Slightly Mad Studios, Project CARS 4 e o desrespeito com os fãs

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Às vezes eu tenho a impressão que os criadores de jogos na verdade são grandes vendedores de ilusões. Alguns até conseguem entregar algo mais próximo do que foi proposto durante o desenvolvimento, mas outros simplesmente passam longe, bem longe do que nos fizeram acreditar que receberíamos. Pois no caso de Ian Bell, CEO da Slightly Mad Studios, está ficando cada vez mais difícil não vê-lo na segunda opção.

Crédito: Divulgação/Slightly Mad Studios

Pouco menos de quatros meses após a sua empresa lançar o Project CARS 3, o executivo utilizou sua conta no Twitter para falar sobre o sucessor, prometendo que o jogo “será a simulação mais realista já feita. Em todas as áreas, em todos os sentidos.” Segundo Bell, a equipe conseguiu chegar a um nível de detalhes tão grande que cada folha das árvores poderá gerar sombras sobre as outras, com o vento feito pelos carros fazendo com que elas possam cair nos para-brisas e a mudança climática aconteça em tempo real.

Bell chegou a mencionar a utilização de Bump mapping, uma técnica de textura que visa adicionar saliências e imperfeições a objetos e com tais mensagens — que vale ressaltar, foram apagadas logo depois — a intenção do CEO claramente foi tentar vender a ideia do quão imersivo o Project CARS 4 deverá ser. Muito disso seria devido a utilização da nova Madness Engine 2.0 e do Live Track 4, com o avanço da tecnologia permitindo uma qualidade visual que, ao menos na teoria, fará com que o jogo pareça muito mais real.

É importante destacar que em momento algum foi mencionado uma data para o lançamento do suposto novo capítulo da franquia, nem mesmo em que estágio de desenvolvimento ele se encontra. Mesmo assim, a Slightly Mad Studios possui um histórico complicado neste sentido, com o Project CARS 2 tendo sido anunciado apenas dois meses após o anterior ter chegado às lojas e o pior, com a revelação acontecendo através de uma campanha de financiamento coletivo.

Contudo, o que realmente causou indignação naqueles que admiram a franquia foi o estado em que o Project CARS 3 foi disponibilizado. Lançado em agosto passado, o jogo tem sido encarado como um passo atrás na franquia e desagradou muitas pessoas por ter deixado de lado boa parte da complexidade pela qual ela era tão adorada. Um exemplo foi a remoção dos pit stops, o que consequentemente eliminou a necessidade de reabastecermos os carros durante as corridas e que também acabou com o gasto de pneus.

De acordo com os responsáveis pelo jogo, essa decisão foi tomada visando tornar as corridas mais dinâmicas e permitir que os jogadores focassem apenas naquilo que é mais importante, que é correr. Como a série sempre se vendeu como uma tentativa de entregar uma simulação, esta escolha de design evidentemente não foi muito bem recebida, mas o que a tornou ainda pior foi o fato de só ter sido revelada poucas semanas antes do título chegar às lojas.

Crédito: Divulgação/Slightly Mad Studios

Além disso, boa parte das pessoas também não gostaram do desempenho do jogo e o que posso dizer em relação a isso é que fiquei bastante decepcionado quando o testei em um Xbox One X. Embora seja um jogo bonito, visualmente o Project CARS 3 não traz melhorias significativas em relação ao seu antecessor e me incomodou muito a maneira como a imagem fica cintilando, o famoso flickering.

Tudo isso fez com que a média do pCARS3 despencasse no Metacritics e na época em que ele saiu, cheguei a ver pessoas especulando que o lançamento inesperado do título e essa queda na qualidade foi proposital, já que a Slightly Mad Studios tinha sido vendida há pouco tempo para a Codemasters e esta não gostava da ideia de ver outro jogo superando uma das sua principais marcas, a GRID.

Mas mesmo não concordando com essa teoria da conspiração, ela nos leva a um fato importante e que joga ainda mais dúvida sobre as ambições de Ian Bell. Caso não tenha acompanhado, nos últimos meses começou a circular a informação de que a Codemasters poderia ser adquirida pela Take-Two Interactive e quando o negócio parecia perto de ser fechado, a Electronic Arts apareceu com uma proposta financeira muito melhor e acabou levando a companhia inglesa por US$ 1,2 bilhão.

Embora a promessa seja de que cada estúdio atuará de maneira independente, sabemos que isso dificilmente acontecerá, principalmente em se tratando de subsidiárias da EA. No caso especifico dos criadores do Project CARS, a situação poderá ser ainda mais complicada, pois eles já trabalharam para a editora norte-americana e a parceria fez o próprio Ian Bell criticar duramente a empresa que, segundo ele, há alguns anos quase os levou a falência.

Mad Box - Slightly Mad Studios

Crédito: Divulgação/Slightly Mad Studios

Por fim, não podemos esquecer o caso do Mad Box, console que o estúdio londrino anunciou em 2019 e que mesmo com eles garantindo que vários investidores estavam interessados, pelo menos por enquanto não passa de um projeto, algo próximo de um devaneio vindo de uma empresa que não parece muito preocupada em virar as costas para quem acabou de comprar seus jogos e que cada vez mais me passa a imagem de ótimos vendedores de ilusões.

Fonte: DualShockers.

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