Que o vício em redes sociais é real todo mundo já sabe, mas o que poucas pessoas sabem é que é possível ficar viciado em aplicativos de relacionamento. Afinal, quem nunca viu um conhecido arrastando fotos para direita ou para a esquerda freneticamente em meio a reunião de amigos, sala de aula ou até mesmo no trabalho. Mas este comportamento pode ser prejudicial para o usuário?
Um estudo realizado em 2019 por um grupo de pesquisadores da Universidade do Kansas tentou entender quais são os efeitos do uso exacerbado destes apps para o usuário. No fim do teste, os pesquisadores concluíram que as pessoas que utilizam os aplicativos de relacionamento podem ficar muito exigentes para escolher um parceiro. Segundo o estudo, a mente humana se acostuma a “julgar” uma pessoa pela aparência, fator que pode interferir em como enxergamos outras características, como carisma e bom humor, por exemplo.
E na hora H?
Segundo Carla Cecarello, sexóloga do site de encontros casuais C-date, o vício em apps de relacionamentos pode gerar grandes impactos na vida sexual do usuário. “Alguns problemas muito comuns são a perda de libido e a pouca vontade de estar com alguém pessoalmente”, conta. Ela explica que ao seu acostumar a conversar apenas por meio do aplicativo, o usuário tende a ficar desmotivado por encontrar características “diferentes” do que viu nas fotos, na descrição do perfil ou nas próprias conversas.
Além disso, Cecarello explica que a maioria dos usuários que acabam viciando em apps de relacionamento são os mais tímidos ou inseguros. “Geralmente são pessoas que não têm muita autoconfiança, seja na questão da personalidade ou de aparência; por isso, elas acabam se ‘escondendo’ atrás dos aplicativos”, afirma.
A maioria dos usuários que acabam viciando em apps de relacionamento são os mais tímidos ou inseguros, segundo especialista (Foto: reprodução)
Como identificar?
Mas é possível identificar sinais de uma pessoa que possivelmente está viciada em apps de relacionamentos? Segundo Antonia Hall, psicóloga especialista em relacionamentos e autora do livro Um Guia para uma Vida de Orgasmos Múltiplos, sim.
“Os algoritmos destes aplicativos foram desenvolvidos para manter o usuário na esperança de que uma possível correspondência aconteça, o que basicamente o torna semelhante a uma máquina caça-níquéis, oferecendo uma recompensa rápida por esforços contínuos”, diz ao portal Datazie. Ela explica como uma pessoa pode reconhecer o vício:
1. Está em um relacionamento e não consegue deletar o app
Imagine que o seu amigo diz que encontrou o perfil do seu parceiro (a) no Tinder, mesmo que vocês estejam juntos oficialmente há meses. Especialistas contam que este pode ser um grande sinal de que o parceiro é viciado em apps de relacionamento. Isso porque o usuário pode estar sempre à espera de um novo match ou de uma opção “melhor”.
2. Atrapalha a sua rotina
Se você perde o foco em atividades do cotidiano, como nas tarefas do trabalho, dos estudos ou até quando sai com os amigos por estar entrando muitas vezes no app, cuidado. Hall explica que é recomendado abrir o app apenas em momentos realmente vagos do dia.
3. Desiste de fazer algo para continuar usando o app
Deixar de sair para um happy hour depois do trabalho, por exemplo, só para passar mais tempo no app escolhendo um match pode ser um dos sinais mais óbvios. Quando isso acontecer, Hall recomenda: “Tente deixar seu perfil de lado por um dia; talvez você já tenha algo em sua vida, como os amigos ou um hobby, que pode lhe dar mais alegria do que um aplicativo.”, conta.
A especialista Cecarello, no entanto, explica que o uso das plataformas de paquera também podem ser benéficos. “Ao usar estes aplicativos de forma saudável, a pessoa pode aumentar o seu repertório sexual, melhorar questões de diálogo, trocar informações seguras sobre sexo e muitas outras coisas”, afirma.
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