve no ensino médio, também deverá falar sobre a infância daquele garoto, que cresceu em uma família de brancos após ter sido adotado.
Dado o histórico de Ava DuVernay e do que a Netflix nos entregou com a espetacular série The Last Dance, estou muito curioso para ver como ficará este documentário. Ao contrário de Michael Jordan, que durante a sua carreira evitou se envolver com política, Kaepernick provavelmente sempre será lembrado pela forma como resolveu encarar o sistema e será interessante ver o que despertou essa fagulha nele.
Ainda sem data para estrear, o que sabemos por enquanto é que Colin in Black & White terá seis episódios, com narração do próprio jogador e com um ator mais jovem o representando nas telas.
Fonte: The New York Times.
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