Apesar de sabermos muito pouco sobre nossos oceanos, somos capazes de explorar o resto do Universo com a tecnologia disponível hoje em dia – mesmo que encaremos altas limitações. Imagine pensar que outros corpos celestes podem conter seus próprios mundos aquáticos! Em um novo estudo, cientistas descobriram a possibilidade de que expolanetas com vasta quantidade de água sejam mais comuns do que pensávamos – e quase todos eles estão aqui, na Via Láctea.
Não importa se o líquido se encontra na superfície ou abaixo dela; todos os objetos localizados foram catalogados. Exemplos próximos estão, inclusive, dentro do Sistema Solar. Encélado, sexta maior lua de Saturno, é um deles. Sob sua superfície congelada, há provavelmente uma grande extensão de água salgada – sendo que, em 2019, moléculas orgânicas vindas dela chegaram a nosso conhecimento.
Encélado, sexta maior lua de Saturno.Fonte: Reprodução
Para identificá-los, Lynnae Quick, cientista planetária da NASA, especialista em vulcanismo e mundos oceânicos e responsável pela pesquisa, e Aki Roberge, astrofísica e colaboradora, procuraram plumas aquosas lançadas ao espaço – as quais nada mais são que colunas de fluidos, como as criadas por foguetes em seus lançamentos. Normalmente, gêiseres são responsáveis pelo fenômeno.
“Tais erupções ocorrem em Europa [lua de Júpiter] e em Encélado, então podemos dizer que existem oceanos sob a superfície e que determinada energia pode movimentá-los. Esses são dois elementos para a formação da vida como a conhecemos”, afirma.
“Talvez sejam habitáveis e, se forem, pode haver versões maiores espalhadas por nosso sistema planetário.”
Lynnae Quick, cientista planetária da NASA e especialista em vulcanismo e mundos oceânicos.Fonte: Smithsonian Institution
Mais mundos além deste
As pesquisadoras envolvidas no projeto se dedicaram a analisar detalhadamente 53 exoplanetas com tamanhos similares ao da Terra, além de sete presentes no sistema TRAPPIST-1. Densidade, órbita, temperatura, massa e distância de suas estrelas também foram variáveis levadas em conta. Dos exemplares, cerca de 13 mostram grande potencial de conterem oceanos. Em sua maioria, o líquido se encontra abaixo de superfícies congeladas. A energia liberada pelas plumas de todos eles, por sua vez, parece ser muito maior que a de nossos vizinhos mais próximos.
“Suposições a partir de modelos matemáticos do tipo são apenas teorias interessantes”, explica a NASA, o que não muda o fato de que estudos posteriores podem ser mais bem direcionados se o objetivo for justamente procurar esses elementos com mais atenção em breve. Com a descoberta de Lynnae, medir o calor emitido pelos corpos celestes e identificar erupções vulcânicas ou criovulcânicas – aquelas que expelem vapores e líquido em vez de apenas rocha derretida – é uma possibilidade.
Como fazer isso? A partir da luz emitida por eles, mesmo com o filtro de suas atmosferas. Infelizmente, todos estão muito longe para obtermos mais detalhes, que são ainda mais ofuscados pelo brilho das estrelas orbitadas pelos corpos. Ainda assim, outras ações da agência, como o lançamento do telescópio espacial James Webb, marcado para 2021, podem nos aproximar de seus mistérios.
Aki Roberge, colaboradora do estudo.Fonte: NASA
Aki Roberge comenta: “Missões futuras que envolvam a procura por sinais de vida além do Sistema Solar são focadas em planetas como o nosso, que possuam uma biosfera global tão abundante que é capaz de alterar a química de toda a atmosfera”.
“Ainda assim, por aqui, longe do calor do Sol, luas congeladas com oceanos mostraram que têm os elementos que achamos serem essenciais à vida.” É, quem sabe?
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