Eu bem sei que a Sony não é a empresa mais amigável quando o assunto é nome de seus aparelhos, mas posso te garantir que o WH-XB900N é uma boa escolha pra quem está disposto a gastar mais em um fone de ouvido e quer sossego no avião – até no metrô.
Eu passei algumas semanas com ele no ouvido e ainda levei pro avião quando fui cobrir o lançamento de um smartphone lá na Argentina, pra poder falar se o isolamento de ruído deste modelo funciona como esperado. Vem comigo nos próximos parágrafos que eu te explico o motivo da minha felicidade com este fone.
Primeiro contato
Por mais que o Sony WH-XB900N não seja realmente grande, a caixa é e chama atenção. Ela está dentro daquele mundo de EXTRA BASS que a Sony utiliza no Brasil faz tempo – bastante tempo. Dentro fica o fone, um saquinho de tecido bastante confortável pra levá-lo pra todo lado e não riscar o corpo com alguma coisa da mochila, junto de um cabo USB-C pra carregar a bateria e outro P2, que faz o fone continuar sendo fone de ouvido quando a autonomia estiver morta.
As almofadas que acompanham a parte de cima e o local de cada falante são muito confortáveis e semelhantes ao que já vi no WH-XB1000XM3 (mais caro), mas o que me chamou atenção foi a cor. Este azul que recebi pra testes é um azul mais escuro e ajuda a sair daquela cor preta de praticamente todo fone de ouvido do mercado – e branca se você utilizar algo da Apple.
O corpo é todo feito em plástico, mas em material fosco e que passa ótima sensação de robustez, não senti que ele é inferior ao que pode ser encontrado no mercado na mesma faixa de preço. Eu prefiro fones com maior espaço pras orelhas encaixarem dentro da área fechada pelas espumas, mas no meu caso este modelo fechou bem e isso ajudou bastante na hora de isolar ruídos. Falando neles…
Isolamento é competente e inteligente
A empresa japonesa vem se especializando em isolamento de ruído nos fones que vende pelo mundo, o que não é diferente no Sony WH-XB900N. Ele utiliza um chip que trabalha somente pra isso, identificando o som que vem de fora e entregando uma onda contrária do lado de dentro. A mágica das ondas invertidas faz com que sons sejam cancelados e você dorme com mais conforto se estiver tirando soneca no capô do carro com motor ligado, ou em um avião.
Eu não experimentei nada de capô, passando apenas por banco traseiro do carro (em vários carros) e no avião, em uma viagem de pouco mais do que três horas até a Argentina. Não tive sono e não dormi, mas o cancelamento foi bom o suficiente pra poder escutar a música com mais detalhes do que ter parte de um barulho contínuo no ouvido.
O mesmo pode acontecer dentro do metrô, mas com menor eficiência. Senti que o Sony WH-XB900N é bom pra isolar ruídos mais graves (típicos dos motores de um avião), mas o som mais agudo do barulho que faz o trem andando dentro do túnel não foi tão bem isolado. Ajudou? Sim, pouco e eu esperava mais neste momento. No carro o resultado foi um misto de avião e trem, já que o som oscila bastante e o chip da Sony lida melhor com sons constantes do que com barulhos que sobem e descem.
Um teste extra e que notei nesta última semana de uso, que faz um calor infernal em São Paulo, é com o ventilador. Eu utilizo aqueles ventiladores que ficam balançando e o isolamento ativo conseguiu eliminar o barulho das pás girando – isso foi inesperado, mas corrobora pro “ele isola bem os barulhos mais graves e que são ininterruptos”.
A parte inteligente é que este isolamento pode ser controlado dentro de um app que funciona em Android e iPhone, chamado de Headphones Connect. Nele você pode selecionar diversos níveis de isolamento, indo desde a solidão emo mais completa e possível do mundo externo, passando por foco na voz das pessoas e colocando alguns itens no que pode ser escutado, como carros próximos.
Funciona bem, mas só se você quer programar como seu futuro vai funcionar. No avião, por exemplo, vem o comissário (ou a comissária) e fala “CHICKEN OR PASTA?!”, momento que não está neste planejamento e que pode ser um problema, principalmente pra um gordo que não pode ficar sem comer, pra não emagrecer – que neste caso sou eu. A solução é feita de uma forma que passa a mensagem de que você está tentando escutar mais da música: tampando o lado direito, por fora.
A superfície dos dois lados é sensível ao toque e a do lado direito, quando coberta pela mão, remove o isolamento, diminui bastante o volume do que você está ouvindo e ativa o microfone pra aumentar o som que entra por fora. Você realmente escuta mais com este modo ativado do que tirando o fone do ouvido pra escutar.
Mais controle
No app há outros controles que não somente a medição de isolamento acústico. Com ele é possível ajustar o equalizador do fone, ver o nível de bateria, controlar a reprodução de música, ligar ou desligar um modo chamado DSEE. Neste modo o fone tenta recuperar as perdas de compressão da música e aumenta a qualidade sonora.
Eu, sinceramente, não senti muita diferença quando liguei e desliguei este recurso – e olha que testei em música via streaming, que tem bastante compressão e selecionei a maior compressão possível.
Além disso, o app do Sony WH-XB900N te dá controle de qual assistente pessoal pode ser ativado por um botão na lateral. Ele pode ser o Google Assistente, Siri ou a Alexa e eu testei o Assistente, que até mesmo tenta configurar o fone de ouvido por si só. Bem bacana, mas o que não é bacana é que a voz que diz a função ativada não fala português.
GRAVES e um monte de som bom junto
Eu já falei e repito: este fone tem EXTRA BASS marcado na parte da caixa e a Sony vem utilizando esta frase faz bastante tempo. Os graves são bem chamativos por aqui, perfeito pra amantes de música eletrônica, por exemplo. Se você não é amante de tanta pancada no ouvido, dá pra reduzir a potência pelo equalizador ou só se acostumar com isso mesmo.
Mesmo com esse amor por batidas, os médios não ficam perdidos e são reproduzidos com maestria pra identificar instrumentos com facilidade. O mesmo vale pra agudos, que também não ficam sumidos. A única dica que dou é que se você quer um som mais flat, sem este reforço de graves, é melhor deixar o volume da metade pra baixo – ou diminuir as primeiras faixas do equalizador, que representam os baixos.
Da metade do nivelador de volume pra cima, você já começa a sentir o fone de ouvido tremer, o grave começa a tomar conta da reprodução e sua audição vai reclamar deste momento em pouco tempo.
Por fim, o codec aptX HD é suportado pelo fone e isso também ajuda na hora de assistir vídeos com ele conectado via Bluetooth. A latência é bem baixa e a voz não fica tão distante do movimento da boca de quem falou.
Bateria, muita bateria
A Sony promete 30 horas de reprodução com isolamento de ruído, com algumas horas extras quando o recurso está desligado. Durante as semanas que passei com o fone, não passei por qualquer momento de fim de bateria, mas resolvi ver quanto ela demora pra recarregar e…rapaz, ela leva bastante tempo.
Na caixa diz que são 10 minutos de tomada pra uma hora de reprodução de música, mas a recarga completa levou algumas boas horas. Tempo o suficiente pra me fazer pensar que é melhor deixar plugado durante a noite. Ok, pode não ser a recarga mais veloz, mas a autonomia é longa o suficiente pra você só lembrar disso poucas vezes por mês – se não escutar durante o dia todo.
Ok, vale meu dinheiro?
Se você quer uma experiência semelhante ao que o modelo mais premium da Sony oferece, o WH-XB1000XM3, vale. Ele custa R$ 500 a menos e chega perto em praticamente tudo, com algumas economias que justificam o preço. Sim, este fone de ouvido é caro e ele tem um público bastante específico, que encontra concorrente em valores maiores do que o Sony WH-XB900N.
Nos Estados Unidos ele custa US$ 250, o que dá perto de R$ 1 mil quando não são considerados impostos e taxas. É um feito e tanto a Sony conseguir trazer o fone pra cá em um preço que é basicamente o mesmo de quem compra importado. Coisa muito rara no mercado.
O isolamento ativo me deixou animado, principalmente com o teste inusitado do barulho do ventilador. Certamente ele remove até o som do ar condicionado, que segue na mesma ideia de barulho grave e que não é interrompido. Ser pronto pra Alexa e Google Assistente, identificado até mesmo pelos assistentes em seus apps, é um ponto extra bacana. Pra um fone potente, alto, com assistentes pessoais já inseridos e com bastante bateria, certamente vale.
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