Um grupo com poucas vacinas contra a covid-19 domina o noticiário mas, enquanto essas já atingiram a Fase 3 dos testes com voluntários, outras dezenas estão sendo desenvolvidas em todo o planeta. Para você entender do que elas são feitas e como são testadas, elaboramos um guia. Confira:
Os testes
Dividem-se em etapas que exigem um controle rigoroso, usando-se um grupo que recebe o imunizante e outro, de controle, uma substância inócua (placebo).
Testes pré-clínicos
A vacina é testada primeiro in vitro (em tecidos reproduzidos em placas de Petri) e depois, in vivo (animais como camundongos ou macacos) para se observar se ela produz resposta imunológica. Hoje, existem 87 vacinas sendo testadas em laboratórios.
Testes in vitro da vacina russa Sputnik, em meados deste ano.Fonte: TASS/Yegor Aleyev/Reprodução
Ensaios de segurança (Fase 1)
Um pequeno grupo de voluntários é imunizado. O objetivo é testar a segurança e a dosagem da vacina e confirmar se ela realmente provoca resposta do sistema imunológico.
Ensaios expandidos (Fase 2)
Os voluntários agora são centenas, divididos em grupos por faixa etária. O objetivo é saber como cada um deles reage ao imunizante, além de testar sua segurança; também se observa como as defesas do organismo reagem.
Mulher recebe a vacina candidata ChAdOx1, da Universidade de Oxford, na Fase 2 dos testes clinicos.Fonte: Jenner Institute/John Cairns/Divulgação
Ensaios de eficácia (Fase 3)
Os voluntários são milhares, escolhidos para representar a população que será imunizada. Agora, espera-se observar quantas pessoas, mesmo vacinadas, serão infectadas, em comparação com aquelas que receberam um placebo – é a fase que determina se a vacina protege contra a doença. Também são observados e quantificados os efeitos colaterais, inclusive os raros.
Fases combinadas
Por conta da urgência, hoje diversos laboratórios trabalham com fases combinadas, isso é, imunizando voluntários nas fases 2 e 3 ao mesmo tempo, como forma de acelerar o processo de criação e posterior aprovação da vacina.
Depois que todos os dados coletados na Fase 3 são examinados, os órgãos reguladores de cada país aprovam ou não a vacina. Até agora, apenas China e a Rússia aprovaram imunizantes de forma limitada (ele só pode ser distribuída nesses países), sem esperar que os resultados sejam revisados.
O primeiro grupo de voluntários com mais de 60 anos recebeu doses da Sputnik V na Fase 3 este mês.Fonte: TASS/Natalya Fedoseyenko/Reprodução
Os tipos de vacina
Vacinas gênicas
As mais conhecidas (e adiantadas) são as dos laboratórios Moderna e Pfizer. A técnica usada replica a informação genética do coronavírus em uma sequência de RNA sintético, que é injetado no corpo humano e absorvido pelas células. Estas começam a replicar a sequência genética do coronavírus, o que aciona o sistema imunológico da pessoa vacinada – se ela for infectada, o corpo terá uma resposta imediata para combater o ataque.
Por usarem RNA, essas vacinas necessitam de temperaturas muito baixas de conservação: até – 80°C.
Vacinas de vetores virais
A proteína S é a que forma a coroa do SARS-CoV-2 (por isso o nome de coronavírus). Essa estrutura é a que provoca a maior resposta do nosso sistema imunológico. Por isso, adenovírus são modificados para carregarem a proteína para o corpo humano (mas sem se multiplicar), desencadeando a produção de anticorpos. As mais conhecidas são as da AstraZeneca/Universidade de Oxford, a do Instituto Gamaleya (a Sputnik V) e a do Laboratório Janssen.
Vacinas baseadas em proteínas
Esse tipo de imunizante carrega proteínas (inteiras ou apenas fragmentos) do coronavírus para fazer o sistema imunológico ter uma resposta pronta se e quando o SARS-CoV-2 infectar quem se vacinou.
Vacinas de coronavírus inativados ou atenuados
Essa é o método mais antigo e comum de produção de imunizantes: o uso do próprio patógeno, enfraquecido ou mesmo morto com produtos químicos. A vacina do laboratório SinoVac Biotech (a CoronaVac) se enquadra nesse tipo.
Vacinas reaproveitadas
Como sempre acontece em situações de emergência médica, testa-se o que já existe para encontrar mais rapidamente uma forma de combater o problema. Os testes mais adiantados são os com a vacina Bacillus Calmette-Guerin (a popular BCG), desenvolvida em 1900 contra a tuberculose.
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