A Sertão Games, desenvolvedora de jogos de Teresina, capital do estado nordestino do Piauí, começou suas atividades em 2011, mas somente em 2013 a empresa ganhou relevância ao lançar no mercado os games Cangaço e Cangaço Wargame. Para comentar sobre os jogos, totalmente inspirados na cultura brasileira, a coluna Geração Gamer conversou com Jenifer Costa (22), gerente de comunidades da companhia. Confira a entrevista: Xilo mostra que é possível criar jogos de qualidade inspirados na cultura nacional; confira Equipe da Sertão Games, com Jenifer Costa mais ao certo, à direita (Foto: Divulgação) A ideia de Cangaço existe há pelo menos oito anos Fazer um jogo inspirado em cangaceiros e no sertão de Teresina veio da cabeça fundador e programador da Sertão Games, Erick Passos, em 2006. A ideia ficou, sem resultar em um jogo de fato, até 2011, quando ele retornou de um doutorado no Rio de Janeiro e já acumulava algumas experiências criando games. Cangaço, da Sertão Games, foi pensado há oito anos, em 2006 (Foto: Divulgação) “Eu conheci o Erick em um congresso de tecnologia em setembro do ano passado, quando ele estava demonstrando alguns jogos da empresa. O Cangaço já estava em desenvolvimento e eu gostei muito da equipe e do projeto. Mantive contato com ele e, quando começaram a procura por alguém para comunicação, eu me candidatei e me propus a aprender tudo sobre a indústria e relações públicas de jogos independentes”, nos explicou Jenifer Costa, uma das mais novas na equipe. Ela assumiu o cargo de gerente de comunidades dos produtos da Sertão Games. Jenifer Costa é gerente de comunidades da Sertão Games e conversou com a coluna Geração Gamer (Foto: Arquivo Pessoal) “Nós queríamos contar uma história própria com nosso jogo. Diferente da maioria dos outros, que são baseados em outras culturas, resolvemos nos basear na cultura nordestina, e criamos um enredo que funciona sob diferentes pontos de vista. Foi assim que criamos três personagens, cada um com uma campanha, objetivos e estrutura próprios e independentes entre si, mas com histórias cronologicamente simultâneas que se entrelaçam para que o jogador possa relacionar cada um dos eventos”, completou Jenifer, mostrando qual foi o raciocínio de Erick e da Sertão Games que ele criou em 2011. O trabalho de todos só daria resultados anos depois. Versão não finalizada da tela de criação de heróis no jogo brasileiro Cangaço (Foto: Divulgação) Um jogo para divulgar outro Jenifer explica como funcionou cada projeto: “Cangaço e Cangaço Wargame são dois jogos diferentes, apesar de terem o mesmo tema. O Wargame é um jogo de estratégia casual, que lançamos para Facebook com o intuito de apresentar e testar a nossa marca. Já o Cangaço é totalmente novo, de ação e tática em tempo real com elementos de RPG. Ele é muito mais abrangente que o primeiro, com três campanhas, modo multiplayer, uma trilha sonora com mais de 25 músicas próprias e arte 3D com texturas pintadas a mão com lápis de cor”. Jogo Cangaço Wargame é uma “apresentação” para o verdadeiro Cangaço (Foto: Divulgação) Wargame é um jogo mais amigável para todas as idades. Os personagens são cabeçudos e parecido com desenhos animados. A jogabilidade é mais lenta, porém mais adaptada ao tipo de games que existem no Facebook. “A criação do Cangaço Wargame levou cerca de dois meses”, diz Jenifer. Wargame é o jogo de estratégia da Sertão Games para o Facebook (Foto: Divulgação) Com os testes de Cangaço Wargame, o verdadeiro Cangaço chegou no final de 2013, após diversas versões para teste. O jogo funciona com a seleção de um dos três personagens: Cangaceiro, cangaceira ou o herói volante. O game conta com textura de plantas reais como a quixabeira e a paisagem é inspirada na caatinga do Piauí. Cangaço, diferente de Wargame, estará disponível para computadores Windows , Mac OS e Linux ainda no primeiro semestre de 2014. O tiroteio ocorre no sertão do Piauí em Cangaço (Foto: Divulgação) Vencendo preconceitos “Nossa ideia é fazer um jogo diferente, bem feito, com uma mecânica legal e tema regional. Não temos a intenção de vender só por causa da temática nordestina, e por isso estamos trabalhando para que o público goste do jogo pela diversão que ele proporciona, independente do tema. Buscamos fazer diferente em vários aspectos, desde o gameplay à arte visual e trilha sonora”, afirma a gerente de comunidades da Sertão Games. Mas a criação deste jogo não foi simples e Jenifer explica o motivo: “Quando sai uma reportagem sobre qualquer jogo brasileiro, vejo comentários do tipo ‘é brasileiro, então é ruim’. Isso é triste, mas ao mesmo tempo aparece muita gente pra defender. Esse pessoal quer dar uma chance pros jogos daqui. Eu acredito que, assim como americanos, europeus e asiáticos puderam tornar a cultura deles algo natural, nós também podemos. Leva um pouco de tempo mudar a mentalidade do brasileiro, mas não há nada de inferior na nossa cultura que torne isso impossível, porque depende da gente”. Cangaço transforma a estratégia em um jogo em tempo real (Foto: Divulgação) A visão otimista de Jenifer não termina ai: “O Brasil está crescendo nos jogos, mas somos muito pequenos se comparados com países como Estados Unidos e Japão. Novas oportunidades estão aparecendo, como novos cursos de desenvolvimento de jogos, maiores investimentos e novos estúdios. O público consumidor aqui é enorme. Já saíram bons jogos daqui, e neste ano vão ser lançados vários ótimos jogos, como o lindo Toren e o Chroma Squad, que será um sucesso. Com incentivo e apoio, podemos ir, e vamos, muito longe”. E sobre o futuro? A profissional arrisca alguns palpites. “Essa pergunta é legal. Todo mundo tem uma opinião, mas é difícil acertar. Acho interessante o mercado ser tão grande que todo mundo prevê que certos tipos de jogos ou de equipamentos vão acabar, mas sem nenhum acerto. Muita gente acha que consoles não vão vingar além dessa geração atual, mas a quantidade de pessoas que curte consoles é tão grande que, mesmo que ele vire um nicho, seria um nicho tão gigante que ainda vale criar jogos. Já o mobile tem um futuro garantido, mesmo que toda a coisa de ‘free to play’ ainda esteja se ajustando. PC é um mercado ainda muito importante, tanto que aqui no Brasil é maior que o de consoles, por exemplo. Resumindo, acho que o importante é criar e ficar atento ao que está acontecendo. Nossa meta é fazer parte desse futuro”, finaliza, e sorri. Qual é o Top 5 GAMES para SmartPhones para vocês? Comente no Fórum do TechTudo. saiba mais Can Game: o jogo para crianças autistas vencedor do concurso da Microsoft Dead Punch Hospital: o game brasileiro que mistura Rocky Balboa com zumbis Jogo do Cascão: conheça a desenvolvedora que criou o game da Turma da Mônica BitCake Studios ganha financiamento de investidora europeia; confira
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