Submarinos soviéticos sempre foram uma pedra no sapato da OTAN, e navegavam relativamente imunes. Tecnologias foram desenvolvidas para tentar combatê-los. Algumas deram errado, outras deram certo demais, mas poucas foram tão originais como a vez em que usaram… MAGNETOS!
Enquanto os americanos investiram em uma frota que chegou a 12 porta-aviões nucleares, os soviéticos não tinham essa possibilidade; a geografia deles não era favorável, o único porto de águas quentes disponível era em Sochi, no Mar Negro, e os navios teriam que atravessar o Estreito do Bósforo, sob comando da Turquia.
Sobrou a Moscou construir submarinos nucleares, e ah, como construíram. No seu auge Ivan chegou a ter:
- 63 submarinos lançadores de mísseis balísticos
- 72 submarinos lançadores de mísseis de cruzeiro
- 64 submarinos de ataque
- 63 submarinos de ataques de propulsão convencional
A frota americana não chegava nem perto disso, e se no início os barcos soviéticos eram apelidados pelos próprios marinheiros de Hiroshima ou coisa pior, no final evoluíram para excelentes submarinos, como os gigantescos Classe Tufão:
A principal base de submarinos soviética ficava em Polyarny, perto da fronteira nordeste da Finlândia, uma região que podiam minar, monitorar, sondar e manter a maioria dos submarinos americanos curiosos a uma distância respeitável. Mais ainda, de lá é uma linha-reta sob a calota polar e em menos de 4000Km estão na costa do Alaska.
Mesmo que os soviéticos estivessem longe dos americanos em tecnologia de furtividade, mesmo assim é danado de complicado identificar um submarino nuclear no meio do oceano. É preciso sonares mais sensíveis, o que é complicado, ou tornar os submarinos russos mais barulhentos, o que é viável.
Tecnicamente seria fácil subornar um marinheiro russo com US$25,00 um par da calças jeans e uma assinatura da Playboy para ficar batendo na parede com um martelo, mas Moscou iria acabar desconfiando. Outras alternativas foram pensadas mas a mais eficiente envolveu… magnetos.
No livro Hunter Killers, Iain Ballantyne conta a história: Um cientista canadense teve a idéia de um gerador de ruído passivo (ui!) usando imãs. O equipamento sera lançado de aviões, e por magnetismo se prenderia ao casco dos submarinos inimigos. Uma dobradiça e um formato específico da aba metálica faria com que a peça fosse movida pelo fluxo da água, batendo no casco incessantemente.
A idéia, claro, precisava ser testada, e em 1962 a cobaia foi o HMS Auriga, um submarino britânico de Classe Amphion, comissionado em 1946.
Durante o teste um avião da marinha canadense sobrevoou o Auriga, lançou os magnetos e conforme planejado eles se prenderam no casco, fazendo um barulho infernal. Os engenheiros celebraram, os almirantes se congratularam, yay. Aí surgiu o problema:
O Auriga emergiu, marinheiros foram remover os magnetos do casco. Descobriram que não só eles estavam firmemente presos ao casco, como vários foram parar nas portinholas de refrigeração, saídas de água, sensores, entrada de ar dos motores, na hélice… era mais que complicado identificar todos os sonorizadores presos ao Auriga, era na verdade impossível. O submarino teve que se arrastar até o porto, fazendo “mais barulho que uma banda de Mariachis” e passar por uma inspeção geral em doca seca.
Depois disso o equipamento foi usado uma ou duas vezes contra submarinos soviéticos, mas dado o dano causado, lançar os magnetos era se não um ato de guerra, pelo menos algo extremamente antipático, que poderia escalar para uma retaliação mais séria.
Pra piorar como cada lançamento colocava um precioso submarino no estaleiro, era impossível treinar as tripulações para lidar com o equipamento. Não adianta ter um submarino muito barulhento se você não souber reconhecer o tal barulho.
No final depois de alguns milhões de dólares e libras investidos, o projeto foi cancelado.
Fonte: War is Boring
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