Obviamente, o Universo ainda guarda incontáveis mistérios a serem solucionados. Mas, ultimamente, os astrônomos têm quebrado a cabeça para explicar um enigma cósmico recém-descoberto, uma estrutura que, de momento, vem sendo chamada de ORCs, sigla de Odd Radio Circles – ou “círculos estranhos de rádio” em tradução livre.
Identificados pela primeira vez em setembro de 2019 por uma cientista chamada Anna Kapinska, do National Radio Astronomy Observatory (NRAO), nos EUA, os ORCs consistem em bolotas quase perfeitamente esféricas formadas por emissões de rádio. No entanto, ninguém sabe dizer o que essas coisas são exatamente e nem como ou a partir do que elas se originam.
Enigmas cósmicos
Para se ter ideia, embora os ORCs apareçam claramente em observações na forma de esferas de rádio, eles não aparentam liberar qualquer tipo de emissão em raios-x ou infravermelho. Além disso, apesar de estudos subsequentes terem apontado que esses objetos são reais – e não meros “ruídos” nos dados registrados pelos radiotelescópios –, os astrônomos não conseguiram determinar ainda quão distantes de nós os círculos se encontram ou quais são as suas dimensões.
ORCFonte: The Conversation / Ray Norris
Isso porque, como os cientistas só conseguiram confirmar a existência de somente 4 dessas esquisitices cósmicas até agora, não foi possível determinar ainda se os ORCs consistem em estruturas com alguns anos-luz de diâmetro que “habitam” aqui na Via Láctea ou se se tratam de círculos com milhares de anos-luz que se encontram incrivelmente distantes de nós, nos confins do cosmos.
Mistério sem explicação – por enquanto!
Voltando ao mistério de sua origem, os ORCs dão a impressão de serem parecidos com os remanescentes de supernovas, ou seja, com as nuvens de material que se formam após a morte explosiva se estrelas massivas. Mas essa explicação foi descartada, uma vez que os círculos descobertos até agora se encontram distantes demais do plano no qual a maioria das estrelas orbita. E falando em exclusões…
Outras alternativas que chegaram a ser consideradas (e abandonadas) foram as de que os ORCs pudessem ser emissões lançadas por buracos negros supermassivos, arcos de radiação que surgem ao redor de galáxias com intensa formação de novas estrelas ou que se tratasse de um fenômeno conhecido como Anéis de Einstein – que ocorre quando emissões como as ondas de rádio são distorcidas pela força gravitacional de aglomerados galácticos, criando o efeito de círculos energéticos.
Telescópios do National Radio Astronomy ObservatoryFonte: Wikimedia Commons / CSIRO / Reprodução
Entretanto, os ORCs são simétricos e esféricos demais – além de se encontrarem muito distantes de estrelas e galáxias – para se encaixarem nessas explicações. Por outro lado, existem outros eventos cósmicos a serem melhor explorados, como as ondas gravitacionais produzidas pelas colisões entre estrelas de nêutrons e buracos negros e as rajadas rápidas de rádio, assim que os astrônomos terão que continuar buscando por respostas para explicar como, afinal, os círculos se formam e quais eventos cósmicos podem estar por trás de seu surgimento.
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