Vida em Marte é um sonho antigo da humanidade, e reúne todas as tribos, dos autores de ficção científica a cientistas e algumas religiões como o espiritismo acreditam até que Marte é habitado. Já tivemos alguns alarmes-falsos, mas agora o otimismo vem direto da NASA, será que faz sentido?
Em 1996 um paper mal-feito e a ânsia da NASA em mostrar serviço fez até o Bill Clinton parar momentaneamente de charutar a estagiária para anunciar ao mundo que provavelmente haviam descoberto vida em Marte, apenas para algum tempo depois um exame mais rigoroso mostrar que os objetos encontrados no meteorito marciano não eram minhoquinhas marcianas, mas depósitos de minerais em formato de minhoquinha.
Mais recentemente foi a descoberta de Metano em Marte, uma molécula que é destruída pela radiação solar, e que precisa de reposição constante. isso significa que existe uma população considerável de vacas marcianas flatulentas…
Ou, e aí a NASA foi mais cautelosa, algum processo químico inorgânico estava produzindo metano na superfície de Marte.
Essa cautela faz parte de boa parte dos grupos de pesquisa, e depois dos resultados inconclusivos das sondas Viking nos Anos 70, a NASA parou de incluir instrumentos para detectar vida em Marte, mas agora com as missões Marte 2020 e a européia ExoMars, o objetivo mudou e equipamentos capazes de identificar moléculas orgânicas fazem parte do pacote.
Entra Jim Green, Cientista-Chefe da NASA.
Em uma entrevsta recente, Jim disse que em dois anos poderemos estar descobrindo vida em Marte:
“Eu tenho me preocupado pois acho que estamos perto de encontrar [vida em Marte]”
Jim acrescenta:
“Será revolucionário, vai dar partida a toda uma nova linha de pensamento. Eu penso que nós não estamos preparados para os resultados. Não estamos.”
Admiro a preocupação do Dr Green, a reação da Humanidade como um todo diante da revelação de que não estamos sós no Universo é uma trope antiga da ficção científica, e uma das justificativas dos ufeiros para o suposto silêncio dos governos mundiais.
É óbvio que um Primeiro Contato com uma espécie alienígena viraria nosso mundo de pernas pro ar, principalmente nos campos filosóficos, mas só por algum tempo.
Arthur Clarke escreveu bastante sobre o choque cultural nas religiões humanas, e para nos mantermos no tópico, Ray Bradbury tem um ótimo conto sobre padres tentando catequizar marcianos, mas fora aplicações específicas de tecnologia, e a menos que a tal civilização nos ensine a construir um Interócito ou algo semelhante, a vida retomaria seu ritmo normal em poucos meses.
A idéia de descobrirmos civilizações alienígenas não é tão inédita assim, e funciona com a seguinte fórmula: Se uma das civilizações é bem mais fraca, ela toma na tarraqueta. Se ambas são igualmente poderosas, elas interagem na fronteira, mas nenhuma influencia fortemente a outra.
Nós dizimamos alegremente índios no continente americano, mas quando a Europa se encontrou com a China, não foi tão simples, e surgiu até a moda do orientalismo, com o povo do ocidente fascinado pelos hábitos, vestimentas e costumes dos povos distantes, e essa fascinação era tão grande que mesmo pro povo do oriente, havia o oriente misterioso. A história de Aladin por exemplo, se passa na China.
A grande questão é que quando chegou a informação de um povo exótico com roupas e costumes estranhos vivendo muito, muito longe, o afegão médio ouviu, achou interessante, e continuou tocando a vida.
Pro sujeito que está no 474 6h da manhã a maior preocupação dele é o feijão não vazar da marmita, ele vai ver no jornal ou receber no zapzap a notícia de que a NASA recebeu sinais de alienígenas de Omicron Persei 8, vai clicar no like e mudar pra próxima manchete.
Grandes descobertas científicas ganham matérias de 5 minutos no Fantástico, essa é a realidade. Nerds tipo a gente subiriam pelas paredes com a notícia confirmada de uma transmissão alienígena sendo detectada, mas a maioria das pessoas têm preocupações mais imediatas.
Por isso acho fofo Jim Green dizer que “não estamos preparados” para detectar bactérias marcianas. Parafraseando o Ceticismo, fora cientistas e assemelhados, ninguém vai dar a menor bola mesmo que o próximo robô da NASA faça um close de uma minhoca marciana com três peitos.
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